domingo, 15 de maio de 2011

As voltas que a pobreza colonial dá. Isabel dos Santos primogénita de um presidente pobre é a mais rica de África


A notícia que aqui adiante publicamos já foi divulgada pela Forbes, mas a verdade é que, assim lida, sem comentário, ela se parece com uma redundância, tantas foram as vezes que veio à baila a riqueza fenomenal de Isabel dos Santos, que, em pouco mais de dez anos se transformou de donzela estudiosa em figura de realce do jet-set internacional. Porque será?

William Tonet*

Em África, ela apresenta-se agora como estando entre as nove mais ricas mulheres do continente. As outras são personalidades conhecidas da África do Sul, o que significa que Isabel dos Santos é a mais rica mulher de África tirando as sul-africanas!

Se juntarmos à sua fabulosa fortuna, a fortuna fabulosa de Zenú dos Santos, com jacto privado ao seu serviço, o seu banco privado Quantum, gerido por um dos mais importantes banqueiros da Europa, as suas moradias em Angola e no estrangeiro. Se levarmos em linha de conta outras fortunas dos filhos Zenu dos Santos, Tchizé dos Santos, entre os demais, então poderemos acreditar que este regime não é diferente em nada aos da Tunísia, de Bem Ali, do Egipto de Mubarak, de Kadhafi da Líbia, do Zimbabwe de Mugabe e de outros tantos ditadores, que transformam os cofres públicos num túnel para o privado.

E se, ao mesmo tempo, nos lembramos do discurso do papá, José Eduardo dos Santos, Presidente da República de Angola e de muitas outras coisas, de o problema da pobreza ser um problema do tempo colonial, que o pai dele era pobre, concomitantemente, ele pobre, também…

Agora o que se questiona é, se eles, os filhos de Nguxito, não são herdeiros, nem do avó nem do pai, que nunca foram ricos, então como conseguiram, em tão pouco tempo, esta colossal fortuna?

Porquê que a PGR não abre nenhuma investigação sobre o enriquecimento ilícito destes cidadãos, mas em contrapartida, por muito menos vários cidadãos estão nas masmorras das fedorentas prisões de Angola, por muito menos.

E para não navegarmos por outras águas, apenas uma questão. Porque razão está preso o filho do membro do Bureau Político do MPLA, Norberto dos Santos, Kwata Kanawa, sob a alegação de ter fornecido o seu número de conta, para aí domiciliarem transferências, legitimamente assinadas pelos governadores do Banco Nacional de Angola? Se os filhos de Nguxito e os governadores do BNA estão sem nenhum processo, então as razões se aproximam, ao ponto de se distinguirem do art.º 23.º da “Constituição Jesiana”: (Principio da Igualdade) “1. Todos são iguais perante a Constituição e a lei”.

Mas ao que parece estes meninos não são iguais aos demais autóctones pese a clareza do n.º 2 do mesmo artigo: “Ninguém pode ser prejudicado, privilegiado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão da sua ASCENDÊNCIA, sexo, raça, etnia, cor, deficiência, língua, local de nascimento, religião, convicções políticas, ideológicas ou filosóficas, grau de instrução, condição económica ou social ou profissão”.

Ora, aqui, a única justificativa parece ser aliada da ASCENDÊNCIA dos filhos do líder do MPLA…

O resto, bom, o resto, fica para cada um tirar as suas ilações….

PRIMEIRA ENTRE NOVE HERDEIRAS
A filha oficial mais velha do Presidente da República de Angola, há 32 anos no poder, sem nunca ter sido eleito, Isabel dos Santos é a primeira dentre nove mulheres africanas mais ricas, de acordo com a revista Forbes.

Caricato para os angolanos, não é de Isabel não poder ser milionária. Não! Pode. A questão é de a maioria não perceber, como sendo neta materna e paterna de pobres e filha, igualmente, de pobre, tenha em tão pouco tempo conseguido uma riqueza descomunal, que a catapultou para o mais alto pedestal africano, superando filhas herdeiras de pais milionários.

Isabel dos Santos, casada com um cidadão estrangeiro, que tem primazia em quase todas as grandes oportunidades de negócios, em Angola, lidera oito fortunas baseadas na República da África do Sul, com uma fortuna calculada em mais de 243,433 milhões de dólares, segundo a revista Forbes, colocando-a como a mulher mais rica de África.

A revista sublinha que a empresária “começou a trabalhar aos 24 anos, usando a influência do seu pai", o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, cujo poder é quase ilimitado.
A revista destaca, por outro lado, a “ligação próxima” que a empresária tem com Portugal, onde detém participações em empresas, nomeadamente na Zon Multimédia (10%), no BES, no BPI e na EDP.
As outras oito mulheres milionários incluídas na lista da Forbes, são:

2. Bridgette Radebe, filha do milionário sul-africano Patrice Motsepe ligado á indústria mineira. A empresária é casada com o actual ministro da Justiça da África do Sul.

3. Irene Charnley, ligada à área de telecomunicações. Foi executiva na MTN, o maior grupo de telecomunicações de África, tendo conseguido expandir a empresa para vários países africanos. A responsável saiu da MTN em 2007, estando actualmente como presidente executiva da Smile Telecoms, uma operadora de telecomunicações “low cost” sedeada nas Maurícias.

4. Pam Golding enriqueceu através de negócios na área imobiliária, depois de ter fundado a Pam Golding Properties, em 1976. Actualmente a empresária está retirada da vida profissional activa.

5. Wendy Appelbaum, única filha do milionário sul-africano Donald Gordon. A responsável assumiu a liderança da Liberty Investors, antiga holding cotada do grupo segurador Liberty, fundado pelo seu pai. Entretanto Wendy Appelbaum vendeu a sua participação na empresa, tornando-se rica.

6. Elisabeth Bradley enriqueceu através de vários investimentos realizados, tendo a fortuna sido iniciada pelo pai, nomeadamente através da venda de 25% da Toyota South-Africa à japonesa Toyota Motor Corp. por 320 milhões de dólares.

7. Mamphela Ramphele, média e ex-activista anti-apartheid, é uma das africanas mais ricas, encontrando-se actualmente à frente da Circle Capital Ventures.

8. Sharon Wapnick é accionista da Octodec Investments e da Premium Properties, empresas fundadas pelo seu pai, Alec Wapnick.

9. Wendy Ackerman que, em conjunto com o marido, controla a Ackerman Family Trust, que por sua vez detém a Pick ‘n’ Pay, um das maiores retalhistas de África do Sul.

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