É o fim da picada. A política da bufaria, regressou mesmo, com os velhos métodos da PIDE, da DISA e do SINFO, que o F8, já havia anunciado, principalmente, depois do pronunciamento do 1.º secretário provincial do MPLA de Luanda, Bento Bento, no princípio do ano.
Assim, como pontapé de saída, desta polÍtica dantesca, uma cidadã, agente dos Serviços Prisionais, que corre o risco de ser expulsa da corporação, vai ser julgada, em Ndalatando, província do Kwanza Norte, no Tribunal Provincial, no próximo dia 15 de Julho, acusada por um agente da Segurança, vulgo “BUFO”, por supostamente ter feito um desabafo inocente, num hospital público, onde se deslocou, acompanhando dois colegas, carentes de cuidados clínicos.
Mas qual foi, afinal, o crime de Paulina da Conceição Kacongo, mais conhecida por, Paula Parra?
Ei-lo.
No dia 22 de Fevereiro, dois agentes dos Serviços Prisionais, foram socorridos pelos colegas e conduzidos ao Hospital Provincial de Ndalatando, após um acidente.
Aí chegados a assistência se afigurou difícil, não só por falta de energia eléctrica, como de material cirúrgico, quer lhes foi recomendado, pelo pessoal de enfermagem irem procurar no mercado, nomeadamente, ligaduras, luvas, adesivo e hiodo…
Estupefactos os guardas prisionais questionaram se esta era uma tarefa e responsabilidade dos acompanhantes, ao que os diligentes enfermeiros, sem pestanejar, responderam: “não temos luz e isso é para eles serem assistidos mais rapidamente…”
Inconformada, Paulina entrou, mais uma vez, para observar o estado dos colegas, que nas macas se esgotavam em dores, por falta de cuidados e não aguentou, retirando-se para as cercanias.
Mas antes fez um desabafo inocente: “O HOSPITAL ESTÁ À MAIS DE UMA HORA SEM LUZ, POR FALTA DE COMBUSTÍVEL, MAS A CASA DO GOVERNADOR ESTÁ ILUMINADA”.
(a residência do governador fica na lateral do hospital).
Infelizmente, Paula Parra, esqueceu-se antes de verificar quantos “bufos” estavam ao seu redor. Isso foi-lhe fatal, quando apenas estava preocupada com a sobrevivência dos colegas, tanto que um teve de ser evacuado de emergência, por volta das 22h30’, para Luanda e o outro, por falta de assistência transportado, para o Posto Médico da Cadeia.
No dia 24.02, encontrando-se no seu local de trabalho é surpreendida, por um Mandado de Captura e arrastada para as celas da DPIC local, onde aí permaneceu, até ter sido ouvida, no 25.02, pelo Dr. Adalberto do Ministério Público, que a mandou libertar, por falta de fundamentos.
No dia 29 de Março de 2010, ouvida na DPIC, em acareação, por um investigador, foi pela primeira vez confrontada com os seus “bufos”: um agente da segurança, identificado como estando ao serviço do governador e o seu motorista. Por falta de provas suficientes, o investigador, no final, pela fraqueza das provas, baseadas em suposições, propôs o arquivamento do Processo n.º 161/2010, decisão contrariada pelo Ministério Público, que decidiu interpor recurso ao Tribunal Supremo, que, pasme-se, rapidamente, se pronunciou (veja facsmille), quando noutros casos, centenas de processos de réus presos e condenados do Kwanza Norte, se amontoam, por vários anos, nas suas secretárias, em Luanda, sem uma decisão. É exemplo mais gritante, o caso de altos funcionários do INSS do K.Norte, cujo recurso aguarda, até hoje, um desfecho e o processo estará a apanhar bolor, num gabinete qualquer do Supremo. Será que é a lei da cunha que impera?
Por tudo isso a cidade de Ndalatando espera com ansiedade o desfecho deste caricato julgamento, que se enquadra na nova política de “BOCA FECHADA”, instituída pelo MPLA, visando intimidar o povo a não se manifestar, face a essa política arrogante e discriminatória de um governo que parece sentir-se bem em governar contra o seu próprio povo.
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