quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

ATINGIMOS O ZERO


Não sabemos como seremos governados por uma Constituição que não votámos, que não aprovámos. Não sabemos se amanhã teremos água, luz, Internet. Se adoecermos como seremos socorridos. Se seremos assaltados, ou vitimas da feitiçaria. Se conseguiremos dormir com o barulho dos geradores ou morreremos asfixiados pelo seu fumo tóxico, mortal.

Gil Gonçalves

Se os nossos apartamentos desabarão pela infiltração das águas dos vizinhos selvagens, atípicos bantus. Não sabemos se conseguiremos tapar os nossos ouvidos por causa das festas, do álcool e dos iguais barulhos aterradores dos escapes livres das motas. Ou se seremos presos porque acusados de difamação ou incitação à violência. Ou por outro motivo por qualquer um do soberano poder. É tão triste viver assim diariamente tão inseguros, sem futuro. Mas os bajuladores dizem que assim é que está bom no reino mais aprazível que até hoje nunca se igualou no Golfo da Guiné.
Os bajuladores já perderam a consciência e desumanizam a nossa vivência. Não irão certamente bajular a Sandra Mariza e o crime desordenado. Sandra Mariza, uma jovem polícia angolana do trânsito foi arrastada e assassinada barbaramente por um jovem tresloucado condutor de táxi durante mil metros. É urgente que as empresas de autocarros assumam também o transporte de táxi e acabem de vez com a desordem criminosa dos taxistas que deveriam estar numa escola e nunca ao volante de um táxi. É também urgente que se acabe com o abandono da juventude em todas, como se diz por aí, as vertentes. É bom lembrar que este caos da Nação espelha a actual governação, que tem de mudar, senão não saberemos o que mais nos desesperará. Para a nossa polícia os nossos mais sentidos votos de pesar e que ajam com muita firmeza porque até nos nossos lares vivemos sempre na incerteza da espera de sermos assaltados. Relembro que a situação calamitosa da nossa criminalidade é sobretudo conjuntural.
E Angola retorna ao 25 de Abril de 1974 – e lugubremente parafraseando Manuel Alegre – não há ninguém que resista, ninguém que lhes diga não. Angola caminha na falsa harmonia do suicídio colectivo. Na falsidade da vida da cidade de Luanda que destrói os nossos cérebros noite e dia. Perante a anarquia governamental do tudo é impune. A única coisa que parece funcionar é a espoliação dos bens dos vendedores nas ruas, e partir casebres para entregarem os terrenos aos congéneres da ansiosa escumalha nacional e internacional. Um conjunto, um marasmo de idiotas que contracenam no nosso terrorismo urbano. Está tudo a ficar muito acidentado. O analfabetismo é a cada momento mais impressionante. São só desempregados e esfomeados sem habilitações literárias e profissionais que invadem ruas e assaltam. Há sempre ondas de roubos diários não relatados, fora do controlo policial. Não existe nenhuma polícia no mundo que consiga conter tal onda de esfomeados. São estes milhões marginalizados que muito brevemente, já acontece, inaugurarão a filial angolana da pirataria da Somália. Nesta total degradação não é possível suportar tantas atrocidades. Não dá para viver… nem para sobreviver. Os novos-ricos andam muito descuidados, então que se cuidem porque serão, junto com os seus bens, as vítimas preferenciais. Ninguém vive em paz. A miséria e a degradação social produzem tal imbecilidade que a população tornou-se tão animalesca que a única saída é fugir. Também impressiona não ver ninguém com um livro de leitura. Também não os há. É política governamental não fomentar, expandir a literatura. A pouca que há, nacional, tornou-se cansativa porque repetitiva. Mesmo assim a maioria dos autores são de leitura duvidosa porque enaltecem os feitos da má governação eterna. Continua a impressionar o porquê não se falar dos autores estrangeiros, publicitar. É como se não existisse Literatura Universal. Promover apenas as banalidades da literatura nacional é contribuir profundamente para o suicídio da identidade cultural. E assim não há país, há uma tribo. E também assim com tanta boçalidade é facílimo governar, espoliar, escravizar. Já não existe povo, apenas autómatos controlados por controlo remoto. Cérebros sem neurónios, sem sentido, sem vida. Até a informação deixou de existir. Os noticiários radiofónicos estão orientados para disseminarem a ignorância. Voltámos às trevas! Comparar Salazar com este tempo de antenas não tem sentido. Na prática pode-se jurar que Salazar era um gajo porreiro. Não é possível regredir ainda mais que antes. É verdade sim! Que aterradora regressão no tempo do nevoeiro cerrado que Angola acaba de fazer. Não é de acreditar que isto bata certo. É imprevisível o que vai acontecer. É possível em 2010 obrigar a democracia para uma ditadura democrática? Aqui por estas bandas é de acreditar que esses planos totalitários escorrerão nos caudais da época das próximas chuvas.
Entretanto, a UNITA finge que está na oposição. Para despertá-los e a toda a oposição, vamos virar as nossas baterias contra eles e não contra José Eduardo dos Santos. É à oposição que compete reverter o actual estado da Nação. Temos presidente de Angola?! Não! Presidente dos estádios de futebol, sim!
