sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Pastor de Igreja Evangélica morto à pedrada acusado de feitiçaria


Um homem de 60 anos, pastor da igreja adventista de 7º dia, foi apedrejado até à morte, em Luanda, no dia 13, por membros da sua família, que o acusavam de ser feiticeiro e ter provocado a morte de uma sobrinha.
Na morte do pastor, estiveram envolvidos netos e sobrinhos da vítima.
O porta-voz do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, superintendente Jorge Bengue, disse no dia 14 que os agressores, num total de quatro, se encontram foragidos.
Segundo Jorge Bengue, a polícia está a trabalhar com a família da vítima para a localização dos alegados autores do crime.
Um sobrinho da vítima, Pedro Vicente, explicou que a confusão começou quando um dos filhos da falecida, empunhando uma arma de fogo “Kalashnikov” começou a fazer disparos no meio da cerimónia fúnebre familiar.
“Com isso, a vítima foi apedrejada e espancada com vários objectos contundentes, tendo falecido minutos depois de chegar ao hospital devido à gravidade dos ferimentos”, explicou Pedro Vicente.
O familiar lamentou a situação, mostrando indignação pelo acto, que aconteceu no dia em que a vítima completou 60 anos.
Jorge Bengue informou que no mês passado a polícia conseguiu impedir uma acção semelhante, num cemitério, onde um grupo de pessoas pretendiam agredir um membro familiar, acusando-o de feitiçaria.
“Foram alguns familiares que ligaram para a polícia a avisar e conseguimos evitar o pior”, acrescentou Jorge Bengue.
De acordo com o conhecimento da polícia, porque a maioria dos casos são omitidos, o porta-voz referiu que são poucas as ocorrências desse tipo que chegam pela família, que só contactam a polícia quando a acção resulta em homicídio.
Mas as denúncias de idosos e crianças alvo de brutalidade têm-se sucedido em Angola, com a igreja católica na linha da frente da divulgação deste tipo de comportamento, sempre justificado por acusações de feitiçaria.
As crianças e os idosos são os grupos mais afectados porque, como já explicaram alguns sociólogos, a acusação de feitiçaria é um recurso usado para que algumas famílias se livrem de membros indesejados, quase sempre por razões económicas, em que estas pessoas são vistas como fardos.

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