O comentário que se segue sai um quanto atrasado pelo que nos auto-penitenciamos, embora as causas desse atraso sejam inteiramente alheias à nossa vontade por se tratar de uma singela espetada de ameaças de morte comunicadas reiteradas vezes por telefones e SMS aos gerentes e funcionários da gráfica que imprime o Folha 8, a executar caso ele saísse à rua no dia 5 de Março. Porém como se trata de uma crítica construtiva e por apreciarmos ao seu justo grau a competência das pessoas por ela visada, aí vai. Na semana antepassada, domingo, 27.02.11, assistimos a um Semana em Actualidade (o nosso pior momento de televisão, tirando todos os outros) deprimente.
Deprimente por termos visto um embrião de debate promissor, mas, infelizmente interrompido pelo jornalista João Pinto. Não é que tenha sido mal interrompido, não é isso, a nossa subjectiva depressão deve-se ao facto de não ter sido possível dar curso a uma… não diremos inédita, mas excepcional e notória oposição de opiniões entre os dois jornalistas tradicionalmente de serviço nessa emissão, Reginaldo Silva e Ismael Mateus. Por esta ocasião quase única de abrir um bom debate em público, ambos perderam a calma, começaram a interromper-se um ao outro e deram uma boa prova de não haver em Angola cultura para debates contraditórios, onde cada um dos analistas dá a sua opinião sem ser interrompido, ou pelo menos sê-lo muito poucas vezes, e responde só depois de o outro ter acabado de dissertar. Nada. Não foi possível, e só esperamos que da próxima vez tudo se passe de modo mais cordato. Para felicidade de todos os que lutam pela liberdade de expressão.
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