Cerca de seis dezenas de militares e polícias da Guiné-Bissau estiveram no dia 21 reunidos numa unidade hoteleira de Bissau para um debate sobre a implementação do programa de reforma do setor de defesa e segurança, organizado pelas Nações Unidas.
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas guineenses, António Indjai foi convidado para o encontro, mas não esteve presente, devido a uma “reunião de urgência” com o primeiro-ministro, tendo sido representado pelo seu chefe de gabinete.
Em declarações à imprensa, o tenente-coronel Dabana Walna considerou o encontro “muito importante”, na medida em que irá permitir aos militares e policiais “apropriarem-se do processo de reforma”.
O responsável militar afirmou que, contrariamente ao que se diz, o processo de reforma do setor de defesa e segurança guineense, não parou, mesmo com o abandono do parceiro União Europeia. “A União Europeia abandonou o processo, mas o processo continua com os parceiros CEDEAO e CPLP”, declarou Dabana Walna, sublinhando que o encontro serviu para divulgar as recomendações das cimeiras internacionais realizadas tanto no país como na Nigéria para dar sequência à reforma.
O chefe de gabinete de António Indjai referiu que em breve “algumas realizações” vão começar a ser visíveis no âmbito da reforma do setor de defesa e segurança, com os apoios da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Dabana Na Walna destacou também que a reforma que vai ser levada a cabo significará “revolucionar e modernizar” as Forças Armadas da Guiné-Bissau, o que não poderá ser entendido, contudo, como um processo de mandar as pessoas para casa, notou.
Ministra do Interior apresenta a demissão
A ministra do Interior da Guiné-Bissau, Satu Camará, apresentou a demissão do cargo, segundo um documento tornado público no 21.12, e entregue ao primeiro-ministro.
No documento, Satu Camará explica que os “factos ocorridos e tornados públicos após ter nomeado os diretores nacionais adjuntos (…) afetaram de forma irreparável a relação de confiança” existente com o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior - “o que tornou impossível a minha permanência no governo”, sublinhou.
No passado mês de outubro, o primeiro-ministro decidiu suspender a ministra de funções por alegada desobediência. Num comunicado, o primeiro-ministro explicou que decidiu suspender a ministra, porque Satu Camará nomeou novos diretores nacionais adjuntos, apesar de em Julho de 2009 ter determinado em despacho a proibição de se fazerem nomeações para “não perturbar ou prejudicar o processo de reforma em curso no setor da defesa e segurança”.
"A senhora ministra do Interior tinha perfeito conhecimento do despacho e, não obstante, entendeu dever fazer várias nomeações de pessoal (oficiais superiores) ao nível do seu Ministério (...) sem conhecimento prévio do primeiro-ministro", refere Carlos Gomes Júnior no documento.
Satú Camará refere ainda no documento que decidiu apresentar a demissão para “facilitar o impasse institucional” e por entender que, enquanto “combatente da liberdade da pátria”, deve fazer parte “da solução e não dos problemas da governação”. Segundo a ministra, assim ficam criadas as “condições políticas para ultrapassar o incidente criado pelo despacho que putativamente me suspende do cargo”.
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