sábado, 30 de julho de 2011

UNITA reúne em Setembro para analisar Congresso. SAMAKUVA NO DANÇA DO SAI OU FICA, MACULA A SUA IMAGEM POLÍTICA


A UNITA, por mais que os seus actuais dirigentes tentem escamotear, está a viver momentos de crise, por falta de visão estratégica da sua direcção. Desde que tomou posse, não tem sido possível congregar todas as franjas internas, resultantes das oposições a liderança de Isaías Samakuva.

E o toque para o despertar da companhia, deu-se quando no 22.07, terminou o prazo de Samakuva, acusado de resistir a mudança, adiando a convocação do congresso, logo preocupando os seus opositores de pretender liquidar politicamente a UNITA.
“Se em 2008, com a vergonhosa fraude, do MPLA, passamos de 70, para 16 deputados, em 2012, poderemos ter seis, face a postura perdedora do presidente Samakuva. Veja que o património que ele herdou, delapidou, tornado, também, do ponto de vista patrimonial o partido mais fraco”, disse ao F8, o militante A.Jeremias, que se identifica com a comissão de gestão.
No entanto, Alcides Sakala, porta-voz do Galo Negro, veio garantir uma reunião da sua comissão política em Setembro, para viabilizar a marcação do próximo congresso, tapando o sol com a peneira, quanto a existência de crise interna. "Dada a evolução da situação do país, com eleições previstas para 2012, o presidente Samakuva] defende a necessidade de se realizar o congresso tão logo seja ouvida a comissão política do partido, cuja reunião vai ter lugar em setembro", disse.
E aqui parece surgir outra contrariedade, pois a actual direcção condiciona a realização do conclave a criação de condições financeiras, posição condenada pelos insurgentes, que dizem estarem habituados a “provação e o jogo é Samakuva, querer imitar o Presidente Eduardo dos Santos, subvertendo as regras de jogo, sempre para se perpetuar no poder. Ele está a agir como um pequeno ditador, que instrumentaliza alguns comités provinciais, para não sair e assim poder afundar o partido”, argumentou.
Mas Alcides Sakala avança uma tese nova de o mandato de Isaías Samakuva “terminar este ano, melhor, vai de janeiro a Dezembro, por inexistência nos estatutos de uma indicação taxativamente quando se deve terminar o mandato", acrescentando ainda ser “o presidente o principal defensor da realização do congresso, mas que só o pode fazer depois de ouvir a comissão política.
Mas no crispar das posições com as declarações públicas e acusações mútuas, o auto-intitulado "Grupo de Reflexão", considera não ter Samakuva, condições para continuar no cargo, pelo que “se tiver vergonha ou honestidade intelectual, deve abandonar o cargo sem pré-condição, que o poder não ficará na rua".
Mas o porta-voz de Samakuva, não percebe, o que considera extremismo dos “outros maninhos, em exigirem a saída imediata do presidente. Não vemos razão para este debate agora, fora das estruturas do partido. Há uma direção eleita que vai levar o partido ao próximo congresso".
Mas a oposição considera “estar a direcção com manobras dilatórias, para nos adormecerem, enquanto vão ensaiando a fraude, comprando votos de alguns delegados províncias e então dizerem que as bases querem a sua continuidade, até a realização das eleições. Se isso acontecer será perigoso. Muito perigoso, para a UNITA, pois eles em desespero, já nos estão a agredir”.
E Sakala, aoproveita para negar ter sido, alguma vez, Icuma Muafumba, agredido durante uma reunião do Comité Permanente. "Não é verdade, ter sido por esta questão. Ele teve um desentendimento, com um colega e, nós, na altura, lamentamos e condenamos o incidente entre dois militantes do partido que teve lugar fora dos trabalhos da reunião. Na altura consideramos esta questão um caso de polícia e, no plano interno, o partido tem órgãos próprios para investigar e tomar medidas".
No entanto Jeremias, contraria o facto e alega, ter a pancadaria motivação de intolerância da parte dos bajuladores, que querem perpectuar-se no poder.
Pese estas divergências, a direcção considera ter conseguido controlar a situação e que a partir da reunião da comissão política em setembro haverá um quadro definido para o próximo congresso. "A UNITA tem tido visibilidade em quase todo o país nos últimos meses e há um crescimento devido aos militantes da UNITA, mas também há o sentimento de uma certa frustração perante as políticas do atual partido do poder. Há um sentimento de mudança que a UNITA vem protagonizando", sublinhou.

Guiné-Bissau. Partidos da oposição voltam a pedir ao PR que demita primeiro-ministro



Os dois principais partidos da oposição na Guiné-Bissau, o PRS e o PRID, voltaram a exortar o Presidente guineense, Malam Bacai Sanhá para que demita o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, uma posição rejeitada por outras forças também da oposição parlamentar.
O Presidente da Guiné-Bissau que recebeu no 26.07 os cinco partidos com assento no Parlamento do país, dois reafirmaram a sua intenção de ver o primeiro-ministro exonerado, enquanto o partido no poder e outras duas forças da oposição (o PND e a AD) defendem a manutenção de Carlos Gomes Júnior.
Em declarações aos jornalistas à saída de audiências separadas com o chefe de Estado guineense, o Partido da Renovação Social (PRS) e o Partido Republicano da Independência e Desenvolvimento (PRID) disseram que pediram a Malam Bacai Sanhá que demita Carlos Gomes Júnior.
“Por uma questão de higiene política, o Presidente deve demitir o primeiro-ministro”, afirmou Abdu Mané, do PRID, uma posição idêntica à assumida por Sori Djaló, presidente interino do PRS, do ex-presidente guineense, Kumba Ialá.
De acordo com Sori Djaló, os partidos da oposição disseram ao Presidente Bacai Sanhá que não vão parar com as manifestações de rua até que o primeiro-ministro seja demitido ou parta por sua iniciativa. “Ele tem que explicar os crimes pelos quais é acusado”, frisou Sori Djaló. Para o PRS e um grupo de partidos da oposição sem representação parlamentar o primeiro-ministro deve ser demitido para responder por crimes de sangue de que é alegadamente acusado de envolvimento.
Segundo os dois dirigentes políticos, o Presidente da República “compreendeu que as manifestações da oposição são um direito em democracia”, pelo que Bacai Sanhá não lhes pediu que parassem com as marchas. Embora sendo partidos da oposição, a Aliança Democrática (AD) e o Partido Nova Democracia (PND) não concordam com as exigências do resto da oposição. Vitor Mandinga, presidente da AD e Abas Djalo, do PND, defendem que a luta política deve ser no Parlamento e que o país não precisa de mais instabilidade.
Esta é também a posição defendida pela vice-presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder), Adiatu Nandigna.

Polémica entre PGR e Tribunal Militar sobre competência para investigar assassínios políticos

A Procuradoria-Geral da República e o Tribunal Superior Militar da Guiné-Bissau estão envolvidos numa acesa polémica sobre quem tem competência para investigar os assassínios de figuras políticas do país ocorridos em 2009.
De acordo com o procurador Cipriano Naguelin, coordenador do Ministério Publico para a região de Bissau e Biombo, as duas magistraturas, a civil e a militar, têm interpretações diferentes sobre quem realmente tem competência para investigar os assassínios, pelo que terá que ser agora o Supremo Tribunal de Justiça a decidir quem ficará com os processos.
Ainda segundo Naguelin, um juiz de instrução criminal declarou-se incompetente para apreciar os fundamentos apresentados pela Procuradoria-Geral da República nos processos de assassínios políticos, alegando tratar-se de matéria que deve ser tratada pelo Tribunal Militar.
“O Ministério Público nada pode fazer quando o juiz de instrução criminal se diz incompetente para apreciar os processos. O Ministério Público mais não fez que não seja remeter as investigações para o Tribunal Militar conforme recomenda o juiz de instrução criminal”, declarou Naguelin.
Esta tese foi rejeitada pelo presidente do Tribunal Superior Militar, Eduardo Costa Sanhá, para quem a sua instituição recebeu no 25.07 “uns papéis oriundos do Ministério Publico” relacionados com os assassínios dos deputados Hélder Proença e Baciro Dabó, mas que de pronto mandou devolver à procedência. “Tudo está nas mãos do Ministério Público. Não recebemos nada. Quero avisar que o Tribunal Militar apenas se poderia pronunciar sobre o julgamento destes casos, se tivesse sido ele a conduzir as investigações destes casos, o que não aconteceu”, disse o juiz Costa Sanhá.
“Volto a dizer, não sabíamos de nada relacionado com estes processos. Porque não podemos aceitar que os assassínios tenham acontecido há mais dois anos, as investigações estavam a ser feitas e só agora é que somos chamados aos processos. O que é que vamos fazer agora com estes processos?”, questionou o presidente do Tribunal Militar.
Para o coordenador do Ministério Público para as regiões de Bissau e Biombo, está-se perante a “denúncia de conflito negativo de competências” e, por se tratar de divergências entre agentes do Ministério Público civil e militar, então terá que ser o Supremo Tribunal de Justiça a decidir quem tem competências para investigar os assassínios políticos.

