quarta-feira, 4 de maio de 2011

Marcolino Moco e o Congresso do MPLA. Vai começar uma campanha eleitoral "montada numa falsidade"


Nisa Mendes

Marcolino Moco, antigo primeiro-ministro, ex-secretártio geral e militante do MPLA, considera o IV congresso extraordinário do seu partido, como o lançamento de uma campanha eleitoral “montada sobre uma grande falsidade”.
Em finais de 2009, foi realizado o VI congresso ordinário do MPLA, mas Marcolino Moco recusou o convite para participar nesse conclave, que esperava trazer "novidades" ao país, tendo em conta os discursos de combate à corrupção pronunciados naquele ano pelo presidente do partido e da República, José Eduardo dos Santos.
Desta vez, Marcolino Moco não foi convidado, mas mostra-se cético quanto às novidades que poderá suscitar este congresso extraordinário para avaliar o grau de aplicação do programa de governo proposto nas eleições de 2008 e traçar as estratégias de atuação para os próximos anos.
O político e docente universitário, uma das vozes contestatárias do partido, entende que os militantes devem aproveitar o congresso para refletirem sobre o perigo “de um país em que os partidos políticos não podem jogar o seu papel num sistema democrático”.
“Em política há sempre manipulação, mas considero que as manobras que José Eduardo dos Santos vai fazendo, obrigando todo o partido a estar a seus pés, são altamente perigosas para a segurança e estabilidade do país”, diz Marcolino Moco.
No entanto, considera “bons sinais a rejeição ou pelo menos reflexões” recentes de deputados do MPLA (que não identificou), sobre a aprovação de duas leis com as quais não concordavam – a do investimento privado, aprovada na semana passada, e a das comunicações eletrónicas, que ainda não foi votada no Parlamento.
“Foi algo inédito, nunca aconteceu até aqui, tirando eu próprio, não tem havido alguém com um mínimo de coragem para pôr travão a uma série de irregularidades graves que temos vivido”, diz.
Fazendo uma avaliação antecipada ao nível de cumprimento do programa de governação do MPLA, o político desvaloriza o facto de não terem sido cumpridas algumas das promessas feitas, mas considera grave o que chama de “destruição de todo um sistema” pelo Presidente, ou seja, o trabalho elaborado durante vários anos “para a construção de um Estado africano novo e moderno”.
“O problema está na destruição de todo um sistema, na colocação sob sua responsabilidade de quase tudo o que é poder em Angola. Isso é que é muito grave e o Presidente terá que parar algum dia para repor todos esses mecanismos que ele destruiu, porque senão ele estará cada vez mais encurralado”, assevera Marcolino Moco.
O antigo primeiro-ministro, que chegou a ocupar o cargo de secretário-geral do MPLA, acredita que as últimas contestações à governação, com realizações de manifestações, poderão ser igualmente abordadas durante o congresso, mas “no tom que for dado pelo Presidente”, porque “dentro do partido não se admite moções diferentes, opiniões diferentes”.
Marcolino Moco, afastado há mais de dez anos das estruturas do partido, diz que continua a ser militante do MPLA “por opção”, mas mantém a ideia de que devem continuar as mudanças pela via da transição e não com o regresso ao passado, o que implicaria “necessariamente uma revolução com resultados imprevisíveis”.

2 comentários:

  1. Todos querem que algo mude mas ha tao poucos para enfrentarem a situacao. Que oposicao que consegue falar como este Sr! Ninguem mesmo. Carrega Moco...

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  2. BLOG JFSEGURA É SOLIDÁRIO A ESTA NOBRE CAUSA.

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