Jornalistas de rádios comunitárias queixam-se de interferência política
Jornalistas de rádios comunitárias de Moçambique consideram que o poder político tem interferido na definição de conteúdos dos Centros Multimédia Comunitários, cujos custos de manutenção e a qualidade de conetividade da Internet representam constrangimentos para o funcionamento.
A constatação foi apresentada na Conferência Nacional dos Centros Multimédia Comunitários, realizada entre os dias 30.11 à 03.12 em Maputo pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), que conta com a participação de profissionais de rádios comunitárias das regiões de todo o país.
Por definição, as rádios e televisões comunitárias são um serviço somente de associações e fundações comunitárias sem fins lucrativos, com uma programação pluralista, sem qualquer tipo de censura, e devem ser abertas à expressão de todos os habitantes da região onde estão sedeadas.
No encontro, alguns jornalistas questionaram a interferência do Governo na definição de conteúdos e manutenção dos estabelecimentos, considerando a atitude uma forma velada de coação.
O oficial de programas, comunicação e informação da UNESCO, Ananias Chomola, lamentou as reclamações dos jornalistas das rádios comunitárias no país, assinalando que a situação demonstra que, em Moçambique, “a lei de imprensa tem sido violada parcialmente”.
A investigadora do Centro de Informática da Universidade Eduardo Mondlane Polly Gaster disse, no entanto, que os custos de manutenção e a qualidade de conetividade são os principais constrangimentos dos Centros Multimédia Comunitários, que congregam rádio, televisão e Internet.
“Das lições aprendidas até agora, constatamos que os custos (de manutenção) e a qualidade de conectividade continuam a ser constrangimentos” para o pleno trabalho das rádios comunitárias, disse.
Segundo Polly Gaster, alguns Centros Multimédia Comunitários não funcionam plenamente, tornando-os insustentáveis, apesar de os responsáveis pelos empreendimentos darem maior importância ao equipamento tecnológico se comparado aos recursos humanos.
A UNESCO e o Ministério da Ciência e Tecnologia organizaram a conferência nacional dos Centro Multimédia Comunitários para avaliar o grau de implementação do programa destes empreendimentos em Moçambique.
Sob o lema “Dar voz aos sem voz”, o debate enquadrou-se no contexto da implementação do projeto “Fortalecimento do Desenvolvimento Local através da Expansão do Acesso à Informação e Comunicação”.
Durante os três dias, o evento discutirá temas como a sustentabilidade (social, financeira e técnica) dos Centros Multimédia Comunitários, boas práticas na participação comunitária, acesso à informação e liberdade de imprensa, parcerias e sinergias, programa nacional dos Centros, o seu papel no desenvolvimento local, estabelecimento de rede nacional dos mesmos e a conetividade (acesso a Internet).
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