Cabo Verde/Presidenciais. Veiga exige a Neves que esclareça declarações sobre a morte de Cabral



O líder da oposição cabo-verdiana exigiu no 26.07 a José Maria Neves que explique, antes das presidenciais de 07 de Agosto, as declarações sobre a morte de Amílcar Cabral, considerando “muito graves” as palavras do seu homólogo do PAICV.
Carlos Veiga, líder do Movimento para a Democracia (MpD), falava aos jornalistas antes de embarcar para a ilha da Boavista, onde foi acompanhar a campanha do candidato apoiado pelos “ventoinhas”, Jorge Carlos Fonseca, e indicou que a explicação servirá para permitir que o povo ”possa votar em consciência”.
Há quatro dias, o presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) alertou num comício de Manuel Inocêncio Sousa, apoiado oficialmente pelo partido no poder desde 2001, que era preciso ter cuidado com os “intriguistas”.
Na ocasião, Neves disse que Amílcar Cabral, fundador do Partido Africano da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), foi assassinado (a 23 de janeiro de 1973) por dirigentes do PAIGC por causa de “intrigas de poder” e da “falta de respeito pelos valores”.
Mostrando-se “muito surpreendido” com as palavras do presidente do PAICV, que é também primeiro-ministro, Carlos Veiga afirmou não compreender o que as presidenciais têm a ver com a morte de Amílcar Cabral, assassinado em circunstâncias ainda por esclarecer.
“Fiquei muito surpreendido com as declarações, que considero muito graves e que contrariam toda a história da morte de Amílcar Cabral, que contraria o que tem sido vendido ao longo dos anos aos cabo-verdianos e também porque não se compreende o que é que isso tem a ver com as eleições presidenciais”, afirmou.
“Não sei se as declarações foram feitas porque algum dos candidatos esteve envolvido ou se é apoiado por alguém que esteve envolvido na morte de Cabral”, acrescentou, numa alusão à “guerra” entre os dirigentes do antigo partido único, divididos entre as candidaturas a Manuel Inocêncio Sousa, apoiado pelo PAICV, e Aristides Lima, da esfera dos “tambarinas”.
A imprensa cabo-verdiana está a associar as palavras de Neves à candidatura de Aristides Lima, implicitamente apoiado pelo presidente cessante, Pedro Pires, que, em última análise, é o destinatário das palavras do líder do PAICV, uma vez que o atual presidente de Cabo Verde era dirigente do então movimento de libertação.
“Estamos num momento bastante importante, num momento de decisão para a escolha de um Presidente e não podem ficar dúvidas. É algo muito grave, que tem de ser esclarecido de forma cabal antes das eleições, para que o voto do povo seja feito em consciência e com o conhecimento total que é preciso ter”, disse Carlos Veiga. Para o presidente “ventoinha”, as palavras do líder do PAICV são sinónimos de que as coisas “não estão muito bem” no partido. Também isto tem de ficar muito claro para a sociedade cabo-verdiana, para que não estejamos a comprar gato por lebre”, afirmou, lembrando que Neves “já saiu impune” quando, há uns anos, acusou o MpD de ligações aos cartéis da droga.
“O que é que quis dizer? O que é que tem a ver com os atores das presidenciais? Na candidatura de Jorge Carlos Fonseca não há ninguém que tenha participado no assassinato de Cabral. Éramos todos muito pequeninos, muito jovens. Nas outras candidaturas não sei”, concluiu.

Campanha conhece endurecimento dos discursos
O tom da campanha das presidenciais de 07 de agosto em Cabo Verde endureceu, com a entrada em cena de acusações políticas que, curiosamente, envolvem apenas os dois candidatos da esfera do partido no poder, PAICV.
Num comício de apoio a Manuel Inocêncio Sousa, candidato apoiado pelo PAICV, Neves disse que era preciso ter cuidado com os “intriguistas”, sublinhando que Cabral, fundador do então movimento de libertação (criado em 1956) foi assassinado por dirigentes do PAIGC devido a intrigas de poder e à falta de respeito pelos valores.
A alusão é óbvia, assume a imprensa cabo-verdiana, dirigindo as “graves acusações”, em última instância, a Pedro Pires, que está por trás da candidatura de Aristides Lima, arrastando consigo a “velha guarda” do PAICV para combater os “jovens turcos” do partido.
A questão de fundo, além da divisão no seio do PAICV, é muito mais profunda. Em causa está o futuro do líder do próprio PAICV, que chefia o Governo desde 2001, uma vez que uma derrota de Inocêncio Sousa nas presidenciais o porá em causa, seis meses depois de vencer, com maioria absoluta, as legislativas.
Aliás, o “tudo por tudo” do PAICV para descredibilizar Aristides Lima está patente no comunicado que o partido divulgou a 22 deste mês, em que alerta que uma fragilização de Neves o levaria a deixar a liderança partidária e, consequentemente, a chefia do Governo, “com graves consequências para o país”.
Aristides Lima, que tem andado em campanha pelas ilhas do norte do arquipélago – Santo Antão, São Vicente e São Nicolau, ainda nada respondeu, mesmo quando solicitado pelos jornalistas, optando por continuar a apelar ao voto na sua candidatura.

África do Sul. Homem acordou depois de 21 horas em câmara frigorífica de morgue


Um homem acordou depois de ter passado 21 horas numa câmara frigorífica de uma morgue na África do Sul e quando a família o dava como morto há cerca de um dia.
O porta-voz das autoridades de Saúde de África do Sul, Sizwe Kupelo, informou no dia 25.07 que um homem com cerca de 80 anos acordou na tarde do 24.07 numa morgue, 21 horas depois de a família o ter dado como morto e de ter sido levado para o local após ter sofrido um ataque de asma.
“Quando chegou à morgue, o seu corpo foi examinado, medida a sua eventual pulsação e batimentos cardíacos, mas não obtivemos resultados”, explicou o proprietário da morgue em declarações à Associated Press ao salientar ter sido confirmada a morte do idoso.
Mas um dia depois de os funcionários da morgue terem colocado o corpo numa câmara frigorífica foram ouvidos gritos de ajuda: “Pensavam que era um fantasma”, explicou o proprietário da morgue.
“Não quis acreditar, mas são meus funcionários e tive de mostrar-lhes que não estava assustado e chamei a polícia”, acrescentou.
Quando a polícia chegou, o corpo foi retirado da câmara frigorífica e o homem, que estava pálido, perguntou apenas como tinha ido ali parar.
O idoso foi depois transportado para o hospital para observação e já teve alta.
O caso levou as autoridades de Saúde da África do Sul a exortarem a população a chamarem funcionários dos serviços de Saúde do país para confirmarem a morte dos seus familiares.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

