Com tanta fissura em hospitais e estádios de futebol, mal-estar no ex-governo – conjunto de indivíduos a que se deu o nome de ministros e fazem de conta que governam – , isto sem contar os atrasos endémicos no pagamento de salários e a desilusão crescente da maioria da população, sobretudo em Luanda, onde a vida se torna de dia para dia cada vez mais difícil, o F8 já tinha avisado aqui há umas semanas atrás que algo parece estar a apodrecer no reino do “Ngola”.
Felizmente que o Presidente da República também se tem dado conta do caso, talvez, e por que não, por se ter habituado a ler os “pasquins”, e ultimamente tem tomado algumas medidas que apontam para a necessidade de um saneamento geral da coisa pública.
Fala-se muito nos tempos que correm na remodelação da equipa de ministros, que não sabemos como devemos denominar, pois se antes era governo agora já não é, e por ora um deles já saltou, o ministro do Interior, depois dessa descoberta tardia de rapto de um cidadão português de passagem por São Tomé e Príncipe (mais de um ano de atraso entre o crime e o castigo). Os outros, com certeza que não perdem nada pela espera e saltarão mais cedo ou mais tarde.
Por enquanto, à parte o ministro Leal “Ngongo”, do Interior, o que também saltou foi o Gabinete de Reconstrução Nacional por ocasião de uma espécie de golpe de teatro, quando José Eduardo dos Santos anunciou no passado dia 28.09, em Luanda, a transferência das novas centralidades do Kilamba Kiaxi, Zango e Cacuaco, do Gabinete de Reconstrução Nacional (GRN) para a empresa Sonangol Imobiliária.
A partir de agora, informou o Chefe do Executivo, será a Imobiliária da multinacional angolana que cuidará de todas as matérias relacionadas com o desenvolvimento do projecto e com a venda dos espaços e edifícios das centralidades projectadas para Cabinda, Kuando-Kubango e Dundo. Essa decisão, explicou o Presidente José Eduardo dos Santos, insere-se num “conjunto de medidas que tem a ver com a transferência de todas as responsabilidades” que cabiam ao Gabinete de Reconstrução Nacional, no quadro da execução de vários projectos do Estado referentes à reabilitação de infra-estruturas e edificação de novas centralidades.
A Sonangol fica igualmente com a responsabilidade da Zona Económica Especial (ZEE) de Luanda-Bengo e espera-se que pelo menos 14 mil pessoas venham a conseguir postos de trabalho nas 70 unidade fabris da ZEE, orientada lá de cima para trabalhar em consonância com a centralidade do Kilamba-Kiaxi.
Por aqui se vê quem manda. E é apenas uma pessoa, JES. Além disso, o Chefe não se esqueceu de relembrar a insipiência dos seus homens de terreno, a começar pela infeliz governadora de Luanda, que foi simplesmente tratada de incapaz. Quanto aos outros executantes do executivo (os ministros) o PR pô-los todos no mesmo saco, disse nas entrelinhas que todos eles jogavam numa segunda divisão e que ele precisava era de craques, e, à maneira de um Zé Mourinho angolano tinha decidido contratá-los no estrangeiro.
Não nos parece que esta tenha sido a melhor solução para pôr um termo à degenerescência do poder político vigente, mas enfim, à falta de melhor, a “sonangolização” do país tem a sua razão de ser, pois praticamente todo o dinheiro que deveria ser aplicado em investimentos de índole social, na Educação e na Saúde caiu direitinho nos cofres da Sonangol e dos seus “boys”.
Enfim, isto é Angola. É o reino de um Homem, que demitiu, publicamente, o seu gabinete e nomeou uma empresa pública, como a nova entidade governamental, colocando na chacotra todos os actuais ministros, que são vistos de soslaio pelos seus colaboradores e público.
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