quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Educação e giz. Dia do professor destapa a hipocrisia do relacionamento entre o governo e o SINPROF


Se porventura havia dúvidas, só os mais distraídos continuarão pensando que o Governo ou mesmo o MPLA tem no SINPROF um parceiro. Se os próprios dirigentes sindicais se conformarem com o suposto bom senso do Ministro Pinda, arriscar-se-ão a perder credibilidade porque até o Ministro não foi tido nem achado no dia do Mestre-escola. Jicula ó messu SINPROF, pintem-se de amarelo ou vermelho, o preto estará sempre reservado, para borrar-vos do mapa desenhado pelos engraxadores.

MANUEL FERNANDO*

As causas colectivas não devem subordinar-se às individuais, só assim triunfam as grandes revoluções políticas, económicas ou sociológicas. Infelizmente os nossos sindicalistas, nos últimos tempos, esforçam-se por priorizar as boas relações com o patronato, eventualmente a troco de algumas benesses ou vinténs que beneficiam a cúpula do sindicato, em detrimento da génese do surgimento da organização. Foi assim que os trabalhadores do ensino superior viram o seu Secretário-geral do sindicato (SINPES) trair-lhes sem piedade, a troco de uma proposta de vice-decano de uma Universidade que quase funcionou debaixo de árvores, por falta de instalações. É a estirpe de sindicalistas que temos, nos dias que correm. Intelectuais medíocres porque movem-se contra o desenvolvimento. Certamente Carlinhos Zassala o primeiro em equivocar-se ao dar o testemunho sindical à pessoa errada, esteja remoendo-se de arrependimento.

Já era tempo do 22 de Novembro ser comemorado com mais espontaneidade e menos politiquices. Da mesma forma que penso que deveriam ter sido o Ministério da Educação e o Ministério do Ensino Superior a coordenarem as actividades relacionadas com o dia do professor e não os órgãos de informação panfletários. Será que os referidos Ministérios nada fizeram, ou por orientações superiores foram ‘aconselhados’ a não aparecerem?

Persiste uma teimosia visceral no governo ou no MPLA na escolha dos parceiros errados, esquecendo-se que tal procedimento hostiliza em primeira instância o partido que estes descerebrados ‘alicates’ aparentam defender. Dá a impressão de que o próprio MPLA pretenda dar de bandeja este aguerrido sindicato à oposição.

Necessitamos de políticos sábios e astutos para conciliarem as conveniências político-partidárias e as pessoais. É verdade de que o SINPROF perdeu parte do seu ‘arsenal belicista’ reivindicativo, mas o facto de serem marginalizados no dia nacional do professor, sendo a organização que de facto detém a maior representatividade de docentes do ensino geral, para não dizer a única, é como declarar guerra.

Motivos há para que este sindicato se levante das cinzas, onde em vão os tentaram sepultar. Já é tempo para aperceberem-se que as boas intenções do Ministro de tutela não são suficientes para coarctar as outras “boas” intenções do partido. As mesmas reivindicações de antanho continuam vivas; os directores nacionais que advogaram a morte do sindicato, com Burity, continuam professando a mesma doutrina com Pinda. Que esperanças terão estes sindicalistas relativamente à mudança. A mesma que tivemos quando se pensou que os mesmos dirigentes que apregoavam o comunismo poderiam fazê-lo bem no capitalismo; que os políticos que importaram a citação “a igreja é o ópio do povo”, pudessem trocar de opinião com o simples facto de serem vistos na igreja, nos últimos domingos, aí está, são os mesmos que com ferros impedem a Rádio Ecclésia de difundir para além das fronteiras de Luanda.

FANTASMAS NO DIA DO EDUCADOR

O gesto protagonizado na comemoração do dia do educador, ao fabricarem um falso representante dos professores, a coberto de uma falecida associação com a sigla APA, é no mínimo um desrespeito para com todos os professores de Angola, no seu próprio dia. Essa famigerada e nado morto com a sigla APA, na última campanha eleitoral associou-se a uma suposta empresa de nome TOTOCOTA com a finalidade de em nome do MPLA, prometer créditos automóveis que estes não chegaram a beneficiar. Consequentemente, muitos são os professores que em distintas províncias, estão sendo descontados os seus salários, pagando a dívida sobre a compra de uma viatura que nunca viram. Os professores não sabem onde recorrer, por suporem que o partido MPLA tenha mandatado os cidadãos de nome Kassoma e Julião Gerónimo a tal façanha. São estes burlados e desprotegidos professores que serão chamados em 2012, para servirem como cabos e delegados eleitorais do grande MPLA, os mesmos que quando mais precisam nem sindicato, nem partido, nem os deputados eleitos por eles se prestam para socorrê-los dos tentáculos dos muitos vigaristas que nascem em nome do maioritário com projectos pessoais impopulares.

Contactado o SINPROF sobre os nomes aludidos, informaram-nos que a direcção da extinta APA era integrada pelos senhores Leite Faria actualmente director no Ministério da Educação, Julião João Gerónimo suposto integrante da burla mencionada, António Eugénio Morais actualmente do SINPROF nacional e Inácio Gonga director da escola Ngola Kiluanji e membro do sindicato de professores patrocinado por Burity da Silva. Se a APA antes de extinguir-se os seus dirigentes não passaram qualquer testemunho, quem teve o desplante de fabricar um herdeiro para apresentá-lo na TPA? Pura hipocrisia! Ou terá sido algum responsável da FESA, visto que os seus escritórios foram construídos ou reconstruídos sob patrocínio da FESA, como atestam os letreiros das paredes exteriores.

Os professores que repudiaram o SINPROF por ter tido a iniciativa de apoiar o Programa eleitoral do MPLA, afinal estavam certos, esperamos que os seus dirigentes tenham assimilado a lição e que o menosprezo a que estão sendo expostos nos mídia públicos, lhes dê coragem para virem a público denunciar o fracasso do Programa que escudaram. Um verdadeiro sindicato não se deixa usar como instrumento eleitoralista, sob o risco de cair em descrédito e perder a sua massa associativa. O SINPROF deve trabalhar sem politiquices porque o Povo educado é consciente e sabe o que quer. A educação não é só para a população, mas também para os políticos, pois a maioria em ciências Políticas são verdadeiros analfabetos. Por isso, eduque-os a não mentirem sem limites, para que o mesmo eleitorado confie neles.

Hipocrisia política é também quando o Presidente da república aconselha para um melhoramento das relações com os sindicatos e os seus executores ignoram-no privilegiando farsantes, mas o sindicato mergulha na mesma escória quando não consegue desprender-se das paixões que lhe vão levando ao altar, de mãos dadas, com o actual Ministro, certamente na ‘capela’ construída pela UNTA-CS.

*manuelfernandof8@hotmail.com

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