OS ÚLTIMOS DIAS DE LUANDA-POMPEIA


Gil Gonçalves
Sem hábitos de leitura não é possível formar… não existe povo, nunca existirá nação angolana.
«Os terríveis últimos momentos de uma cidade, apanhada na armadilha mortal de um vulcão. A 24 de Agosto do ano de 79 d.C., a cidade de Pompeia conheceu o seu fim devastador, quando o poderoso Vesúvio entrou em erupção, inundando os seus habitantes com pedras, cinza e fumo.
Alguns conseguiram escapar, mas os que permaneceram foram sepultados para sempre ao cair.» (1)
Manos e manas! Não sabem rezar? Então é bom que aprendam. Rezemos pois então para que não nos invada também a religião do chicote e da pedra. A exterminação das abelhas pela BAYER, que factura biliões com os seus agrotóxicos, e mata biliões de abelhas. Já viram o que é vivermos sem abelhas?!. Acaba a polinização das plantas, e lá se vão os nossos quiabos e a nossa jimboa. O mano Gbagbo perdeu as eleições, e até agora está cheio de truques para ganhar tempo. Não quer entregar o poder ao mano democrata Ouattara. E os nossos Gbagbos estão bem chateados porque o seu amigo sincero, de longa data, da coexistência pacífica, grande amigo do povo angolano, o garante da estabilidade, está a levar a Costa do Marfim para a Costa do Ferro e do Fogo. Que por este cirandar não tarda muito, não. Por aqui os nossos do Politburo estão muito atentos, porque esta nossa Costa é também a cópia perfeita da outra. Quer dizer, não são mais países, são democracias empresariais. É isso que querem fazer da África só para eles, países-presidentes-empresários.
«Em África andamos ao sabor de golpes de estado palacianos, manipulações eleitorais orientadas e assessoradas por brasileiros, franceses, portugueses, ingleses, financiadas pela China, África do Sul, Itália. Na procura de acesso privilegiado aos recursos naturais de África o que há muito já se fazia, eles se tornaram na moeda de troca de políticos pouco escrupulosos deste continente flagelado por guerras e doenças.» (2)
Entretanto, quais são os gastos mensais de cada ministério e órgãos da Presidência da República? Nunca o saberemos. Enquanto caminhamos assim, no muito secreto, também nunca seremos nação. Mas apenas como um lar muito desorganizado, onde impera a anarquia. Entretanto, o álcool, a feitiçaria e as seitas religiosas despedaçam Angola, tornam-se como consumo obrigatório, ou como os já citados agrotóxicos. As famílias, principais células de uma nação, simplesmente não existem, desapareceram. Para onde? Ninguém sabe. Talvez para um episódio dos XFILES. Pode-se afirmar, que já não se sabe qual é a função dos pais e dos filhos. Continuando neste rumo incerto, decerto não sobreviveremos à hecatombe. Angola está moribunda, pronta para o seu óbito.
«Assim e para satisfazer os seus apetites sempre crescentes, retalham e vendem os recursos naturais de seus países sem olhar para a legislação nacional nem para o conceito básico de que os países pertencem aos seus povos integralmente.» (3)
E a chuva fomenta o trabalho que lhe compete: obedecendo à Natureza, limpa, varre, e arrasta as más obras dos especuladores imobiliários, claro, que os maus filhos dos homens fizeram debaixo do sol, como no Eclesiastes. Mata inocentes abandonados pela caixa social do petróleo e o lixo desumano. A questão é: Serão as mesmas empresas de sempre a executarem as mesmas obras para mwangole ver? Para tudo ficar pior que antes? Sabemos de antemão, todos nós, que tudo não passa de um estratagema, de uma brutal negociata. Não são canteiros de obras, são canteiros dos desvios do erário público. De qualquer modo resta-lhes o mérito final da desintegração de Luanda-Pompeia. É muito preocupante notar que não se leva ninguém a tribunal, e os fiscais apenas perseguem as zungueiras, e os tubarões vão-nos devorando, protegidos pela injustiça da expectativa dos vulcões adormecidos, mas que a qualquer momento entrarão em ebulição.
«Os famosos e ricos tem o seu lugar garantido neste mundo mas não pode ser à custa de sugarem o sangue de milhões de crianças.» (4)
E o fundamentalismo islâmico ronda-nos, aperta-nos, cerca-nos como uma tenaz, dessas dos estrategas militares, para lançar as suas garras sobre Angola. A China envia-nos mão-de-obra escrava que deveria ser utilizada na formação do angolano. Mas não, é ao contrário. A mão-de-obra chinesa é mais atrasada que a dos mwangoles. Entretanto, nos outros países, os fundamentalistas islâmicos dizimam os cristãos. Mas que futuro perturbador nos está reservado. É só terror que os fazendeiros da morte semeiam. Os cadáveres humanos são o adubo na terra sangrenta. Pretende-se pura e simplesmente a destruição da civilização ocidental pelas ondas do tsunami fundamentalista islâmico.
A nossa jangada navega em águas putrefactas, infestadas de crocodilos e serpentes que nos dilaceram, nos devoram. E por esta Luanda só se vê tristeza e desolação, e diariamente tudo se complica sem solução. Já ninguém acredita em ninguém. É o tempo do chorar das lágrimas sob o olhar silencioso, matreiro, malicioso, hipócrita e cúmplice da Santa Madre Igreja, que bebe do mesmo cálice consagrado do petróleo. Não há nenhuma sobra de Angola para nós?!
É possível conceber um país, onde as mulheres conseguiram ultrapassar os homens na grande marcha gloriosa do alcoolismo? Não há aqui uma bizarra intenção por trás disto? Porque não se acabam desde já com as publicidades-apelos ao consumo do álcool? É um bom negócio do lucro fácil, não é?! Por todo o lado só se vê a venda e a ingestão desalmada de etanol. Por exemplo: a prostituição, sua aliada sincera, felicita-se perante tal multidão de adeptas, num futuro também prostituído. Perante quase total desemprego, só o há para a invasão estrangeira, que se fará quando o vulcão da xenofobia eclodir?
«A elite política internacional tem de entender que jamais poderá derrotar o terrorismo eleito ponto principal da agenda enquanto não houver participação integral de países como a Rússia e a China.» (5)
E a Lwena recordando os tempos: no tempo dos brancos a luz e a água nunca faltavam. Agora que somos independentes não temos nada dessas coisas, porquê?!
É como que uma revelação divina, o despertar com a luz solar, ouvir o esvoaçar e ver o verdejar, na podridão conjuntural que ainda insiste, e resiste. Perante tanta destruição infundada ainda há políticos que nos garantem bem-estar e harmonia social. E sentimos a vida encurtar-se sem remissão, sempre na sonoridade das mesmas palavras sem sentido.
Continuamos sem sabermos para onde nos empurram, porque perante tanta sensaboria cada vez mais nos encostam ao abismo do ir e não regressar. Há muita velocidade na destruição de tudo o que nos cerca, e muita lentidão no futuro das nossas vidas. Até a esperança e o amor nos destruíram.
Ainda uma réstia de luz ecoava nesta floresta, mas, os especuladores imobiliários não compreendiam o porquê do equilíbrio que pairava ancestral. E desequilibraram, arrancaram, devastaram tudo, nem uma árvore sobrou e importaram palmeiras a fingir que a miséria por aqui ainda se mantêm tropical. E plantaram árvores e luz de betão. E ficaram muito felizes. Quando não mais os nossos olhos não repousarem no verde vegetal, então podemos dizer: adeus minha terra e minha Angola amadas.
E ficamos na irreversibilidade dos nossos anos, nos lamentos do tempo perdido. Se voltasse atrás não cometeria tal erro, costumamos dizer. Mas voltando e o erro reparado, verificamos que continuamos presos do tempo dos erros. Errar é humano? Não! Errar é dos idiotas! Envelhecemos, mas contudo o espírito dos esclarecidos cada vez mais se rejuvenesce. Ficamos como que estáticos nas celas deste tempo que nos impõem, a vê-lo passar tão irremediavelmente. Todavia, o tempo permanece, alguns de nós não são esquecidos, mas a maioria é como se nunca existisse, e jamais serão lembrados.
São muitos os caminhos da vida mas desconhecemos qual deles seguir. Normalmente seguimos o errado. Decidimos escolher outro, e outro, e verificamos que continuamos há mais de trina e cinco anos no rumo errado. Até que finalmente aprendemos, e depois de nos libertarmos dos contrários, descobrimos o caminho certo. É aqui que atingimos o cume da Verdade, os momentos derradeiros, o êxtase no fim da nossa vida. Creio que é isto o que se chama viver.
República de Angola, ou república da Sonangol? Luanda, construa agora, que a chuva depois destrói. Na periferia de Luanda já quase nada resta… já está tudo destruído, sobra apenas o asfalto colonial. Nunca se viu tanta incursão, uma vontade férrea, indómita de destruição. Nos canteiros das obras do Inferno, quem fomenta miséria colhe revolta. E os nossos bajuladores analistas económicos da nossa praça são unânimes em que o aumento do preço do petróleo é muito bom para a economia angolana. Eis a salutar sapiência, o exemplo dos nossos superdotados.
Não sei como é possível a felicidade depois de mortos nos reinos dos céus. E que devem lá morar para aí uns triliões, nunca ninguém os contou, não é?!, ou muitas mais almas. Com tanta gente lá no Céu, afinal um Inferno demográfico, não é possível com toda a certeza lá viver em paz. É um gigantesco engarrafamento de trânsito humano, decerto a imitar Luanda.
Angola é um país democrático, tem um governo e instituições democráticas, mas ninguém se pode manifestar. Quem o tentar – a legalidade democrática decretada diz que só se aceitam manifestações de movimentos espontâneos e dos comités de especialidade – denunciando alguma figura pública, marchando contra a corrupção, ou qualquer incontável injustiça, o caminho, o rumo da nova vida certa que o aguarda é a prisão. Ainda há por aqui e por aí, governantes que instituem a ditadura democrática do proletariado, convictos de que esse sistema político é o adequado para estes tempos novos de uma nova vida. Há países produtores de petróleo que sustentam adequadamente as suas economias e as suas populações. Em Angola é ao contrário, o petróleo tudo complica e muita miséria fabrica. Parece-se mais com uma democracia à Talibã.
Luanda é mais um império da miséria que se edifica. Isto parece mais o tempo dos piratas das Caraíbas, da Tortuga e demais refúgios. É a pirataria democrática. Nunca esta miséria de filosofia teve tantos adeptos, como nestes momentos tão adequados. E o campeonato da destruição prossegue. Mas para quê continuar a nos governar, se água e luz, nada, não nos conseguem dar? E prendem quem quer que seja, em qualquer momento, de dia ou de noite, impõem, são o terror. Continuamos como que a viver debaixo de um regime militarizado, e assim as coisas não andam, não funcionam. E enquanto este estado de coisas se mantiver, não haverá futuro para ninguém. Apenas os detentores das riquezas petrolíferas não terão razão de queixa. Os restantes, a grande maioria, os milhões, perecerão nas celas da selva da morte.
Quando o sol do entardecer se extingue nasce outro mar. As ondas como que desaparecem, se escondem da nossa visão, mas o seu som permanece triunfante. Parece funcionar sempre do mesmo modo, mas não, está em contínua revolução. Toda a Natureza muda, e nós insistimos na sua e na nossa destruição. Entretanto, um fim de tempo aproxima-se velozmente e outro se comemora.
Tantos anos passados e não recordados, para sempre perdidos na bruma do tempo. Como uma profusão de jovens folhas verdes que rapidamente amarelecem, e nos abandonam, deixam a nossa companhia. Amar é desejar a memória do tempo perdido. E um só amor é mais valioso do que todos os outros que procuramos e não encontramos.
Na nossa monotonia há muitos anos quebrada, reflectimos que vamos envelhecendo, enquanto o passado aumenta inexorável, o nosso futuro encurta-se. Creio que é esta a sensação dos anos perdidos e lembrados de quando em vez. República de Angola, ou República da Sonangol? Luanda, construa agora, que a chuva depois destrói
«É quase Natal e 2011 já bate a porta. A vergonha em África e Moçambique em particular é que a maioria não tem nada para celebrar. A fome vai caracterizar as suas mesas se é que mesas possuem.» (6)
(1) www.dvdpt.com/p/pompeia_o_ultimo_dia.php
(2), (3), (4), (5), (6) canalmoz

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Polícia do regime colonial angolano prende dezenas de jovens na colónia de Cabinda


Forças policiais do regime colonial angolano prenderam 30 activistas que pretendiam conversar com a delegação da União Europeia que visitava a colónia de Cabinda. Nove jovens foram detidos por, pois claro!, atentado contra segurança do Estado.

Segundo o jornal português “i”, um dos poucos meios de comunicação social que ainda faz jornalismo, a delegação da União Europeia pretendia averiguar das condições em Cabinda, cinco anos passados sobre a assinatura do Memorando de Entendimento para a Paz entre alguns (supostos) independentistas e o governo colonial angolano.

“Aproveitando a presença da delegação - que foi recebida com água e luz, coisa que no território não existia há seis meses e foi restabelecida exactamente no dia de chegada dos representantes da UE -, 30 jovens acabaram por ser detidos pelas forças policiais”, disse ao “i“José Marcos Mavungo, activista dos direitos humanos.

Desses 30, nove acabaram por ficar detidos na 1ª Esquadra de Polícia de Cabinda e, de acordo com o advogado José Manuel Gindi, o Ministério Público remeteu ontem o processo para o tribunal da comarca.

Os nove estão, o que aliás é sempre o método e a justificação oficial do regime colonial, indiciados pela prática de crimes contra a segurança do Estado sendo – como é óbvio pelas regras do MPLA – culpados até prova em contrário.

Nos confrontos com o contingente das forças policiais, dois dos jovens ficaram feridos, um deles, André Vítor Gomes, está em estado grave, adiantou ainda José Marcos Mavungo, antigo vice-presidente da ilegalizada Associação Cívica Mpalabanda.

Registe-se que, segundo o Notícias Lusófonas, a vice-governadora da colónia de Cabinda, Aldina da Lomba, disse desconhecer o incidente.

"Nós não temos água nem luz em Cabinda há seis meses e as autoridades restabeleceram a luz e a água para mostrar à delegação da UE que tudo está bem", explicou Mavungo, justificando assim a atitude dos jovens que tentaram manifestar-se para fazer ouvir a sua voz.

Os incidentes aconteceram no exterior do orfanato da Obra Betânia em Cabinda, levando a que quatro crianças tivessem desmaiado com medo, adiantou Mavungo. Nessa altura, a delegação estava reunida com líderes religiosos.

A nova lei de crimes contra a segurança do Estado, que substituiu a anterior, que datava do tempo do partido único em Angola, foi aprovada pela Assembleia Nacional a 4 de Novembro do ano passado e tem sido fortemente contestada por activistas dos direitos humanos por limitar a liberdade de expressão.

Entretanto, Portugal - a potência que assinou acordos de protectorado com Cabinda, ainda válidos à luz do direito internacional – continua em silêncio, de cócoras e a aguardar as superiores ordens que sobre o assunto serão ditadas pelo regime angolano.

