O Banco BIC da pujante empresária angolana, uma das mais ricas mulheres do mundo, continua interessado na privatização do Banco Português de Negócios, tendo para o efeito apresentado uma proposta tentadora de vários biliões de euros, após um trabalho de campo feito pela Consultora Internacional Deloitte.
Kuiba Afonso
O Presidente do Conselho de Administração do Banco BIC, Fernando Telles, confirmou terem "estudado e avançado com uma proposta para a compra do BPN".
O também sócio de Isabel dos Santos, primogénita oficial do Presidente da República, confirmou ter a sua “equipa em Lisboa estudado, com seriedade, o dossier antes da tomada da decisão ", assegurou o homem forte do quarto maior banco em depósitos, a operar em Angola, fruto de uma boa carteira de jogos de influência, por razões óbvias e, também, profissionais.
Fernando Teles, um banqueiro experimentado e com conhecimento apurado das finanças angolanas, onde se move como peixe na água, pois trabalhou, ainda no período colonial, retornando em 1993, para instalar o Banco de Fomento Exterior, do grupo BPI, com bastante sucesso.
Anos mais tarde, resolveu abraçar uma nova aventura, com a criação de novo banco e para contornar a exigência da Lei dos procedimentos bancários, que o obrigava, na qualidade de administrador, a ter de ficar por cerca de quatro anos, sem liderar um novo projecto, aliou-se a filha do Presidente da República, a empresária Isabel dos Santos, dando corpo ao BIC, com uma quota de 20%
Neste momento em função da sua carteira de clientes e balcões espalhados um pouco por todo o país, é uma referência incontornável no sistema financeiro angolano em clara expansão e ousadia, quanto a internacionalização, sendo a praça portuguesa bastante apetecível, até pela aculturação de muitos dirigentes angolanos, que têm de Lisboa, do Tejo, do Benfica, Porto e Sporting e do Fado, as suas referências de eleição cultural.
Mas voltando a ideia de adquirir o BPN, na totalidade ou apenas alguns dos seus balcões, segundo deixou claro o seu administrador em Portugal, Mira Amaral, foram contratados os serviços da Consultora Internacional Deloitte para avaliar os activos e passivos do Banco Português de Negócios (BPN), nacionalizado em 2008, depois de ter eclodido a sua crise de tesouraria.
Agora, por orientações da troika da União Europeia, ater ao final deste mês (Julho) a sua venda a investidores privados portugueses ou estrangeiros terá de ser realizada. Neste momento, perfilam-se apenas como seleccionados a compra o Banco BIC (que tem ainda como sócios, para além de Fernando Telles, o empresário da cortiça portuguesa, Américo Amorim e Isabel dos Santos, cada um com uma participação de 25%), o Montepio Geral português, tendo sido definitivamente, afastados, por falência das suas propostas os outros concorrentes, que haviam adquirido os cadernos de encargo e a informação confidencial (data-room), nomeadamente, o Banco do Brasil, o Banco Rural e também a Geocapital, que chegou a contratar o BES Investimento.
Antes mesmo do “dead line”, atiraram a toalha ao chão um grupo de sete empresários portugueses do Norte, liderados pelo ex-banqueiro, Alípio Dias, que depois de analisarem o processo decidiram desistir, acompanhando o Deutsche Bank alemão, que antes havia, igualmente, desistido.
Formalmente, o que está à venda são as acções que compõe o capital social do BPN, mas como foi dada total flexibilidade a este processo, está em aberto a possibilidade de vender parte dos activos a mais do que um interessado. No limite, o BPN poderá acabar espartilhado entre os dois concorrentes.
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