terça-feira, 26 de julho de 2011

A Tolerância Três (milhões) da Sonangol


Segundo o que foi noticiado por um respeitado confrade de imprensa, a anterior direcção da Federação Angolana de Futebol (FAF) presidida por Justino Fernandes, encontrava-se pura e simplesmente em estado de não pagamento de dívidas, quer dizer, em falência. Tal situação, que levou ao desenlace pontuado pela eleição de Pedro Neto à presidência dessa organização desportiva, merece pelo menos dois reparos. O primeiro tem a ver com a sofreguidão dos concorrentes ao pelouro máximo da FAF, eram dois e ambos disseram que se estavam nas tintas para o défice, mesmo sabendo que o vencedor assumiria, ipso facto, as dívidas do mesmo. Sim, mas, disseram alguns sujeitos em redor, «Cuidado!, segundo parece o buraco é fundo pra caraças!», ao que os pretendentes ao apetecido poleiro retorquiram quase em uníssono, «Não faz mal, nós tapamos o buraco». Moral deste ocaso anunciado: nenhum dos candidatos se arriscou a exigir transparência, porque ambos sabiam que, com gente dessa casta, a mesma que a deles próprios, optar pela transparência corresponde a ser considerado como confusionista. Não convinha.
O segundo reparo vai para a Sonangol. É que o buraco era mesmo um exagero, digno de predadores insaciáveis por kumbú, que saíram escorreitos, indemnes e impunes duma gestão mais que provavelmente fraudulenta: pelo menos 3 milhões de dólares de kilape, a juntar aos vinte milhões do Estado gastos na CAN de 2010, sem apresentação de contas credíveis. E é aqui que aparece, segundo a fonte a que nos temos vindo a referir, um outro predador ao socorro dos seus irmãos de raça, a Sonangol, a propor, avançar com três milhões de dólares para tapar o buraco!! Uma ninharia!!
A ser verdade é um gesto indecente, um golpe baixo desferido à queima-roupa na nobre e hilariante missão que é a luta pelo incremento efectivo da “Tolerância Zero”. Uma refinada imitação dos usos e costumes dos ladrões do ex-Roque Santeiro.

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