Acresce que Angola tem a garantia de Lisboa (ao que tudo indica corroborada pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, na sua recente visita a Luanda) de que Portugal não vai imiscuir-se na questão de Cabinda, “até porque o próprio presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, afirma que Angola vai de Cabinda ao Cunene”.

Queiram ou não os donos de Portugal, do ponto de vista de um Estado de Direito (que Portugal é cada vez menos) é importante dizer-se que este reino lusitano não só não honrou a palavra dada ao Povo de Cabinda (também, eu sei, não honra a dada aos próprios portugueses) como aviltou a assinatura dos seus antepassados que, esses sim, com sangue, suor e lágrimas deram luz ao mundo.

Portugal não só violou o Tratado de Simulambuco de 1 de Fevereiro 1885 como, pelos Acordos de Alvor, ultrajou o povo de Cabinda, sendo por isso responsável, pelo menos moral (se é que isso tem algum significado), por tudo quanto se passa no território, seu protectorado, ocupado por Angola.

É verdade que entre o petróleo, grande parte dele produzido em Cabinda, e os direitos humanos dos angolanos e dos cabindas, Portugal (quase) sempre escolheu o lado do ouro negro.

Também é verdade que entre dois tipos de terrorismo, Portugal tem como bitola que um deles deve ser considerado de boa qualidade. E qual é ele? É sempre o que estiver no poder. De má qualidade é, claro está, praticado por todos aqueles que apenas querem que se respeite os seus mais sublimes direitos.

Portugal, honrando a alta qualidade dos seus médicos, optou por ter uma coluna vertebral amovível. Tem coluna quando é para espezinhar os fracos, não a tem quando os outros são, ou parecem ser, mais fortes. No caso de Cabinda é isso que se passa. Mas, apesar de tudo, o problema de Cabinda existe e não é por pouco se falar dele que ele deixa de existir.

Cabinda é um território ocupado por Angola e nem o potência ocupante como a que o administrou pensaram, ou pensam, em fazer um referendo para saber o que os cabindas querem. Seja como for, o direito de escolha do povo não prescreve, não pode prescrever, mesmo quando o importante é apenas o petróleo.

Para que Cabinda deixasse se ser um problema, os sucessivos governos portugueses varreram o assunto para debaixo do tapete. E debaixo do tapete é tanta a porcaria que quando alguém coloca o país ao nível do lixo… até parece uma bênção.

Texto publicado hoje no http://altohama.blogspot.com/

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Orlando Castro
Jornalista (CP 925)
A força da razão acima da razão da força
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quarta-feira, 27 de julho de 2011

A “Consagrada Família”


O Presidente da República, Eng.º José Eduardo dos Santos, orientou, na sequência de uma proposta avançada por um (ou uma) anónimo/a – anónimo/a para o restante povo, para ele não -, a criação de uma espécie de comissão atípica com a designação de Grupo de Revitalização e Execução da Comunicação Institucional da Administração (GRECIA), com missão de prestar contas ao ministro de Estado e Chefe da Casa Civil, Carlos Feijó. Na prática, porém, segundo parece, quem põe e dispõe é um coordenador, Sérgio Neto, actual director executivo da Semba Comunicação, e este, por sua vez, não teve dificuldade nenhuma em subcontratar a empresa que ele próprio gere, a dita Semba, a dos filhotes do PR, como entidade a quem foram delegadas competências para fazer, em geral, a gestão da imagem do governo da República de Angola, numa harmoniosa parceria, vai de si, firmada com a Presidência. Ficou, portanto, tudo em família e assim é que está bem. Nesta empreitada tipo pára-brisas a eventuais nocivas lufadas de ar fresco, com tendências constantes de oxidar a imagem do PR, já foram contratados consultores estrangeiros que auferem um ordenado de 10 mil dólares, sem contar subsídios diversos, enquanto os consultores nacionais recebem por mês o correspondente a 5 mil dólares americanos. Dada a opulência dos emolumentos a diferença nem se vê, apesar de serem de algum modo humilhantes. São belíssimas “fezadas” para os felizes optados de cá, ou seja, Victor Fernandes da revista Expansão, os jornalistas Alexandre Cosse e Benedito Joaquim, trânsfugas da Rádio Ecclesia, Rui de Castro, ligado pelo coração e porta-moedas ao MPLA, sem esquecer o inefável Belarmino VanDúnen, esse espectacular “Yes man” que um dia, no Semana em Actualidades, tentou propagar a ideia de que os cadernos eleitorais eram folhetos descartáveis, quer dizer, ali temos mais um democrata de mão-cheia! Quando dizíamos que a campanha eleitoral tinha começado, eis uma prova suplementar, em forma de rectificação das alegadas calinadas cometidas por Mena Abrantes (ler nesta página, Patinagem presidencial).

Patinagem Presidencial
É verdade, custa dizê-lo, esta jogada da GRECIA, preparada no campo de treinos do Futungo, teve como doloso resultado um brioso e fidedigno vencido com o esvaziamento de competências do Secretário para a Comunicação Institucional da Presidência da República, Mena Abrantes. É que, para salvaguardar a eficácia que o progresso se esforça por instaurar em Angola, no sentido de aumentar a sacrossanta competitividade das economias modernas, a amarga decisão impôs-se como um retroviral perante o facto consumado de as gafes de JES terem infectado de modo irreversível a reputação desse ilustre dramaturgo, encarregado e responsável pelo velório dos ditos, dos não ditos (a maka do autismo executante), do dito por não dito e doutros contraditos de JES.

Quando o lixo é uma bênção…


Para não enfrentar os problemas, Portugal varre-os para debaixo do tapete. E é tanta a porcaria que lá está que quando alguém coloca o país ao nível do lixo… até parece uma bênção.

ORLANDO CASTRO

O primeiro-secretário da embaixada de Portugal em Angola, Paulo Lourenço, diz que a visita dos embaixadores dos países membros da União Europeia acreditados em Angola a Cabinda é importante para a comunidade europeia porque vai permitir uma avaliação mais rigorosa e objectiva das circunstâncias no terreno.
Em entrevista a um dos muitos meios de propaganda do regime, no caso à Angop, o diplomata ajudou mais uma vez, e certamente cumprindo as ordens do governo de Lisboa, a branquear a negra situação, sobretudo mas não só em matéria de liberdades e direitos humanos, que se vive na colónia de Cabinda.
Mas se do regime angolano (MPLA) é de esperar tudo, de Portugal esperar-se-ia algo de diferente, algum decoro e equidistância, mesmo sabendo-se que a corda no pescoço raramente permite actos decentes e nobres.
Mas a verdade é que Portugal, mesmo antes de estar no patamar do lixo, nunca se lembrou (para isso é preciso ter dignidade, honra e memória) dos compromissos que assinou, a não se com “troika” e mesmo assim não se tem a certeza de que amanhã se vão lembrar.
Mas, queiram ou não, do ponto de vista de um Estado de Direito (que Portugal é cada vez menos) é importante dizer-se que este reino lusitano não só não honrou a palavra dada ao Povo de Cabinda (também, eu sei, não honra a dada aos próprios portugueses) como aviltou a assinatura dos seus antepassados que, esses sim, com sangue, suor e lágrimas deram luz ao mundo.
Portugal não só violou o Tratado de Simulambuco de 1 de Fevereiro 1885 como, pelos Acordos de Alvor, ultrajou o povo de Cabinda, sendo por isso responsável, pelo menos moral (se é que isso tem algum significado), por tudo quanto se passa no território, seu protectorado, ocupado por Angola.
Quando o presidente da República de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, diz que Angola vai de Cabinda ao Cunene está, também ele, a dar cobertura e a ser conivente com as violações que o regime angolano leva a efeito contra um povo que apenas quer ter o direito de escolher o seu futuro.
É verdade que entre o petróleo, grande parte dele produzido em Cabinda, e os direitos humanos dos angolanos e dos cabindas, Portugal (quase) sempre escolheu o lado do ouro negro.
Também é verdade que entre dois tipos de terrorismo, Portugal tem como bitola que um deles deve ser considerado de boa qualidade. E qual é ele? É sempre o que estiver no poder.
De má qualidade é, claro está, praticado por todos aqueles que apenas querem que se respeite os seus mais sublimes direitos.
Portugal, honrando a alta qualidade dos seus médicos, optou por ter uma coluna vertebral amovível. Tem coluna quando é para espezinhar os fracos, não a tem quando os outros são, ou parecem ser, mais fortes. No caso de Cabinda é isso que se passa. Mas, apesar de tudo, o problema de Cabinda existe e não é por pouco se falar dele que ele deixa de existir.
Cabinda é um território ocupado por Angola e nem o potência ocupante como a que o administrou pensaram, ou pensam, em fazer um referendo para saber o que os cabindas querem. Seja como for, o direito de escolha do povo não prescreve, não pode prescrever, mesmo quando o importante é apenas o petróleo.
Cabinda (se é que Paulo Portas e os restantes membros do governo sabem alguma coisa sobre o assunto) é um problema político e não jurídico, embora tenha uma dimensão jurídica.
Para que Cabinda deixasse se ser um problema, os sucessivos governos portugueses varreram o assunto para debaixo do tapete. E debaixo do tapete é tanta a porcaria que quando alguém coloca o país ao nível do lixo… até parece uma bênção.

