quinta-feira, 3 de março de 2011

Mais uma vez Angola fica com o que os outros rejeitam


Quatro blindados que se destinavam à Polícia portuguesa são comprados pelo regime de Angola

O Governo Civil de Lisboa e a empresa Milícia, responsável pelo fornecimento de blindados à Polícia de Segurança Portuguesa, chegaram a acordo, no dia 17.02, para pagamento de duas das seis viaturas blindadas que estavam contratualizadas desde o ano passado. E este acordo, mais uma vez só foi possível pelo facto das autoridades de Angola estarem sempre prontas a compra tudo e todo o lixo rejeitado por Portugal. É a velha história de não se esquecerem os avós. Força governo e MPLA, pois desta forma existirão mais quatro blindados para disparar com os inocentes cidadãos que se quiserem manifestar ao abrigo da Constituição, mas que Dino Matross, avisou que vão apanhar e em Angola apanhar está mais para o lado de vais morrer, assassinado...

O fornecedor das viaturas prescinde de cinco mil euros, devido ao atraso de três dias na entrega do segundo carro, e desiste das providências cautelares interpostas no Tribunal Administrativo de Lisboa. Em contrapartida, fica livre para negociar, de imediato, os restantes quatro veículos que ainda se encontram no Canadá. Angola é o destino mais que provável. "Não foi o acordo desejado, mas foi o acordo possível. Gostávamos que os carros tivessem ficado em Portugal, porque vão fazer falta à PSP, mas acabou por prevalecer a vontade política e não a vontade da polícia", disse ao Público o responsável da empresa vendedora, António Amaro.
O gerente da Milícia disse ainda que as quatro viaturas blindadas que se encontram, há meses, retidas no aeroporto de Toronto (ficaram ali em consequência do cancelamento dos voos devido ao mau tempo) já podem ser negociadas com outros interessados. Os carros, ao que tudo parece indicar, serão vendidos para Angola. "É uma hipótese muito forte, apesar de haver outros interessados africanos", adiantou.
A venda de apenas dois dos seis carros inicialmente previstos "é mais um projecto inacabado para a polícia portuguesa", disse ainda António Amaro, lembrando que em situações anteriores também houve problemas com a negociação de armas e de outras viaturas. "Os responsáveis políticos ainda não compreenderam que a falta de uniformidade só acarreta problemas, sobretudo logísticos. No futuro, não havendo uniformidade de meios, haverá mais problemas por causa da manutenção."
Com o acordo obtido com o Governo Civil de Lisboa - foi este organismo quem disponibilizou para o MAI os cinco milhões de euros para compra de material para a PSP destinado à Cimeira da NATO, que teve lugar em Lisboa, em Novembro do ano passado -, a Milícia vai receber, pelos dois blindados que se encontram à guarda da Unidade Especial de Polícia, 331 mil euros mais IVA, o que perfaz cerca de 400 mil euros. A empresa acabou ainda por prescindir de cinco mil euros pelo facto de se ter atrasado três dias na entrega do segundo carro.

Acções retiradas
"O dinheiro dos dois blindados deve ser entregue nos próximos dias", adiantou ainda António Amaro, lembrando que continuar com as acções em tribunal implicava que ninguém pudesse utilizar os carros negociados, sendo previsível que o caso se viesse a arrastar "durante muitos anos".
O contrato para aquisição das seis viaturas (o custo total ultrapassava em pouco o milhão de euros) foi assinado a 15 de Novembro. Com os atrasos verificados nas entregas, o ministro português da Administração Interna, Rui Pereira, acabou por anunciar a desistência de quatro dos carros. Descontentes com a decisão governamental, os responsáveis da Milícia recorreram, em Janeiro deste ano, ao Tribunal Administrativo de Lisboa, interpondo uma providência cautelar que impedia as duas partes interessadas (Milícia e PSP) de obterem, respectivamente, o dinheiro e os blindados. Os veículos em causa permitem o transporte de três pessoas na cabina e mais uma equipa de oito no habitáculo traseiro. São carros capazes de resistir a determinado tipo de munições e ao fogo e que a polícia de segurança pública pretende utilizar, por exemplo, em intervenções em alguns bairros problemáticos ou para fazer o transporte, mais seguro, de algumas individualidades. Em Angola, seguramente vão ser utilizados contra quem se manifestar, segundo alerta das autoridades do partido no poder.
*F8

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