quarta-feira, 3 de agosto de 2011

AQUI ESCREVO EU. William Tonet. Não defendo patifarias de clientes mas a verdade


Hoje decidi assumir um conjunto de reparos que me têm sido feitos, por, na qualidade de advogado, estar envolvido no processo dos oficiais do Comando Provincial de Luanda, da Polícia Nacional, também conhecido como “Caso Quim Ribeiro”, mas não como defensor do ex-comandante, mas sim de outros oficiais presos.
Sei da muita contra-informação a pairar no ar, contra os arguidos-presos, que não se podem defender, por razões óbvias.
O medo sobre a verdade a muitos acovarda! Logo não é isso, decerto, que me deve levar a abandonar a luta pela justiça e respeito aos direitos humanos, tão carentes na nossa terra.
A minha presença neste processo deve-se ao respeito constitucional de todos cidadãos terem o direito a um advogado, quando constituídos arguidos ou réus, mas não para esconder patifarias dos clientes. Estou de consciência tranquila dando o meu melhor, para ajudar a JUSTIÇA.
No caso vertente, estou interessado em ver esclarecida a verdade, para que o nosso povo saiba, quem foram os verdadeiros assassinos pela morte dos oficiais Domingos João e Domingos Maquiaze e do alegado roubo de USD 3.700.000,00 (três milhões e setecentos mil dólares).
Para muitos meus familiares e amigos não me deveria envolver neste caso, em função da ingratidão das pessoas, que servem o regime ou a política, quando se encontram em liberdade, exibindo-me um rolo de exemplos desde políticos da UNITA, MPLA, FNLA, Miala & Cª, que quando em liberdade, não conseguem retribuir a sua solidariedade. Não se fazem gestos, esperando retribuição e ainda bem que assim é para melhor conhecermos os homens.
Ademais ninguém nos pode acusar, principalmente, os políticos de alguma vez, lhes termos pedido dinheiro ou aceite o seu jogo da corrupção, visando branquear as suas posições. Logo se antes não aceitamos, não o faremos agora, recebendo dinheiro de Quim Ribeiro, que não é meu constituinte.
Tudo o que fizemos, não agradando a todos é em nome da democracia, da JUSTIÇA e na luta incessante contra a INJUSTIÇA, daí a contensão verbal, no sentido de não trazer casos do processo ao público, por respeito a todas as partes, principalmente, as encarceradas, que ainda gozam da Presunção de Inocência.
Infelizmente não é entendimento de quem deveria ser o guardião dos autos, tanto que se assite ao vazamento tendencioso de peças processuais, só possível com a cumplicidade de instrutores da Procuradoria Militar e PGR, para certa comunicação social, visando incutir na opinião pública, uma imagem de criminosos e gatunos, a cidadãos que ainda não foram a Tribunal, esgrimir os seus argumentos de defesa ou condenação.
Esta atitude descredibiliza mais a imparcialidade que órgãos de justiça devem ter, quando estão cientes de terem os elementos probatórios, visando nos marcos da lei chegar-se a verdade material e não a forja da mentira.
Estamos na presença de duas mortes, que mais do que publicidade barroca, precisam de ser esclarecidas, principalmente, se sabendo, ter o intendente-chefe, Domingos João, sido antes condenado a uma pena de prisão correcional de quatro meses, cumpridos na Comarca de Viana, após queixa-crime, apresentada, pelo comité do MPLA do Zango, face a invasão e perturbação da sua sede.
Mas, na cadeia, Joazinho, que nunca foi visitado pelos seus colegas do Comando Geral da Polícia, havia solicitado protecção e ninguém a deu…
Porquê?
A culpa morreu solteira…
A única certeza, no mistério da morte de Domingos Adão é de não haver nenhum despacho do Comando Geral ou do ministério do Interior a nomear o finado, para investigar o caso BNA, que sempre esteve em sede de investigação da Procuradoria Geral da República.
Neste caso, se durante um julgamento que se espera imparcial e transparente, se chegar a conclusão da culpabilidade destes oficiais, nos crimes de assassinato e roubo, serei o primeiro, a condená-los por desmerecimento dos galões da Polícia Nacional, uma instituição que deve ser prestigiada por todos os seus membros.
Por esta razão e outras mais devemos ter noção do passado, para não se repetirem, casos como os dos deputados da UNITA, presos por não aderirem a UNITA-Renovada e acusados de ligação a Jonas Savimbi, que estava nas matas, ao do jurista Francisco Luemba, padre Raul Tati e outros de Cabinda, acusados de atentado a delegação do Togo ou ainda de Fernando Garcia Miala, acusado inicialmente de tentativa de golpe de Estado e depois condenado a um crime de insubordinação. Todos apresentados com pompa e circunstância para depois a montanha parir um rato.
Desculpem-me mas muito gostaria, que na justiça, política não! Ponto Final! E a sociedade civil autóctone deveria estar, também, comprometida com a verdade e a pureza da justiça, porque senão, amanhã, serão muitos dos actuais membros da sociedade civil chamados a inquisição e aí será tarde e não haverá contemplação, numa procisão já iniciada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário