quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O senhor dos estádios dos futebóis e dos basquetebóis. Gil Gonçalves


Ó dos casebres! Olhai! Do alto destras torres e condomínios, quase quarenta anos de espoliação da junta militar vos contemplam.
Já estamos na época das chuvas. Vai chover em Benguela, vai chover no Huambo. O capim seco vai ficar molhado. E tudo o que é negro virá outra vez humedecer-se na vegetação. Muitos cantos de aves se ouvirão, sentirão. E os negros da negra fome continuarão sem refeição. Apenas assistirão aos fartos banquetes dos bancos brancos, no estigma do neocolonialismo subtil. De revolta em volta negra até à verdadeira independência, à liberdade que tarda.
Este reino é obra de portugueses, brasileiros e chineses. Com a invasão deles, Angola desenvolve-se a olhos nunca vistos. A água, a energia eléctrica e a Internet que o lamentem, desviaram-se para o CAN. A população e as empresas que se danem. A barbárie marxista-leninista reimpõe-se sem disfarce. Dantes era tudo pelo povo, agora é tudo pelo CAN. Estádios de futebol sim! Casebres não, demolição.
Isto dantes era do povo, agora é da FAMÍLIA e dos estrangeiros. O MPLA planta napalm, depois colhe-lo. E nas noites continuamente aterradoras ouvem-se as habituais ameaças, constantes palavras de gelar o sangue: «cuidado que ele trabalha na presidência da república».
Parece que ninguém nota, não quer saber, não quer ver que Angola está a ser vendida aos estrangeiros. Também ainda há-de ser uma província do comunismo chinês. Mao, lá está sempre omnipresente. Os escravos do Partido Comunista Chinês labutam e engrandecem-no na Internet vigiada, espiada.
E disse o Senhor dos Estádios: Há governantes que para demonstrarem convenientemente a sua governação deveriam indumentarem-se de arcos, flechas, tangas e machados de pedra.
E os nossos intelectualóides desiludidos e divididos na falsidade individual do apenas quererem saltar dos bastidores e para nos usarem. E autopromovem-se. Já estamos cansados de os aturar. Já nos ferem os ouvidos, os olhos e o espírito de tanto papaguear. E continuam no individual batalhar.
Só um governo ilegal permite ilegalidades. Mas quando é que isso do marxismo-leninismo acaba? É só roubar, roubar, aonde é que vai parar? Qual é o futuro de um país assim?! Já está no caos. Não tem salvação nenhuma (?). Isto está horripilante. Quase nada funciona, é tudo a fingir. Só funcionam o petróleo e os diamantes, agora sem isso é clarividente que só os estádios jogam e partir casebres… aqui plano cumprido a 100%. E a terra é de quem a roubar.
Isto por aqui desintegra-se. Os especulares imobiliários já ameaçam com a morte um governador. O problema é que tudo o que é estatal continua na bandeira marxista-leninista. É tudo ao contrário. Todo o mundo constrói prédios de dia, aqui é de noite. E há crime de poluição sonora previsto e punido por lei. Mas, qual é a lei que funciona? Por enquanto é a lei deles. Aparentemente parece já não existir ninguém que resolva problemas. As empresas que estão em falência técnica sem o demonstrarem, aproveitam-se da desordem económica e despedem angolanos, estrangeiros não. Como na actual conjuntura portuguesa, é a política da mentira. E como são especialistas na destruição, destroem Portugal, e enlevam-se também no construir/destruir Angola, porque não?! Presentemente são os génios mais destrutivos do planeta. Quem vai na conversa portuguesa embala-se, adormece e tudo se evapora, se enevoa. Em Angola o crime compensa. Com o colapso dos hospitais estatais, o caos total e completo instalou-se definitivamente. E é apenas um grupo de indivíduos que está por trás da capa e espada.
E o Senhor dos Estádios enviou esquadrões de cavalaria, matilhas de cães raivosos, mais que demolidores para devorarem populações. Colunas de tanques, tudo o que é e não é polícia. A sua guarda pessoal e impessoal. Todas estas forças para a invasão e reconquista do Iraque de Luanda. Clamou o Senhor dos Estádios: «Desgraçados… porque se lembraram de inventar um nome assim para um bairro?!»
Um campeonato já está ganho, no papo, exímios vencedores, detentores do analfabetismo. Nós, os inventores célebres dos geradores eléctricos da morte. Somos apenas gerados por geradores eléctricos.
Com tanta miséria há o risco de Luanda se transformar em mais um narcoestado. Luanda está cavernícola, cadavérica, porque não havendo regras de convivência social, fortalece-se apenas a lei da selva pela luta da sobrevivência. Em qualquer momento, em qualquer lugar pode desaparecer-nos a vida. E há desconsolo generalizado. E a crise económica global não afecta o poder nacional. Apenas a reles populaça vive cada vez mais mal. Nota-se nesta incivilização humana que nada se desabituou. A sucessão do poder continua. Um punhado de monstruosidades subjuga multidões agigantadas. Apesar das revoltas, pouco, nada mudou… piorou. As revoltas foram pessimamente orientadas, comandadas.
História tão insignificante, vil. Está tudo no poder estrangeiro. Receamos que um dia destes ao sairmos para a rua eles nos impeçam de o fazer. Já saturam, já presidem nos pobres governantes que revenderam Angola. Como o petróleo e os diamantes já não dão nada, então atiram as garras para terrenos e vampirescos parte-casebres, invocando sempre a lei da ilegalidade. Tudo o que é ilegal é normal. Retrocedemos muito o que não é de espantar. Convém lembrar que um exército espelha o seu comandante.
Não são os sistemas económicos que não funcionam. São os que nos governam com as suas políticas e mais as suas religiões. São os governantes errados nos lugares errados.
E o Senhor dos Estádios satisfez-se com tamanha malvadez, pelo sofrimento que flagela às populações que lutaram para ele continuar eternamente no poder. E conclamou os seus amigos para na terra destroçada erguerem estádios e outras desorientadas construções. Só em Angola é que está a dar. É tudo tão fácil. Corre-se com a população e constrói-se. Quem refila leva nos cornos.
O incrível é ouvirmos os mesmos políticos quase há cinquenta anos proclamarem as mesmas promessas mentirosas. E o povo analfabeto acredita, claro. São necessários muitos analfabetos para que não haja alternância do poder.
A cada dia que nos trespassa, vemos a desilusão de Angola acontecer. A idiotice é tão flagrante, possante. Como um submarino que mergulhou bem fundo, avariou e lá ficou, aprisionou. Irremediavelmente nunca conseguirá voltar à superfície.
O povo angolano é imensamente sortudo, muito libertado. O marxismo-leninismo libertou-o, conforme atestado por russos e cubanos. A libertação continua agora com portugueses, brasileiros e chineses. Ainda não aconteceu luta de libertação. A outra, a tristemente célebre, foi apenas um ensaio, uma grande desilusão. Vê-se nos seguranças que há vários meses não recebem salários nem alimentação. Como prisioneiros num campo de concentração nazi, conseguem algumas bolachas, juntam-lhes água, e é a única refeição neste campo da morte do grande desenvolvimento económico.
Por vezes ficamos confusos. Será que estamos em 2009? Ou alguém como o MATRIX truncou o tempo, porque parece que estamos aí por volta do ano 1975, 1980.
A militância é tal que por vingança não fazem publicidade na Rádio Ecclesia. E a Rádio Luanda do Politburo quando despeja o saco dos anúncios não dá… dá sim, é lenga, lenga, lenga para nunca mais os ouvir. Também anunciam muito na LAC-Luanda Antena Comercial, é da FAMÍLIA.
O céu está diferente e indiferente. Quando as chuvas chegarem muitos desastres vão acontecer. Onde só se anarquiza a rodos, a insegurança cavalga. Muitos dissabores, muita mais desgraça não tardará, não nos largará.
O Senhor dos Estádios tem apenas uma ideia fixa: mais estádios, mais futebóis, basquetebóis e caubóis. E o seu reino infestou-se de carniceiros e cães pardieiros que semeiam muitos estádios de futebol, muitos prédios, condomínios, torres e demais desordens. Às populações ordenou-lhes que se concentrassem nas tendas dos campos de concentração. E que depois serão encaminhadas para as câmaras de gás que sobraram dos nazis.
Até que a água timidamente ainda subia alguns degraus dos andares. Agora que a desviaram para os estádios e prédios só deles, sumiu. Outra vez, sempre no regresso a 1975. Não se consegue sair deste ano. Parámos no tempo. Os relógios avariaram, perdemo-nos e encontramo-nos no tempo de Estaline. É isso, fomos deportados, continuados na escravidão. Confeccionados e amordaçados por este temeroso, teimoso poder apoiado pela ocidentalização.
Mas que fraca visão económica e financeira. Aguardar pela subida dos preços do petróleo para pagar as dívidas contraídas. O petróleo jamais será como antes. Vejam-se os novos modelos de carros e o excesso de petróleo no mercado, energias alternativas. O petróleo já era. Que desgraça! Sem o petróleo somos tão vulneráveis, imprestáveis. Será impossível viver da especulação dos preços petrolíferos.
E o Senhor dos Estádios ordenou aprontar grande negócio nacional e internacional. Calculando afronta da população orientou aos milhões de dólares guardados no cofre de âmbito pessoal, que se gastassem quantias principescas nas polícias e exército para baterem onde dói mais… na população. Chamou mais estrangeiros para apoiarem o plano da devastação populacional final. Estrangeiros, daqueles revolucionários com elevadíssimos salários, e incomensuráveis mordomias. Dividiu com esses agentes o dinheiro do petróleo. E aos seus súbditos tendas… mais nada. Atenção! Tendas são para quem merece! As crianças no futuro do amanhã muito incerto choram abandonadas dia e noite, estateladas na macabra tempestade petrolífera.
E o Senhor dos Estádios obrigou os desgraçados das tendas a prepararem, a festejarem os milhões gastos no Can 2010. Difícil é a água, a luz, a Internet, sem emprego, e o dinheiro para o pão está cada vez mais corrupto. Os preços vão subindo, subindo. Com tal tratamento e agradecimento, os que votaram no Senhor dos Estádios, ele sabe que a cólera os enviará para os céus. Porque para os infernos irão eles. Lenta e seguramente a população escasseará. A prova disso é que já não há espaço nos cemitérios, nem médicos, nem lugares que cheguem nos hospitais (?).
O Senhor dos Estádios assume que esta gentalha dos casebres chateia muito. E a discriminação é tal, infernal até nos cemitérios. Há-os para ricos e para pobres. Dantes a nossa luta era contra os brancos, agora é entre nós. A única lei que funciona é a da pedra. O demónio tomou conta definitivamente desta cidade. Até os gatos miam tão estridentes, (será alguma vingança, alguma manifestação de protesto? mas, as manifestações estão proibidas, exceptuando as do poder, claro) imitam vozes de criancinhas. É arrepiante, já não são as noites do cio da gataria.
E os deuses instituíram o sono de chumbo nos nossos intelectuais. Mas andam por aí, como sempre a sonharem desalmados.
upanixade@gmail.com
Foto: pobrezinhos, o PIB da água está tão escasso. (Ermelinda Freitas)




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