Para aumentar o seu potencial de crescimento, a Europa precisa de “abrir os mercados à concorrência doméstica e externa, desenvolver o capital humano e, em menor dimensão, aliviar os impostos sobre as empresas”, defendeu no 19 de Julho, o Fundo Monetário Internacional (FMI).
No relatório ‘Euro Area Policies: Lessons from the European Financial Stability Framework Exercise’, divulgado, o Fundo defende que é este o caminho que a Europa deve seguir para “aumentar a sua capacidade de comercializar bens e serviços no mundo” e, ao mesmo tempo, tornar-se “um destino atrativo para os investidores”.
No artigo ‘Raising Potential Growth in Europe: Mind the Residual” refere mesmo que “mais abertura – motor poderoso de inovação e transmissor de tecnologias existentes – deverá trazer mais crescimento à Europa”.
No que se refere aos serviços, o Fundo entende que “mais concorrência iria expandir a inovação e acelerar a convergência com as tecnologias de ponta”, apontando ainda que o mercado único tem sido “mais eficaz” na liberalização de mercados monopolísticos, como a energia e as telecomunicações, do que em “eliminar obstáculos à concorrência”.
O estudo do FMI conclui também que os impostos sobre as empresas penalizam o crescimento, uma vez que “desencorajam a inovação na maioria das empresas dinâmicas e rentáveis”, um efeito que é mais acentuado nas indústrias de altos rendimentos.
Isto porque ao investirem mais em atividades de investigação e desenvolvimento do que as restantes empresas, as indústrias altamente lucrativas são também as “mais vulneráveis a aumentos de impostos”.
Para este estudo, foram considerados 13 países europeus, excluindo Portugal, e os Estados Unidos da América.
BCE deve evitar medidas adversas aos bancos fracos
O Banco Central Europeu (BCE) deve evitar medidas que “afetem adversamente os bancos fracos e periféricos”, enquanto a subida das taxas de juro e o abandono das medidas excecionais devem ser “adequadamente calendarizadas”, defende o Fundo Monetário Internacional (FMI).
No relatório ‘Euro Area Policies: Lessons from the European Financial Stability Framework Exercise’, o FMI sugere que “a subida das taxas de juro e a retirada das medidas excecionais devem ser adequadamente calendarizadas, feitas numa sequência apropriada e comunicada de forma consistente e antecipada aos mercados”.
Desta forma, defende o FMI, os bancos conseguem “procurar alternativas de financiamento e de capital para apoiar ou melhorar o seu desempenho”.
Quanto às reações das instituições bancárias a alterações das taxas de juro, foram mais as que responderam “significativa e negativamente a quedas das taxas do que a subidas”, o que o FMI explica com uma “maior sensibilidade dos ativos do que dos passivos ao risco da variação de preço [‘repricing risk’]”.
Por isso, prossegue o relatório da instituição chefiada por Christine Lagarde, “aumentos graduais futuros dos juros podem não afetar os preços das ações bancárias de forma muito negativa, sobretudo se a política do BCE for bem comunicada aos mercados”.
Uma segunda abordagem, relativa aos efeitos sistémicos das políticas do Banco Central Europeu (BCE), aponta que no caso das medidas excepcionais – programas de compras de títulos e alterações das garantias, procedimentos e tipos de operações de financiamento – o impacto nos indicadores de risco sistémico é variado.
Estes efeitos, acrescenta-se, “parecem depender do estado dos mercados financeiros”, pelo que “poderá ser necessário manter as medidas excepcionais” enquanto estes indicadores continuarem “elevados”.
Por fim, uma simulação baseada nos resultados do último trimestre de 2010 aponta para a existência de efeitos significativos das medidas do BCE - tanto ordinárias (alterações das taxas de juro) como extraordinárias - nos bancos da Zona Euro, ainda que o seu impacto seja variável.
“Bancos fracos (com fraco capital, pouca confiança por parte dos mercados, alta taxa de concessão de crédito e baixa liquidez) parecem ser penalizados por uma política de taxas de juro elevadas, enquanto bancos fortes e bancos dos países periféricos beneficiam”, conclui o relatório do Fundo.
O relatório do FMI, analisou 86 bancos da Zona Euro, incluindo quatro portugueses: BCP, BES, BPI e Banif.
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