terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Presidente 31 anos sem errar. A visão deslocada de Eduardo dos Santos


Quando a Alemanha assinou em 1945 o armistício que dava por finda a Segunda Guerra Mundial, ninguém no mundo podia prever que nove anos mais tarde esse país desfeito em ruínas pelas bombas da Royal Air Force e pelas investidas destruidoras das infantarias americana, soviética, francesa e inglesa, se tivesse erguido das cinzas para se tornar, já nessa altura, uma das economias mais competitivas da velha Europa, tendo mesmo alcançado no ano de 1954, na Suíça, o título invejável de Campeão do Mundo de Futebol ao bater na final a maravilhosa equipa da Hungria com Puskas e Kocsis a terem de baixar a cabeça perante uma imperial Manschaft teutónica. Hoje a Alemanha é o mais poderoso país da União Europeia, uma das mais dinâmicas economias do mundo e onde toda a gente, salvo excepções, vive muito bem.
Note-se, no entanto, o lado mais espantoso da evolução da nação alemã, mais que a vivacidade da sua economia, é o resultado dessa vivacidade, num país que, das cinzas da guerra, voltou ao topo da hierarquia mundial em termos de qualidade de vida, ao mais alto nível, em muito menos de 15 anos.
Não queremos de modo algum comparar Angola à Alemanha, cada um desses dois países joga, como se diz na gíria, no seu campeonato, os teutões na opulência dos “Conquistadors”, Angola na luta pela sobrevivência das vítimas da “Conquista”. De um lado a atingir o topo de gama da tecnologia, do outro o topo da miséria.

Há 30 anos atrás , Dos Santos tornou-se presidente de Angola e Ronald Reagan estava na presidência dos EUA., Obama tinha 17 anos. Trinta anos depois, Dos Santos continua na presidência de Angola, o miúdo Obama chegou à presidência nos EUA, onde, entretanto, por lá passaram quatro homens de Estado, líderes, muito diferentes uns dos outros Reagan, Bush pai, Bill Clinton e Bush filho com 8 anos de mandato para os três últimos. Em Angola a mesma pessoa (José Eduardo dos Santos), já na idade da reforma, continua no poder e a tentar convencer os Angolanos que pode introduzir modelos de desenvolvimento no país.

É claro que, e temos de admitir como sendo legítimo, o chefe de Estado de Angola, José Eduardo dos Santos não estar contente com a lastimosa imagem que Angola apresenta aos olhares concupiscentes dos investidores estrangeiros (há tanto petróleo por aqui…). Na mais recente tomada de posse dos membros do governo o presidente desabafou, disse haver ministros que não parece estarem enquadrados, que não se adaptam aos sinais do tempo.
Não é preciso ser bruxo para ver tão resplandecente realidade!... Sim, mas o que é fantástico no nosso país é que o facto de o chefe dizer o que toda a gente vê há séculos, se transforma como que por milagre numa descoberta genial, dum homem genial que só tem ideias geniais. E assim toda a gente vai tentar descobrir quem são os tais dirigentes atrasados da molécula. Olhares obtusos viram-se hoje para os nossos destituídos ministro das Obras Públicas e Urbanismo, José Ferreira, e para a nossa ex-governadora “Xica” do Espírito Santo. Será que eles são tão atávicos como sugere o presidente Dos Santos? Estamos em crer que nem tanto assim. Basta olhar para quem proferiu o impropério.
Do seu longevo consulado podemos destacar para começar que o actual Presidente da República de Angola, nunca chegou a ser eleito democraticamente. O que vimos foi a ascensão fulgurante de um jovem militante do MPLA, levado para o poder de bandeja pelos seus mais velhos, instituído por força da conjuntura chefe supremo de um regime marxista-leninista, a ter que andar num cesto de ovos para conservar o poder e a consegui-lo, a ver que o solo se desmoronava e a mudar-se para democrata convicto em 1992, a organizar eleições completamente falhadas e a abrir as hostilidades em Luanda com a recusa das eleições por parte da UNITA, chegando a haver uma tentativa de massacre de toda a alta hierarquia do Galo Negro, partido rival, que levou a cabo uma guerra sangrenta. O governo usando de todos os seus trunfos, conseguiu parar a máquina guerreira dos Kwachas, com o apoio da comunidade internacional e logo, num alarde de grandes gestos humanistas levaram irremediavelmente o partido derrotado para a valeta de menos de 20 deputados entre mais de duzentos eleitos, e o círculo presidencial a vangloriar-se, pela voz concertada dos seus inúmeros cortesãos, de ser gestor exímio, garante da paz, instigador, orientador e mentor de uma das maiores economias de África e uma das mais dinâmicas do mundo.
A acreditar no que propagam aos azimutes os arautos do presidente Eduardo dos Santos ele certamente seria o único ser humano no mundo que nunca errou. Nem Jesus Cristo, filho de Deus, conseguiu este feito, mas adiante. Como dizia o Goebbles, ministro da propaganda do famigerdo ditador alermão Adolfo Hitler: “Mintam, mintam, alguma coisa há-de ficar”.
Quando Dos Santos fala em público, depois de ter falado, vêm a correr, dos bastidores do Palácio e do Kremlin, os lambe-botas, os cientistas de Estado a confirmar a sapiência do chefe, vêm os mais “Eduardistas” que Eduardo da arma em punho prontos a matar quem se meta no caminho do chefe… E matam mesmo, não é brincadeira.
Poder mais retardatário que este é difícil de encontrar. Talvez haja (infelizmente há), mas esses são outros quinhentos, não nos fazem mal nenhum. O que conta para nós é que em mais de dez anos de paz construiu-se uma sociedade a duas velocidade, uma a jacto, outra, de tipóia, mil jactos e 15 milhões de tipóias!
Sob o comando do guia, considerado, por muitos, o iluminado supremo, que nunca erra, continuamos a viver perto dos esgotos da humanidade entre os países onde a miséria prolifera como as ratazanas nos ditos cujos do mundo inteiro. Esperança de vida, mortalidade infantil, mortalidade materna, índice de pobreza, nível de serviços básicos dos mais baixos do mundo, e isso na economia que pretende ser das maiores de África e das mais dinâmicas do mundo!??... Estranho.
Exactamente, é estranho. Estranho porque em Angola continuamos a viver num “Faz-de conta” generalizado: o poder faz de conta que governa, a economia faz de conta que cresce (e até cresce, mas para menos de 10% da população) o povo faz de conta que está contente e a oposição faz de conta que se opõe ao MPLA. Que remédio! Com oitenta e dois por cento nas unhas, vais-te opor como? Os que o fazem são ameaçados na hora!

JES , o desenquadrado

José Eduardo dos Santos, presidente da República de Angola, há mais de trinta no poder sem nunca ser eleito, nunca no seu longevo consulado, por exemplo, dormiu dois dias numa província, se não Luanda. Por esta razão em muitos círculos é apontado, umas vezes justa outras injustamente, como responsável por toda a miséria galopante que medra por toda a parte no nosso país, sendo por isso, também, visto pela oposição como factor de instabilidade e desenquadrado face a realidade do país, sentado na poltrona da mais alta magistratura, um lugar para onde nenhum angolano livre o elegeu. Nesta base, foi transformado em ressuscitador de Constituições civilizacionistas do tipo colonial, como a actual de Angola em que as línguas angolanas, são considerads de cão, logo não têm estatuto para enquadrar o art.º 19, onde exclusivamente se passeia uma língua estrangeira a, língua portuguesa e a par disso ainda acolhe métodos de repressão que fariam Salazar, o ditador fascista português corar de vergonha. Enquadrado, o nosso camarada presidente!?, nunca mais!...
A sustentá-lo, multiplicam-se as acções de propaganda dos coadjuvantes, pagos a preço de ouro sob a tutela do MPLA, Partido histórico com responsabilidades acrescidas depois do golpe dos votos metidos nas urnas pela calada da noite, esse sim, impecavelmente executado. O partido dos camaradas, de facto, acusam os seus críticos, demonstra pela sua subserviência ao chefe, estar assolado por um permanente desnorte e ser refém de um só homem.
“O MPLA não governa é guarda-costas de um governo que não existe. A sociedade Angolana, sem a mais pequena réstia de escrúpulos, caiu na desgraça do Clientelismo, Nepotismo, Corrupção, Ignorância e Bajulação. As leis de Probabilidade, e Tolerância Zero são papéis para meter em frente dos olhos duma comunidade internacional rendida ao ouro negro, o sistema implementado pela administração Dos Santos é o resultado da mediocridade social (riqueza extrema / pobreza extrema), com o fraco desenvolvimento humano e oportunismo desabrido a cada vez mais ameaçar uma explosão social. Não estamos longe de Maputo”!, afirmou ao F8, o economista e politólogo, Patrício Sangueve.
Entretanto, JES, parece mergulhado na frustração de insucessos constantes, saltitando de bronca em bronca, cometidas pelos seus mais fiéis “Tulantes”, por isso bem lhe fica tentar limpar e promover esta imagem, coagindo académicos e figuras socialmente influentes a bajular a troco de oportunidades. Mas não é isso que traz aos angolanos enquadramentos e competências.
Como dizia o outro: “Para que o nosso país possa ter governantes enquadrados é preciso que o seu guia não seja desenquadrado e incompetente e tenha capacidade e humildade democrática, para ceder o lugar a outro angolano, competente e enquadrado. Quando uma equipa anda sempre desenquadrada quem vai para a rua? O treinador, claro! Por isso, a questão de Angola e dos angolanos, parece óbvia, isso é certo a 100%, vai melhorar e os autóctones agradecerão imenso”.
Em suma, a maioria dos autóctones estupefacta ficou sem saber a quem se dirigia a critica de José Eduardo dos Santos, na tomada de posse dos novos governantes, se a ele mesmo, constituindo um tiro nos pés, enquanto concentrador de todos os poderes, se o novo gabinete presidencial criado, sem um organigrama definido, tal é a sua elasticidade, quanto a criação de novos ministérios, secretárias de Estado e centralidades, obrigando a um aumento descontrolado das despesas financeiras em fase de crise. Vamos pois esperar até onde vai parar e quando esta procissão.

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