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Orlando Castro
Jornalista (CP 925)
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terça-feira, 26 de julho de 2011

A Tolerância Três (milhões) da Sonangol


Segundo o que foi noticiado por um respeitado confrade de imprensa, a anterior direcção da Federação Angolana de Futebol (FAF) presidida por Justino Fernandes, encontrava-se pura e simplesmente em estado de não pagamento de dívidas, quer dizer, em falência. Tal situação, que levou ao desenlace pontuado pela eleição de Pedro Neto à presidência dessa organização desportiva, merece pelo menos dois reparos. O primeiro tem a ver com a sofreguidão dos concorrentes ao pelouro máximo da FAF, eram dois e ambos disseram que se estavam nas tintas para o défice, mesmo sabendo que o vencedor assumiria, ipso facto, as dívidas do mesmo. Sim, mas, disseram alguns sujeitos em redor, «Cuidado!, segundo parece o buraco é fundo pra caraças!», ao que os pretendentes ao apetecido poleiro retorquiram quase em uníssono, «Não faz mal, nós tapamos o buraco». Moral deste ocaso anunciado: nenhum dos candidatos se arriscou a exigir transparência, porque ambos sabiam que, com gente dessa casta, a mesma que a deles próprios, optar pela transparência corresponde a ser considerado como confusionista. Não convinha.
O segundo reparo vai para a Sonangol. É que o buraco era mesmo um exagero, digno de predadores insaciáveis por kumbú, que saíram escorreitos, indemnes e impunes duma gestão mais que provavelmente fraudulenta: pelo menos 3 milhões de dólares de kilape, a juntar aos vinte milhões do Estado gastos na CAN de 2010, sem apresentação de contas credíveis. E é aqui que aparece, segundo a fonte a que nos temos vindo a referir, um outro predador ao socorro dos seus irmãos de raça, a Sonangol, a propor, avançar com três milhões de dólares para tapar o buraco!! Uma ninharia!!
A ser verdade é um gesto indecente, um golpe baixo desferido à queima-roupa na nobre e hilariante missão que é a luta pelo incremento efectivo da “Tolerância Zero”. Uma refinada imitação dos usos e costumes dos ladrões do ex-Roque Santeiro.

Primogénita presidencial. Milionária de Angola é parecida com a Mona Lisa de Da Vinci


Este é um texto imaginário, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência, incluindo nomes e endereços fiscais…

A Mona Lisa de Leonardo Da Vinci é provavelmente a pintura mais famosa do mundo! O quadro de Da Vinci tornou-se a maior referência em obras de artes que o mundo já viu.
O quadro, é surpreendentemente pequeno (77 x 53 cm). Contudo há quase quinhentos anos a Mona Lisa vem inspirando poemas, canções, pinturas, esculturas, romances, mitos, boatos, falsificações e roubos, e hoje em dia o seu rosto aparece em incontáveis anúncios comerciais no mundo inteiro.
Em muitas partes aparecem, também, cópias deste famoso quadro ou réplicas, transacionadas por especuladores de arte contemporânea.
Noutros casos, por analogia, os cartonistas e designers gráficos assemelham-na a mulheres poderosas ou ricas, que vão surgindo como cogumelos, na Rússia, nos Estados Unidos, na Inglaterra, no Japão, no Brasil, na China, na Alemanha, na França, na Inglaterra e, agora, pasme-se, em Angola.
Trata-se da mais nova e emergente empresária angolana de sucesso. O mérito deste novo quadro, tem muito a ver com a competência do seu pintor, cuja veia inspiradora, remonta a sua infância pobre e sofredora, nos muceques de Luanda, onde “COMIA PEIXE PODRE E APANHAVA PORRADA SEMPRE QUE REFILAVA”.
Os traços desta milionária imagem colocada num pedestal de ouro, refletem o volume de uma carteira de negócios, cujos tentáculos se estendem por toda Angola e estrangeiro.
A nossa Mona Lisa, dizem é muito parecida, clone perfeito, com a primogénita do presidente de Angola, Isabel dos Santos, que se diz estar entre as nove mulheres africanas mais ricas, de acordo com a revista Forbes, numa lista onde as restantes oito fortunas pertencem a sul-africanas, cujo percurso é reconhecido como transparente.
A angolana começou a despontar nos meados dos anos 90, após o seu regresso de uma apurada formação académica em Londres. O seu primeiro negócio, alegadamente, terá sido com uma empresa de limpeza da cidade de Luanda: a Urbana 2000.
Em causa, corria a boca miúda, que a empresa pública, Elisal não aguentava os montes de lixo que nasciam (e continuam a nascer) em Luanda como cogumelos, então o chefe do Executivo, confiando nos conhecimentos em gestão de empresas da nossa Mona Lisa, não hesitou em confiar-lhe uma empreitada, cujo valor rondava os 10 milhões de dólares anuais, bastantes para a catapultar, de bandeja no mundo dos negócios, qualquer mortal.

A hegemonia nas telecomunicações e diamantes
Em 2001, numa engenharia “sui generis” que passou pelo desmantelamento de um sector técnico da Angola Telecom, fundou, à custo zero, a primeira empresa de telefonia móvel: a UNITEL.
Noutros países, por exemplo, Portugal, a concessão de uma licença, a uma operadora, representa um encaixe aos cofres do Estado de cerca de USD 50 milhões de dólares, infelizmente, a concessão de Angola foi de borla.
Recorde-se que esta operadora móvel tem quatro sócios: Isabel dos Santos, António Van-Dúnem, Portugal Telecom (entrou com now how, garantindo assistência técnica) e a Sonangol, com a Mercury, todos com 25% de capital.
Em 2005, visando reproduzir o capital que ia adquirindo, lançou âncora na banca, em parceria com os portugueses, Fernando Telles (banqueiro), o rei da cortiça, Américo Amorim e o antigo governador do BNA, Sebastião Lavrador, criando o Banco Internacional de Crédito (BIC). Em Portugal investiu como nenhum outro estrangeiro o fez, nos últimos anos, comprando acções milionárias na Zon, na Portugal Telecom, no banco BPI, no banco Espírito Santo, na GALP e cruzamento com a Sonangol na EDP, na Caixa, no Totta e na Mota-Engil.
Mas a sua galeria, se estende, naquele país (Portugal) por muitas outras freguesias e é dentro deste universo financeiro que o “mito” da Mona Lisa angolana se vai revelando, como um génio nas Finanças, pese a sua formação em Engenharia Electrotécnica…
São muitos os projectos e talvez os grupos e clãs por si representados, daí a selectividade dos seus sócios, que a catapultaram para os projectos diamantífero de Camutué e da ADC ou ainda no mundo dos cimentos, com a sua entrada no capital social da Cimangola, substituindo a Teixeira Duarte (através da holding Ciminvest, em parceria, também, com Américo Amorim).
A nossa Mona Lisa é ainda accionista do BFA, cobrindo assim um vasto campo de investimentos que rasga as telecomunicações, banca, diamantes, cimento, petróleo, imobiliário, etc.
O mais enigmático da nossa Mona Lisa não é o seu sorriso, tal como a da verdadeira, mas sim a riqueza que ela ostenta e facilidade de fazer negócios, que já é considerado um dos maiores impérios financeiros de Angola, com a influência do n.º 2 do art.º 23 da Constituição, que permite a alguns serem privilegiados pela sua ascendência.
Mas qual é o verdadeiro pincel do pintor da Mona Lisa angolana, que a torna, num de repente, “boa empresária”, “extremamente dinâmica e inteligente”, “profissional”, “correcta”, “afável”, “simpática” e “bonita”?
A resposta reside na diferença entre o verdadeiro Leonardo da Vinci, reverenciado pelas ideias que possuía muito à frente do seu tempo, como homem visionário que já vaticinava a importância do helicóptero, do blindado de guerra, da energia solar, da calculadora, do casco duplo nas embarcações, etc, enquanto o nosso, Leonardo, exímio copiador é astuto, matreiro, manipulador político e acérrimo defensor do roubo das finanças públicas e da corrupção.
Portanto, a nossa Mona Lisa tem como exemplo inspirador, um homem, que para além de bom pintor é um grande negociador, razão pela qual os grandes negócios de Angola não lhe passam ao largo. E quando assim é, não restam dúvidas que a réplica angolana do Mona Lisa, não precisa de mostrar, como escancara as portas do poder, avocando o amiguismo e cabritismo, institutos que prescindem da prova da origem da riqueza ou do CAPITAL INICIAL.
Eis a lista dos investimentos no exterior e interior da Mona Lisa angolana, que muitos consideram ser Isabel dos Santos:

Zon Multimédia –10%
SOCIP Zon - 70%
BPI - 9,7%
BIC Portugal - 25%
BAI –17,5%
Galp - 6%
Ciminvest (Nova Cimangola) - 49%
Green Cyber - 35%.
BESA – 20%
UNITEL - 25%
IDUNA –25%
SAGRIPEK
TERRA VERDE – Empreendimento agrícola
TAIS – Trans Africa Investment Services – Diamantes
ADC – Angola Diamond Corporation
ASCORP – (Angola Selling Corporation)
SODIAM / LKI – Sociedade Comercialização de Diamantes
GRUPO LEV LEVIEV (AngolaPolishing Diamonds SA)
OMSI – Odebrecht Mining Service Inc.

Filho de peixe sabe nadar. As engenharias do Banco Quantum pai do Kuanza Invest


O nome e a reputação de Angola no exterior, nomeadamente na Europa, já há muito tempo que se encontra em lastimável estado de degradação, desde que rebentou o famoso caso do Angolagate, com o aparecimento em cena de três mosquiteiros surpreendentes, nas pessoas Pierre Falcone, Gaydamack e Cª Lda, unidos numa mesma luta pela sobrevivência do Partido/Estado, por força das circunstâncias e da conjuntura de belicismo que ia destruindo Angola entre 1992 e 2002.
São, na realidade, três comparsas que participam numa engenharia complicada de compra de armas para serem postas por via duma operação secreta, ao serviço das FAA a um preço que se aproxima dos 700 milhões de dólares, nos quais se incluem comissões incalculáveis, rondando, pelo menos, a centena de milhões de dólares.
A dada altura, o estrugido esturricou, o caldo entornou, Falcone foi preso por tráfico de armas, depois foi solto, mas sem anulação da condenação pela justiça francesa, entretanto Gaydamack tinha dado corda aos vitorinos e ala que se faz tarde, pôs-se a milhas, e ficou o sócio angolano a aguentar e esquivar como podia o opróbrio que tanto maculava, e ainda hoje macula, o seu excelso perfil de herói da Pátria angolana.
Várias foram as suas tentativas para influenciar a justiça francesa, assim como as ameaças petrolíferas endereçadas à Elf, companhia francesa do ramo, muitos foram os embaixadores que deram com o nariz na porta de uma justiça enigmática para certos angolanos, pois completamente independente do poder político e económico.
Justiça exótica, de que a Presidência apenas tinha ouvido falar sem acreditar muito no que lhe iam dizendo.
Como se essa empreitada não fosse o bastante para macular o bom nome de Angola, eis que um dos seus cidadãos, por sinal filho do Presidente da República, José Filomeno Sousa Santos, “Zenú”,resolve provar que também sabe nadar e mete-se a gerir capitais e a abrir, em toda a simplicidade, um banco, o Quantum, que, num repentino virar de vento, passou a chamar-se Banco do Kwanza Invest.
O que intriga a maioria dos angolanos é: com que dinheiro Zenú pôde abrir um banco, e ainda por cima, banco de milionários, topo de gama? Não se sabe e talvez seja melhor não saber, o que veio à luz, intermitente, foram as suas diversas cumplicidades, entre as quais se salienta a de Jean-Claude de Morais Bastos, um cidadão originário de Cabinda com nacionalidade suíça, através do qual Zenú foi levado a fazer parte da “Afrikanische Innovations Stiftung” (Fundação para inovação de África), com sede na Suíça e depois criou o seu próprio Banco, o “Quantum” (hoje Kwanza Invest) recrutando para si, Ernst Welteke, ex-presidente do Banco Central da Alemanha que é até à data o PCA do banco que foi criado em Angola, o Kwanza Invest.
Recentemente, o F8 publicou um artigo sobre esse banco dando conta de uma trabalho de investigação, realizado na Alemanha, que tinha já chegado à conclusão que as operações do Banco Quantum, muito se assemelhavam ao de uma lavandaria de dinheiro sujo.
Em Angola os leitores ficaram a saber da história, depois da publicação de um artigo do correspondente do F8 instalado na Alemanha. Nesse país, houve muitas reacções, por intermédio do banqueiro alemão, Ernst Welteke, o PCA do banco de Zenú recentemente criado em Angola.


