quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

África do Sul. Inimigo público nº 1 da polícia de trânsito é luso-descendente António Pina


Um residente de Joanesburgo, que se auto-intitula “Pigspotter” (localizador de porcos), e que alerta os motoristas para os radares de velocidade e “operações stop” em curso é um luso-descendente.
O “Pigspotter”, cuja identidade nunca foi tornada pública por razões óbvias, é o inimigo público nº 1 das polícias de trânsito do país e vários cidadãos, em pelo menos três das nove províncias sul-africanas, aderiram às suas redes sociais no Twitter e Facebook, alertando os condutores que os seguem, em tempo real, para a localização de novas câmaras, móveis e fixas, bem como operações-stop.
Para o anónimo cidadão que nunca foi identificado pelas autoridades, o nome “Pigspotter” não foi escolhido com intuitos insultuosos, sendo mais uma “paródia” ao facto de eles se esconderem em arbustos à beira das ruas e estradas com os seus radares móveis, emitindo milhares de multas por excesso de velocidade enquanto, em sua opinião (partilhada por milhares de admiradores e jornalistas da especialidade) ignoram atropelos muito mais sérios à segurança rodoviária.
Um outro argumento utilizado pelo “Pigspotter” e por milhares de apoiantes nas redes sociais é que grande percentagem dos agentes das diversas brigadas de trânsito, em particular da Polícia Metropolitana de Joanesburgo, é corrupta e aceita subornos de motoristas.
A corrupção entre a polícia de trânsito sul-africana é um facto inquestionável e provado por dezenas de processos disciplinares instaurados pelas suas divisões a agentes, e que levam ao despedimento de grandes números deles todos os meses.
A Polícia Metropolitana de Joanesburgo (JMPD), sob a qual operam os agentes da brigada de trânsito nesta cidade de mais de 5 milhões de habitantes, ameaçou em meses recentes o “Pigspotter” de que iria emitir mandatos de captura por o considerar uma ameaça à ordem pública e culpado de crimes vários, nunca especificados.
A certa altura, o misterioso personagem, que tem hoje milhares de seguidores em Joanesburgo e em todo o país, contratou um advogado, que se reuniu com responsáveis da JMPD para esclarecer e contestar as acusações públicas lançadas contra o “Pigspotter” pelo chefe da divisão de trânsito Wayne Pienaar.
Após a reunião parece ter ficado claro que as atividades do seu constituinte não violam qualquer lei do país e as autoridades deixaram de lançar avisos ao “localizador de radares e patrulhas policiais”.
Em entrevista recente à rádio estatal “5FM”, o “Pigspotter” falou em detalhe das suas atividades e confessou, a uma pergunta de uma ouvinte que detetou o seu “leve sotaque português”, que é, com efeito, luso-descendente.
O homem, que revelou ter entre os 25 e os 30 anos, contou que circula regularmente nas estradas e auto-estradas de Joanesburgo para detetar novos radares e recebe também informações de colaboradores, que transmite de imediato no Facebook e no Twitter.
“Faço-o em protesto contra um sistema que está corrupto até à medula e que é desenhado com o lucro em mente, em vez da segurança dos automobilistas”, disse na entrevista, confessando, quando questionado pela entrevistadora, que já pagou subornos para evitar multas embora se tenha sentido posteriormente “tão culpado como o agente que lhe pediu o dinheiro e o meteu ao bolso”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário