quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Carta aberta. Tantos doutores estão no Roque…


Ninguém!

Ninguém mesmo escolheu ou escolherá a sua coloração epidérmica, muito menos o lugar onde nasceu ou nascerá.

Nasci com mais ou menos outros quinze milhões de seres humanos numa coordenada geográfica que no mapa deste Planeta indica a República de Angola, Estado Democrático e de Direito. Por isso somos apelidados Angolanos, filhos desta Pátria de que tanto nos orgulhamos pertencer e pela qual nos temos batido desde os tempos de Gloriosa Rainha Ginga.

Nesta terra bendita por Deus, uns são heróis, outros, antigos combatentes e veteranos de guerra, nós, os desmobilizados e muitos espalhados por Angola toda, OS MUTILADOS DE GUERRA.

Também nos orgulhamos e classificámo-lo de acto insólito, a elaboração e aprovação da nova Constituição que tem como artigo primeiro:

“Angola é uma República soberana e independente, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade do povo angolano, que tem como objectivo fundamental a construção de uma sociedade livre, justa, democrática, solidária, de paz, IGUALDADE e progresso social. Mas só no papel, porque a realidade é matreira e para a maioria dos angolanos a vida é apenas o dia que se segue a um outro, à procura de bens de sobrevivência.

A erradicação do analfabetismo que é obrigação do governo, ainda está muito longe dos anseios dos angolanos. Além disso, a alfabetização não se limita simplesmente em ensinar a ler, a escrever ou a saber assinar o nome, mas sim a interpretar correctamente aquilo que se lê, se ouve e se vê.

Estamos a pouco mais de um mês para celebrarmos o 35º aniversário da Dipanda, que tanto sangue nos custou para a consolidar para em retorno termos tão poucos benefícios, pois embora comungássemos os mesmos objectivos, hoje constatamos que eles nos são recusados: Nos dias que correm, Angolanos existem que nascidos em 11 de Novembro de 1975 nem o seu nome sabem assinar, mesmo tendo sido contemplados na tão famosa Constituição, mas só com um cheirinho, para ilustrar: art.º 81º - Os jovens gozam de PROTECÇÃO ESPECIAL para efectivação dos seus direitos económicos, sociais e culturais nomeadamente:

a) No ensino, na formação profissional e na cultura

Os poucos que conseguem terminar o ensino primário, Vêm-se e desejam-se para ingressar no ensino médio que depois de o terminarem, travam a mais árdua batalha para uma vaga no ensino superior, socorrendo-se a maioria nas instituições privadas, que cobram propinas que custam os olhos da cara, noves fora as constantes penalizações, porque nas públicas só mesmo com a mão de Deus ou da ONU.

Não se podendo edificar uma Nação se não se apostar na educação, à semelhança das outras Nações, onde Sua Excelência o Senhor Presidente quer ir recrutar especialistas?

Orgulha-me dizê-lo de viva voz: O ANGOLANO E DOTADO DE UMA INTELIGÊNCIA FORA DO COMUM, mas também digo com muita consternação: pena não ser aproveitada essa super dotação, na maior parte das vezes, por usarmos T-shirts sem o timbre.

Sua Excelência já avaliou o curriculum de todos quantos passaram pelo Governo Provincial de Luanda?

Será, Senhor Presidente, que neste universo de quinze milhões de Angolanos que somos, não existem homens capazes de levar este País ao destino pelo qual nos batemos?

Não será Sua Excelência uma prova evidente que sim?

Há muitos por aí, Senhor Presidente, só que estão no Roque

Luanda 28 de Setembro de 2010

Tico Malanjino

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