PROCURADORIA SUIÇA REABRE PROCESSO
Denegações vigorosas e indignadas, pronunciadas por uma brigada constituída pelos melhores advogados teutónicos, ameaças de indemnizações milionárias arrefeceram os ânimos dos investigadores, que, pobres e sem sustento de lobbies, continuaram a pesquisar mas deixaram provisoriamente de publicar, pois não tinham folgo para correrem atrás de tanto prejuízo anunciado.
Porém, no início do mês em curso, aconteceu uma espécie de golpe de teatro inesperado, quando a Procuradoria Geral Helvética (ou Bundesanwaltschaft) confirmou o bem fundado das investigações em curso contra Zénu dos Santos e seus sócios, na Suíça, da parte do qual se suspeita prática de "lavagem de dinheiro e grande corrupção" via a famosa Fundação Inovação para a África (= Afrikanische Innovatsions-Stiftung), baseada na cidade de Zurique, tal qual foi revelado pelo jornal quotidiano gratuito "20 Minuten" na sua edição Online do dia 15 de Julho de 2011.
Segundo esse jornal, os investigadores judiciais suíços iniciaram pesquisas sobre alegadas contas secretas, atribuídas a Zénu dos Santos e seus sócios já no mês de Março de 2009 depois de terem recebido denúncias por parte de autoridades espanholas sobre diversos casos concretos de grande corrupção e de lavagem de dinheiro envolvendo altas personalidades angolanas, muitas das quais ligadas a Presidência da República e seus sócios estrangeiros nas obras de construção em Angola, entre outros casos em curso de investigação.
Perante as revelações das instâncias espanholas, as autoridades helvéticas decidiram bloquear "diversas contas bancárias dos angolanos e seus sócios na Suíça, com um bastante considerável montante de dinheiro", disse o jornal,"dinheiro proveniente de crime económico orquestrado pela dita "Fundação Inovação para a África", onde actuam diversas personalidades proeminentes helvéticas, entre outras, o Sr. Walter Fust, antigo Director de DEZA ou DDC (Direction du développement et de la coopération).
Chegados a este ponto do desenvolvimento desta trama, para espanto geral, a personagem que aparece é bem conhecida do “in circle” presidencial angolano, o senhor Walter Fust, uma individualidade de relevo que chefiou nos anos 2003-2004 a delegação helvética durante as negociações directas com o Presidente Eduardo dos Santos, sobre a possibilidade de devolução ou não dos fundos angolanos também bloqueados naquela altura pelas autoridades judiciais suíças.
Nessa altura, Walter Fust advogava a inclusão no processo negocial das forcas de sociedade civil tanto de Angola como da Suíça, mas acabou por optar por um modelo considerado secreto que muitas organizações e o próprio governo suíço criticaram como imbuídas de falta de transparência total.
E já agora, sem ser nossa intenção de pregar mais um prego no caixão da imagem da Presidência de Angola, e só para vermos até que ponto a sua reputação frisa o baixo nível, num outro processo anterior ao da devolução de fundos supracitado, a pedido do ditador militar nigeriano Sani Abacha, a Suíça mostrou-se disponível para incluir as forças da sociedade civil dos dois países na negociação, mas para Angola, o Sr. Walter Fust recusou categoricamente o pedido de certos angolanos.
Baixo nível é isso mesmo, não há nada a fazer.

CPI termina em decepção. Inquérito da Pimba depena Galo Kwacha


Quem nunca comeu melado quando come se lambuza!
Ora, vamos lá analisar os factos! Há 36 ou 40 anos atrás, 95% dos homens que hoje governam Angola não conseguiam dispor de 3 refeições diárias… por incrível que pareça, José Eduardo Dos Santos, idem!... Mas mais misericordioso é que muitos desses homens não podiam sequer dar-se ao luxo de comprar papel higiénico… perdoe-se o exagero no detalhar da verdade nua e crua!... São esses os mesmos homens que no dia 11 de Novembro de 1975, lá na Praça Primeiro de Maio, andavam aos gritos com o dizer: ‘'O mais importante é resolver os problemas do povo''…
São também esses, os mesmos homens que sob a demagogia da criação do homem novo têm eliminado adversários fisicamente sem dó nem piedade… É mais fácil matar um ser humano que um cão lá na minha terra, principalmente se for uma encomenda especial… Só Deus sabe quantos terão sido vítimas dessa encomenda fora e dentro de Angola… Existem mil e uma maneiras de se matar um gato, disse-me discretamente um diplomata angolano em Nova York num debate mais carregado de hostilidade política sob a realidade de Angola… São também esses os mesmos homens que se têm apropriado indevidamente dos recursos do erário público, abençoam e apregoam aculturação do Evangelho a corrupção, a má distribuição de renda, etc.. Francamente… O que é que José Eduardo dos Santos tem mais o que provar aquilo que não foi capaz de fazer durante 32 anos na Presidência da República?... São também esses os mesmos homens que chegaram ao poder graças às forças das armas e têm mais olhos que barriga… Homens sem verdades, mentirosos e sem pudor…Mas quem de nós acredita que José Eduardo dos Santos e seus comparsas venham abdicar do poder em Angola?... Não restam dúvidas algumas que esses Srs. e a sua camarilha estão envolvidos num autêntico fiasco de máfia internacional… São também esses mesmos homens que agora se agarram ao poder para que os seus filhos tomem as rédeas do futuro político, económico e militar de Angola… Porquê? Para que possam beneficiar de imunidade política.
(Prof. Kiluange – New York City , num comentário do Club K)

Com a aproximação do período de campanha eleitoral, a UNITA decidiu antecipar-se às futuras e inevitáveis hostilidades teleguiadas de que será alvo e apresentou uma queixa ao Parlamento sobre alegados casos de intolerância política, no Huambo, contra militantes seus.
A Assembleia Nacional acabou por aceitar como fundamentada a queixa e criou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) constituída por uma maioria de elementos do MPLA, maioria essa tão esmagadora como a que o partido do governo tem na Assembleia Nacional, com missão de averiguar os vários factos contidos na queixa, o que à partida significava já que não haveria inquérito nenhum, a não ser para a fachada, pois o substrato comprovativo das anuências, passiva e activa, do partido maioritário, seriam diluídas até ao seu completo desaparecimento na votação final.
O inquérito foi efectuado e o resultado anunciado foi o NIET de sempre, tendo sido considerado que os factos em análise, em geral, não correspondiam à verdade e os assassinatos evocados pela UNITA ocorridos nos municípios do Bailundo, Ucuma, Ekunha, Tchicala-Tcholoanga, Caála, Catchiungo e Londuimbale, não resultaram de intolerância política, mas de crimes do fórum comum relacionados, entre outros, com prática ligadas à feitiçaria, relegando par uma espécie de ataque de nervos ridículo que quase fazia a pradaria pegar fogo, o alarde feito durante meses pelo «Galo Negro» sobre o assunto.

Mas peguemos alguns antecedentes históricos, para melhor compreensão deste fenómeno.
Desde o dia em que o Galo Negro foi formalmente reduzido a duas asas (duas alas), com a famigerada fundação da Unita Renovada, na segunda metade da década de 1990, a dar origem à decorrente instalação em Luanda de alguns dos seus militantes numa tentativa de obter um possível lugarzinho no Parlamento e a obtê-lo, centenas, dizemos bem, centenas foram as vezes em que, comprovadamente, alguns deles, ou seus acólitos, tenham sido alvo de actos violentos, incluindo tentativas de homicídio e verdadeiros assassinatos, por parte de membros notoriamente conotados como fazendo parte de brigadas sem nome, mas veladamente ligadas ao partido no poder.
Dentre as dezenas de queixas que então foram feitas sobre tais actos, nenhuma foi objecto de resgate, na medida em que todas elas foram repelidas pela teoria avançada pelo ex-governo de Angola, resumida a um NIET arrogante a sustentar uma barricada intransponível contra todo o tipo de acusação, mesmo que sustentada por provas irrefutáveis.
De facto, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que averiguou os alegados casos de intolerância política na província do Huambo, constatou um conjunto de evidências que contrariam as apresentadas pela UNITA, durante o seu trabalho realizado em três meses na região. É o que consta na Resolução que aprova o Relatório da CPI apresentado, dia 19.07, pelo deputado do MPLA, Adriano Botelho de Vasconcelos, durante a segunda sessão extraordinária do Parlamento.


