A audição do magnata dos “media” Rupert Murdoch por uma comissão parlamentar britânica, marcada por uma tentativa de agressão, no dia 19.07, terminou após três horas nas quais o magnata admitiu “desleixo” na condução dos negócios no Reino Unido.
Um membro da audiência atirou um prato de plástico com espuma de barbear à cara do presidente da News Corporation mas, após uma breve suspensão, a sessão foi retomada, tendo terminado pelas 16:30 horas (mesma hora em Luanda), duas horas depois do previsto.
Murdoch, cidadão norte-americano de origem australiana, compareceu, juntamente com o filho James, perante a comissão parlamentar de Cultura, Comunicação Social e Desporto para dar explicações sobre as alegadas escutas telefónicas feitas pelo jornal News of the World.
O tablóide, até fechar a 10 de julho, era propriedade da News Corporation, grupo de comunicação social que controla nos EUA a Fox News e o Wall Street Journal, e no Reino Unido, através da subsidiária News International, os diários The Times e The Sun.
Aos deputados, o empresário de 80 anos admitiu desconhecimento de vários casos polémicos relacionados com o semanário. Afirmou que só soube recentemente que Rebekah Brooks, antiga diretora do News of the World, declarou, em 2003, que jornalistas pagavam à polícia por informação, declaração que retratou anos mais tarde.
Rupert Murdoch negou também saber da conclusão de um juiz que um jornalista do News of the World tinha chantageado duas prostitutas numa reportagem sobre Max Mosley, antigo presidente da Federação Internacional Automóvel.
O filho James teve de sair em seu auxílio ao esclarecer que o pai só tinha sido informado da indemnização a Gordon Taylor, presidente do sindicato dos futebolistas, após o pagamento de 700 mil libras (800 mil euros).
“Um acordo extra-judicial num processo civil daquela natureza e montante é algo que numa empresa da nossa dimensão os responsáveis locais estariam normalmente autorizados a fazer”, justificou James.
O empresário de 80 anos, que começou a audição por dizer que esta era o “dia mais humilde” da sua vida, alegou “desleixo” na condução no terreno dos negócios no Reino Unido.
“O News of the World representa menos de um por cento da minha empresa”, vincou, lembrando que o grupo emprega 53 mil pessoas em todo o mundo.
Ainda assim, confessou ter ficado “absolutamente chocado, horrorizado e envergonhado” quando soube há duas semanas do caso de Milly Dowler, jovem de 13 anos raptada e assassinada em 2002 e que terá sido vítima de escutas telefónicas.
Foi a revelação deste caso que escandalizou a opinião pública e fez o primeiro-ministro, David Cameron, anunciar um inquérito judicial ao escândalo das escutas para além da investigação policial em curso.
Rupert Murdoch prometeu ainda parar de custear as despesas legais de Glenn Mulcaire, o detetive privado que alegadamente fornecia informações e acesso às caixas telefónicas de pessoas em causa de forma ilícita.
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