A UNITA finge oposição. Para além dela quem mais resta?! Apenas alguns engraçados que querem dar nas vistas utilizando a democracia. Mas para a conquistar, a democracia, é necessário lutar, lutar muito, inclusive com a própria vida. Mas, parece que estão outra vez à espera que alguns estrangeiros “burros” se metam nisso. Porque angolano é incapaz (?). Até nos discursos usam assim umas camisas muito bonitas, especiais… para fazerem, manterem a diferença. Angola e os angolanos suportam o destino predestinado da glória eterna da colonização. Para quê perder mais tempo com isto se não existe ninguém que resista a esta opressão. Tem que ser alguém angolano que dê mostras de oposição, de luta contra a ditadura. Não existindo, para quê perder mais tempo com Angola?! Na conversão da UNITA em diocese já sabemos qual é a sua revelação. Desculpem lá mas esta é a verdade sem rodeios. Não existindo “confronto” a José Eduardo dos Santos, não se podem atribuir culpas do estado actual da Nação e do seu assalto à Constituição. Caramba! Mas não existe ninguém em Angola que lhe faça frente? Têm assim tanto medo dele? Porquê?! Porque ele é mais esperto, mais inteligente que toda e qualquer oposição. Perante a infantilidade da oposição reina a astúcia da velha raposa. E neste zero de Luanda prosseguem nos quintais os ferozes ataques contra desprevenidos cidadãos dos cães mastins que dilaceram os corpos dos esfomeados, dos condenados à morte pelos campos petrolíferos. Fica extremamente perigosa a aprovação, legalização canídea de quem ordena nesta cidade. Transformaram-na num canil governado por cães raivosos eternamente à solta, soltos no poder. Prontos para nos esfacelarem. Luanda é uma urbe de cães selvagens. Por aqui facilmente notamos que como seres humanos não temos qualquer finalidade ou utilidade nesta governação que é contrária à génese humana. Ele é a erva daninha desta Natureza. Muito especiais são os especuladores imobiliários que nos transformam em cães. Não vivemos nas cidades deles mas sim em canis de betão. São como bombas, são como terroristas dos imóveis e ninguém ousa gradeá-los.
Há também outros, sempre documentários diários. Não sei para que é a servidão de qualquer acontecimento mundial, este ser obrigatoriamente comentado pelo Papa vaticinador do Vaticano. Mais parece um comentador desportivo da nossa Rádio 5. E como é fácil ludibriar as massas sim e não católicas garantindo que a jovem Susanna Maiolo que o atacou sofre de perturbações mentais. Porquê escamotear a verdade? O que realmente aconteceu? Que amargura vive nessa mulher? Que atrocidades lhe fizeram?
Que loucuras globais, que mistérios se escondem nos políticos nas actuais políticas mundiais que nos governam tal e qual como num asilo de loucos? Isto não é a globalização mundial, é a loucura global, total, totalitária. Caminhamos como que hipnotizados para o suicídio da massiva globalização. E ninguém consegue submergir deste mergulho, desta escuridão.
É imperioso realizar transformações sociais profundas para resgatar as populações à dignidade sem promessas falsas. É que a feitiçaria anda a monte. Está tão disseminada por esta Angola descontrolada que se não for parada assistiremos, contribuiremos definitivamente para o golpe final da nação angolana, para gáudio dos especuladores nacionais e da conjura nacional e internacional. É que os jovens aderem massivamente aos comités clandestinos da especialidade da feitiçaria. Como estão abandonados pelo Politburo, que perde o tempo em estádios e na devassidão faraónica, a juventude abandonada, desempregada, sem futuro, espoliada dos poços de petróleo, sem fundo de desemprego – isto é a continuação do marxismo-leninismo – não tendo outra visão de vida, atira-se de corpo e alma para a feitiçaria. No fundo é a sobrevivência de Angola que se joga nos bastidores dos estádios de futebol. É o CAN 2010 da feitiçaria. E quase cinquenta anos depois o ministro das Obras Públicas, mais um general, Higino Carneiro, atesta quase com orgulho: «Não temos quadros.» Foi certeiro… como as nossas universidades que não merecem tal nome. Dinheiro do Estado é para uso pessoal e para enriquecimento ilícito. Para universidades pessoais para formação exclusiva de quadros da corrupção. O dinheiro que se gastou nos estádios se fosse investido numa universidade de referência, os préstimos seriam os desejados. Mas como ainda nos sujeitamos aos caprichos pessoais de um chefe supremo, continuaremos subjugados pela FAMÍLIA e desempregados estrangeiros. E enquanto descarrilados no comboio da paz, o futuro desestabilizado acontece, perece. Convém lembrar que a continuação da imposição da chefia e seus chefitos é tribalismo. Não formam quadros porque têm medo de perderem o poder. Havendo quadros devidamente formados manter-se-á a mesma perdição da subjugação da militância do sempre o mesmo partido com os mesmos políticos que sem inovação permanecem na utilíssima mesquinhez. É um imenso prazer reinar em palácios rodeados de aparatos militares e outros esbanjamentos luxuosos, enquanto nas cercanias andrajosos arrastam-se na vã tentativa da obtenção de uma moeda ou de uma bênção. A África e particularmente Angola regridem para o tempo da caça aos escravos e dos irresponsáveis e incompetentes. E nenhum é preso, nem demitido porquê?! Porque são marxistas-leninistas, foras-da-lei. Destruidores de povos e de nações. Promovedores de intempéries, de hecatombes. Como é possível este lixo da História ainda sobreviver? Porque as democracias fedorentas alentam-nos, dividem os despojos com os abutres. É terrificante ver intelectuais acomodados no sistema que já desistiram da luta. O marxismo-leninismo não pode triunfar.
E reforçam-se reinaugurando as estruturas do poder popular e dos comissários do povo para melhor responderem às características revolucionárias do processo em curso. Assim esmagarão qualquer tentativa golpista da reacção interna e externa. E a igreja segue com a história que lhe é característica. Fingindo que luta contra a opressão, sempre camuflada do lado deste governo que continua genuinamente colonial. De facto se a igreja estivesse interessada há muito que Angola seria independente. Convém a manutenção dos escravos nos currais. Quanto mais analfabetos melhor, não chateiam, bebem, dormem hipnotizados, abandonados, queimados pelos álcoois religiosos.

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