Exemplos exemplares segundo a CPI
Os cidadãos Luciano Moma e Marcelino Pataca, dados pela UNITA como assassinados pelas autoridades, estão vivos, apresentaram-se e estabeleceram um contacto directo com a CPI, numa sessão assistida pelas esposas, filhos e sobas, que testemunharam a identidade dos mesmos, o que levou os inquiridores a considerar que não foi provada a acusação da UNITA, segundo a qual teria havido uma orientação por parte do governador, dos administradores municipais, comunais e das autoridades tradicionais com o fim de promover a intolerância política.
Por outro lado, a CPI constatou que as ameaças e atitudes negativas reiteradas de alguns membros da UNITA, resultam de orientações transmitidas pessoalmente pelas esferas superiores do Galo Negro, aquando de visitas ou encontros com dirigentes do partido, ou através de documentos subscritos por responsáveis nacionais e provinciais, ou ainda por meio da comunicação social, como é o caso da Rádio Despertar.
E não é tudo, pois a verdade, segundo a CPI, é que a maior parte das ocorrências configurando intolerância política, no dizer dos depoentes pertencentes à UNITA, ocorreram no período compreendido entre 2003 e 2008, longe daquela que o grupo parlamentar desta formação alega na sua petição ao presidente da Assembleia Nacional.
Tais entorses à realidade até poderiam ser motivo para abrir um processo judicial contra a UNITA, mas não, só temos é a agradecer, uma vez que grande parte das ocorrências, sendo de natureza criminal, transitaram para o fórum judicial onde mereceram o devido tratamento, conforme o relatório da Procuradoria da Província do Huambo em anexo no documento final, tendo ficado bem esclarecido que estes actos condenáveis e inaceitáveis não foram instigados ou orientados pelas autoridades administrativas do governo.
Enfim, a CPI avança um argumento demolidor de toda a “histeria do Galo Negro”, asseverando que os depoimentos colhidos dos cidadãos em 11 municípios e das personalidades representativas da sociedade civil, como igrejas, sindicatos, associações de camponeses, ex-militares, estudantes universitários, Conselho Provincial da Juventude, entre outras, ouvidas na capital da província do Huambo, rejeitam categoricamente a existência de intolerância política na província do Huambo, antes pelo contrário, pois as testemunhas reconhecem o esforço do governo e consideram bastante positivo o processo de reconciliação nacional, bem como a integração na sociedade civil, na vida política da província de cidadãos outrora sob controlo da UNITA.
Nas entrelinhas pode-se ler: adesão ao MPLA!
E, para terminar em beleza, a CPI «apurou haver rejeição dos populares, principalmente nas comunidades rurais, nas quais a UNITA não tem sedes partidárias».
«Constatou ainda haver desrespeito às autoridades tradicionais pelos elementos da UNITA, confirmando-se esta constatação pela arrogância verbal muitas vezes usada por militantes e responsáveis desta organização diante da CPI.
Deste modo, está concluído o trabalho da CPI, cujo relatório foi aprovado com 153 votos a favor, 11 contra e nove abstenções».
Fim.


Exemplos escamoteados ou encenação perfeita do jogo político
São muitos, contam-se por dúzias, ocorridos ao longo das quase duas décadas que nos separam dos idos de 1992. Não houve provas, pois não, como não houve provas da agressão do jornalista do F8 na cidade de Huambo, mas todos sabem quem mandou bater. Por vezes, os chefes já não batem, mandam bater, mas isso não os iliba de serem os autores morais.
E o mal de toda esta encenação do CPI do “ÉME”, a fazer de conta que confere e investiga, sempre a puxar a brasa para a sua sardinha, é mais uma humilhação cientemente organizada para amesquinhar a UNITA.
Ah!, poder-se-á dizer, e esses mortos que apareceram vivos, como é então?!. Esses mortos apareceram vivos porque se esconderam para fazer crer que estavam mortos, não é preciso ser bruxo para chegar até aí, e quanto ao pretenso ódio das populações pela UNITA, nutrido pelas populações que não se encontram sob a sua alçada administrativa, também não vale a pena ir ao Kimbanda para adivinhar, é obra de obreiros anónimos e por vezes não, orientados por elementos ligados à Secreta, que desde 2002 se agitam em missões de diabolização do Galo Negro no Sul de Angola.
O F8 está em posse de documentos comprovativos dessas acções, cometidas pelo ex-SINFO, assinados, com datas, orientações, ordens de perseguir e molestar, diabolizar ao máximo entidades de relevo em várias zonas não só da província do Huambo, mas também em todas as outras zonas sulanas.
Estamos prontos a apostar mil kopeks contra uma grade de Água Transparente, que se a CPI fosse CPII (independente), o resultado do inquérito teria sido exactamente o oposto desse que foi apresentado à Assembleia Nacional.

POC acusa. MPLA ACUSADO DE NÃO QUERER COMISSÃO ELEITORAL INDEPENDENTE


Os POC manifestaram-se contra o facto do MPLA não aceitar trazer a praça pública, uma ampla discussão sobre o Pacote Eleitoral, indiciando, com esta prática, uma vez mais, a sua apetência para a realização de nova fraude a semelhança do ocorrido em 2008.

Kuiba Afonso

O actual líder dos POC, Manuel Fernandes acusa a liderança do partido no poder de permanente subversão a democracia e que a sua actual política eleitoral é “bastante perigosa”, por não ter em conta a vontade e as contribuições de outras forças partidárias e da sociedade civil, que defendem a criação de uma nova Comissão Nacional Eleitoral, independente da proporção numérica, imposta sempre pelo MPLA.
As eleições de 2008, não garantem que órgãos como a CNE estendam o seu mandato para lá da legislatura, porque assim sendo, configurará uma usurpação e extensão da sua competência, porquanto não pode um órgão, de maioria partidária, eleito em 2008, organizar o pleito para 2012. A acontecer é a renovação da fraude, pois os membros do MPLA, indicados para a CNE, tudo farão para não perderem o tacho, logo, apadrinharão a continuidade e renovação da fraude, inventando eleitores, urnas e votos falsos.
Ora sendo os resultados eleitorais imprevisíveis em democracia o finca-pé dos camaradas, pode, segundo os POC, conduzir o país a uma instabilidade social, sem precedentes, com o aproximar de 2012, mesmo que o “MPLA conte com a força das armas militares e policiais, excessivamente partidarizadas”.
É preciso na opinião de Manuel Fernandes, que sejam ouvidas todas as forças vivas, para se alcançar a melhor solução, quanto a criação de um órgão eleitoral, insuspeito, abrangente e transparente, sob pena de serem mobilizadas as populações, para virem a rua, exigir mudanças radicais.
O actual líder dos POC, verteu as suas ideias, durante o encerramento do workshop sobre modelos de organização e de gestão eleitoral, promovido pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), em Luanda. “Se o pacote sobre a comunicação Social e sobre a Lei do Código Penal estão a ser amplamente discutidos, porque razão o pacote eleitoral deve, a sua discussão, confinar-se à Assembleia Nacional”?
São perguntas sem resposta do lado da maioria parlamentar, mas a maioria dos indígenas sabe, que a grandeza do MPLA, está em negar, a confrontação em palcos onde lhe fica difícil ganhar sem batota, por esta razão a “sua estratégia actual é, apressadamente, numa clara traição a democracia”, transformar a fraude em leis. “Olhando para celeridade da discussão do pacote legislativo e a sua aprovação é fácil perceber que existem interesses inconfessos do Presidente da República, José Eduardo dos Santos e do seu partido, o MPLA.”
Recorde-se que o pacote legislativo eleitoral vai à discussão e votação na generalidade, durante a III sessão Extraordinária da Assembleia Nacional a ter lugar no próximo dia 26.07.
“Em função da responsabilidade ou irresponsabilidade dos deputados do MPLA, as forças vivas do país e da democracia, devem começar a manifestar-se, na rua, com mais acutilância para que este regime perceba, que não pode continuamente usar da batota, da arrogância e da eliminação física dos adversários, para se perpetuar no poder. O povo tem de dizer BASTA!”, conclui.

ELEITOR DEVE SABER EM QUEM VOTA
Por outro lado, o jurista Lindo Bernardo Tito, ex-líder da banca parlamentar do PRS, defende um novo modelo de eleição dos candidatos a deputados, nas listas dos partidos. Mesmo que estes não façam campanha, ao eleitor deve ser facultada a prerrogativa de os ver através da inclusão de fotografia no boletim de voto do candidato.
Para o político, incompatibilizado com o seu partido, o actual modelo ainda em uso, permite ao eleitor, votar em candidatos a deputados que ele não conhece e muitas vezes o eleito não se identifica com a região e suas realidades, ou o que é mais grave, até já teve políticas penalizadoras contra um círculos eleitoral que lhe vota, por não o conhecer, na hora.
O ex- deputado do PRS, apaixonado pelo modelo brasileiro, onde o deputado de um círculo determinado, concorre numa lista, onde aparece a sua fotografia, permitindo desta forma, que os eleitores votem directamente nas figuras com que se identificam.

