Sem oposição real, não há nenhum interesse em manter instituições democráticas em funcionamento, porque são de fingimento.
Triste desfecho o do povo angolano. Perecer, viver como as moscas e como elas incomodar.
Gil Gonçalves
Este é o nosso tempo momentâneo das fissuras do analfabeto chinês.
Quem depende de outros povos para trabalhar – até na agricultura (?) – nunca conseguirá a liberdade. Daí que Angola é o celeiro da miséria.
Isto já não é Angola, é uma coisa vazia, sem conteúdo.
Quem não lê livros, é escravo daqueles que os lêem.
Só um governo ilegal comete ilegalidades.
E as populações lamentam-se do desespero libertador, ainda mais opressor: «Mas os colonos não nos faziam isto!» quer dizer: libertar é o prolongar, o espoliar até nunca mais se fartar.
Monangambé
Naquele palácio presidencial grande bombeia-se petróleo a rodos
é a espoliação do meu corpo que o rega:
Naquele palácio presidencial grande tem diamantes
negros
são gotas sanguinolentas dos meus casebres espoliados.
O petróleo está sempre bombeado
armazenado, e eu, torturado,
vou ficar bem negro, negro da cor do petróleo contratado.
Negro da cor do petróleo contratado!
Perguntem às zungueiras e à tortura
do seu peregrinar,
e às ruas do triste serpentear
e ao vento fantasma dos campos ao abandono:
Até o dormir este governo nos proíbe. E quem é que vai às tongas abandonadas?
Quem escoa os produtos que intencionalmente
se deixam apodrecer nos campos?
Só carros de luxo, e onde pairam os cachos de dendém?
Quem rapina e em paga recebe milhões de dólares?
e nos paga desdém?
Até a fuba podre e o peixe podre nos espoliam,
Sobrevivemos dos andrajos importados
"milhares de casebres destruídos e porrada se refilares"?
Quem?
Quem faz o petróleo enegrecer
e o diamante florescer
- Quem?
Quem dá dinheiro para os corruptos comprarem
bancos, empresas, amantes, casas de milhões de dólares
e cabeças de pretos ao abandono nas tendas Zangadas?
Quem faz estes corruptos prosperarem,
Angola só para eles e prisões para nós?
- Quem?
Perguntem às zungueiras e à tortura
do seu peregrinar,
e às ruas do triste serpentear
e ao vento fantasma dos campos ao abandono:
- "Monangambééé..."
Ah! Deixem-me ao menos vender qualquer coisa na rua
para sobreviver
Deixem-me beber, beber até morrer
naquele palácio presidencial grande
negro da cor do petróleo contratado.
- "Monangambééé..."
Imagem: torredahistoriaiberica.blogspot.com
Lá diz o ditado português "atrás de mim virá, quem de mim bem fará". É irónico e cruel, mas pelos vistos em Angola, tal assim acontece.
ResponderExcluirEnfim, três décadas perdidas...mas um recuo de mais de um século!
E pelos vistos não dá mostras de parar.