África do Sul. Nelson Mandela celebrou 93º aniversário na terra natal


O antigo presidente da África do Sul, Nelson Mandela, celebrou no dia 18.07 o 93º aniversário com familiares e amigos na sua terra natal, enquanto os sul-africanos prestaram tributo ao ícone da luta anti-apartheid através da música e projetos comunitários.
Milhões de alunos sul-africanos começaram o dia a cantar uma versão especial dos “Parabéns a você” a Mandela, entoando um coro de desejos mundiais.
O presidente norte-americano, Barack Obama comparou Mandela a "um farol para a comunidade global, e para todos que trabalham para democracia, justiça e reconciliação".
Em 2009, as Nações Unidas estabeleceram o Dia Internacional de Nelson Mandela para honrar o líder sul-africano no dia do seu aniversário através de serviços comunitários. Nesse sentido, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, apelou às pessoas para “fazerem a diferença”, apoiando os estudos de uma criança, investindo na luta contra a fome ou fazendo voluntariado num hospital ou centro comunitário.
"Pacifista e mentor para gerações, Nelson Mandela - ou Madiba como é carinhosamente conhecido por milhões de pessoas - é um símbolo vivo de coragem, sabedoria e integridade", disse Ban Ki-moon, ao acrescentar que “o melhor que se pode fazer é agradecer o trabalho do líder sul-africano empreendendo ações que inspirem a mudança”.
O atual presidente sul-africano, Jacob Zuma, também visitou Mandela na sua terra natal, a cerca de mil quilómetros de Joanesburgo. "Vim para passar algum tempo com Mandela e a família, mas também para comer bolo. Era um bolo enorme", disse Zuma, a sorrir, ao acrescentar que o antigo presidente da África do Sul estava “absolutamente bem-humorado”.
Por sua vez a embaixadora Keitumetse Matthews, em Portugal, durante um jantar de angariação de fundos, disse ser “muito importante que toda a gente dê o máximo que puder, mesmo que seja pouco. Cada cêntimo importa”, disse, considerando que “devemos cumprir o sonho de Mandela”: “Ele fez muito pelo mundo, mudou a forma como o mundo pensa, e o mínimo que podemos fazer é ajudá-lo a realizar o seu sonho”, acrescentou.
Matthews lembrou a força de Mandela enquanto símbolo mundial da reconciliação e da luta anti-segregação racial e disse ainda que “o voluntariado, prática em vias de extinção, tem sido revigorado [pelo ex-líder]”.
O “legado de Mandela”, acrescentou, “de que podemos ser o mesmo e apenas um, vai perdurar no tempo”: “Isto pelo trabalho de Madiba mas também porque tivemos a sorte de todos os líderes da África do Sul terem acreditado nestes valores”, disse.
Dos cem milhões de euros que vai custar o Hospital Pediátrico Nelson Mandela, o Fundo já angariou 20 milhões. A meta até ao final do ano é chegar aos 50 milhões de euros.
Naquela que foi a primeira ação de angariação de fundos, o Fundo arrecadou 2.500 euros com o leilão de uma litografia do primeiro discurso do ex-presidente em liberdade, do fotojornalista Chris Ledochowski, e mais de mil euros com o leilão de dois livros, um de Mandela, outro do jornalista António Mateus.
Depois de cantarem os parabéns a Mandela, os convidados ouviram o presidente da comissão de angariação de fundos, Tito Mboweni, dizer que veio a Portugal “apelar aos bons corações, aos bons espíritos e aos bons bolsos para que seja possível cumprir o sonho de um grande homem”.
“O meu filho pediu-me para dizer ‘olá’ ao Cristiano Ronaldo. Eu acho que é uma boa ideia pedir ao jogador para nos ajudar nesta causa”, acrescentou.
Certo o projeto tem já o apoio do Hospital de S. João, no Porto. João Ferreira, presidente do conselho de administração, explicou que a parceria estratégica que o S. João estabeleceu com Hospital Pediátrico Nelson Mandela, que considera “uma iniciativa inspiradora”, dará frutos ao nível da “formação, prevenção e especialização”, à semelhança do que já acontece com outros países lusófonos.
Em novembro de 2009 as Nações Unidas declararam o dia 18 de julho como o dia internacional de Nelson Mandela para homenagear o líder sul-africano que conseguiu, através do diálogo e da integração, mudar o futuro do seu país.

Em Catete, povo clama. Autoridades Tradicionais exigem maior empenho do executivo angolano


O soba máximo da municipalidade de Icolo e Bengo, província do Bengo, Adriano Sebastião da Rocha, de 85 anos de idade, defendeu no dia 21.07, a necessidade do executivo angolano aumentar o seu desempenho em prol do desenvolvimento das comunidades locais.
Binocas António*

O ancião no pedestal da sua autoridade, conquistada na universidade da vida, condenou a crescente falta de energia eléctrica, de água potável e de infra-estruturas sociais, como escolas e instituições públicas com condições condignas de trabalho, numa das mais emblemáticas regiões do país, principalmente, por ser a terra de Manguxi, primeiro Presidente da República Popular de Angola.
Na sua opinião, o programa de combate à fome e a pobreza, que contou numa primeira fase com o apoio das autoridades tradicionais, parece, à primeira vista, um instrumento bem gizado, mas no fundo, carece de um mecanismo mais actuante para a sua real implementação no seio das comunidades.
De acordo com o soba maior, residente na comuna de Caculo-Cahango outra preocupação que aflige os autóctones locais prende-se, com o desemprego galopante, que trás consigo o aumento considerável da delinquência nas comunidades, com maior realce no período nocturno pelas restrições de energia eléctrica.
Mas a preocupação que mais mobiliza os indígenas, segundo o soba, está relacionado com a venda de terras a partir de Caxito ou Luanda, a cidadãos estrangeiros, sem contacto prévio as autoridades locais.
O primeiro dos dezoitos sobas existentes nesta municipalidade como autoridades máxima tradicional, o descaso do governo central, quanto a melhoria das condições de habitabilidade dos cidadãos.
O município de Icolo e Bengo é uma região composta por cinco comunas, nomeadamente, Caculo-Cahango, Cabiri, Bom Jesus, Cassoneca, Calomboloca e Catete sede municipal.
*Em Catete

domingo, 24 de julho de 2011

Aqui escrevo eu. William Tonet. Tráfico de influências do clã Dos Santos


ELES COMEM TUDO E NÃO DEIXAM NADA…

Para nos darmos conta da pertinência da presente abordagem, façamos uma breve retrospectiva, a fim de compreender melhor até que ponto ter padrinhos na cozinha (ou o pai) pode ajudar a ter acesso a um bom tacho.
Nos idos de 2008, o F8, assim como muitos militantes do MPLA espantaram-se ao ver o nome de Tchizé dos Santos na lista de candidatos a deputados desse partido.
Pensámos então e continuamos a imaginar que havia no seio daquela formação política outras tantas pessoas cuja militância era mais visível e o nível de intervenção pública muito mais profícuo que o da personalidade em causa. Mas a opção recaiu, entre outros tantos repescados sabe-se lá como e onde, para uma jovem de quem nunca se tinha ouvido a mais insignificante declaração, por mais curta que fosse, em nome do partido.
Como militante do MPLA, ninguém tinha ouvido falar, previamente, do desempenho ou da militância de Tchizé.
Muito antes disso, já tínhamos experimentado uma outra sensação de surpresa, quando soubemos que Tchizé e o seu irmão Zedú tinham sido bafejados pela sorte de uma qualquer fada madrinha, ao lhes ser passado para gestão o segundo canal da Televisão Pública de Angola (TPA) sem concurso público, sem nada.
Do dia para a noite, os angolanos foram informados sobre uma negociação que transferiu para uma empresa privada a gestão de uma empresa pública ou, pelo menos, de parte dela, sem qualquer justificação.
Mas o nosso espanto, já grande, ainda pôde crescer, quando Tchizé dos Santos rubricou um comunicado, numa altura em que já era deputada, a respeito da sangria que ameaçava os quadros da Televisão Pública de Angola (TPA), asseverando que tinha sido movida por um sentido de ética e de cidadania, acrescentando no aludido documento que apenas propôs, na sessão parlamentar em que interveio, que «o Estado defendesse os seus interesses e o dos seus cidadãos, aquando da atribuição de licenças de Comunicação Social».
Puxa! Dizer isto depois da mudança relâmpago da gestão do canal 2 e Internacional da TPA, sem concurso, seguida de perto pelo inesperado surgimento do seu nome na lista de candidatos a deputado pelo MPLA, em que a ética foi simplesmente enviada ao diabo, a única conclusão possível é que Tchizé pode, ao mesmo tempo, caminhar em ambos os sentidos de uma mesma faixa de rodagem. Na mesma altura que anda em contramão em relação à ética, lá está ela a defender, ferrenhamente, o seu sentido ético.
Alguém conseguirá compreender isto?
É claro que não, perdão, é claro que sim, porque o que permite à Tchizé fazer tudo isso e mais alguma coisa é essa força, essa condição que a coloca, digamos, numa posição de super-poderosa, ou seja, o facto de ser filha do Presidente da República, ilação que, de resto, se estende a todos os filhos do presidente José Eduardo do Santos.
E isso, em países onde se respeita a ética, tem um nome: tráfico de influências, o que para muitos dignatários da elite angolana não passa de uma exótica noção escolar.
Feito este breve retorno ao passado, o F8 vê-se na impossibilidade de dar a boa nova, isto é, noticiar um progresso qualquer relacionado sobre esse tema, o tráfico de influências. Pelo contrário, temos é a deplorar um acréscimo dessa tendência, se for verdade o que foi noticiado pelo Club K.
Segundo esse site, o Presidente da República, Engenheiro José Eduardo dos Santos, o nosso “N’guxito”, orientou, na sequência de uma proposta avançada por um (ou uma) anónimo/a – para o restante povo, para ele não -, a criação de uma espécie de comissão atípica com a designação de Grupo de Revitalização e Execução da Comunicação Institucional da Administração (GRECIA), com missão de prestar contas ao ministro de Estado e Chefe da Casa Civil, Carlos Feijó.
Na prática, porém, segundo parece, quem põe e dispõe é um coordenador, Sérgio Neto, actual director executivo da Semba Comunicação, e este, por sua vez, não teve dificuldade nenhuma em subcontratar a empresa que ele próprio gere, a dita Semba, essa mesmo, dos filhotes do PR, como entidade a quem teriam sido DELEGADAS COMPETÊNCIAS PARA FAZER A GESTÃO DA IMAGEM DO GOVERNO, numa harmoniosa parceria, vai de si, firmada com a Presidência da República.
Ficou, portanto, tudo em família e assim é que está bem por estas bandas de bandos.
Nesta empreitada, tipo pára-brisas de eventuais e nocivas lufadas de ar fresco, com tendências constantes de oxidar a imagem de Nguxito (PR), alegadamente, já terá sido avançada uma primeira tranche a rondar os 80 milhões de dólares, que permitiu a contratação de consultores estrangeiros auferindo um ordenado de 10 mil dólares, sem contar subsídios diversos, enquanto os consultores nacionais receberão por mês o correspondente a 5 mil dólares.
Tal discrepância já é normal em Angola, embora seja uma aberração digna de registo. Porém, no caso vertente, dada a opulência dos emolumentos, a diferença nem se vê, apesar de ser de algum modo humilhante.
Mas neste parte e reparte ainda sobrarão algumas belíssimas “fezadas”, para alguns escribas e comentaristas, sendo apontados os nomes de alguns felizes cooptados angolanos, ou seja, Victor Fernandes da revista Expansão, os jornalistas Alexandre Cosse e Benedito Joaquim, trânsfugas da Rádio Ecclesia, Rui de Castro, ligado pelo coração e porta-moedas ao MPLA, sem esquecer o inefável Belarmino VanDúnen, esse espectacular “Yes man” que um dia, no Semana em Actualidades, tentou propagar a ideia de que os cadernos eleitorais eram folhetos descartáveis, quer dizer, um democrata de mão-cheia!
Quando dizíamos que a campanha eleitoral tinha começado, eis mais uma prova, em forma de rectificação das alegadas calinadas cometidas por Mena Abrantes (ler Patinagem Presidencial, no Top Secreto).