domingo, 1 de maio de 2011

Aqui escrevo eu. William Tonet. Nada que não estivesse à espera das ameaças em nome do rico Presidente dos pobres


Durante a semana fui invadido por um vírus de ataques ameaçadores no meu correio electrónico, no telefone e escritório, por parte de bajuladores, que se colocavam como se fossem ou, talvez sejam mesmo, auxiliares do Presidente da República.

Em todas as ocasiões o tom era de: “ou paras ou morres”. “Estás a falar demais sobre o camarada presidente.”… “Já estás a abusar muito! Isso é falta de respeito, seu lacaio da CIA”. “Se és americano então vai para os Estados Unidos viver para lá e deixa-nos em paz”. Se não parares ainda te fazemos a cama”. “Nós vamos te matar e quando os americanos chegarem já serás mercadoria”. “Se não queres viver onde há corrupção, então vai para o teu novo país, ao lado de Bush e Obama”.

“Tens inveja porque não és dirigente”.

Pesem estas ameaças, eu não vou desistir de lutar e resistir contra quem, para continuar a sugar as riquezas do país, tem as mãos manchadas de sangue dos milhões de angolanos assassinados em série, nomeadamente depois do 27 de Maio de 1977.

Mas, também, não vou desistir, mesmo que isso me custe a vida, por acreditar ANGOLA E OS ANGOLANOS não são propriedade de nenhum dirigente.

Este torrão de terra, com as suas especificidades e multiplicidades étnicas, é um legado dos nossos ancestrais e de Deus.

Por esta razão todas estas baboseiras e impropérios que me são lançados já não me surpreendem, por serem banais em regimes totalitários transvestidos em democratas, onde “sempre tem pau para «porca» obra”.

E se um dia, numa esquina, uma bala assassina me dilacerar o corpo, não poderá haver dúvidas sobre a sua proveniência, pois o hábito faz o monge.

Infelizmente, Angola, no alvor do século XXI, dirigida por Nguxito, não é uma referência de democracia, pese textualização na “Jesiana Constituição”.

Vivemos sob a bota de uma PARTIDOCRACIA, dirigida por um homem e um partido que definem as regras do jogo, manietando, privatizando, a seu bel-prazer, as instituições do Estado e aterrorizando, prendendo e assassinando os cidadãos inocentes, sempre que reclamam por LIBERDADE E DEMOCRACIA.

Nos marcos da lei, estando o direito à resistência, ainda que timidamente, consagrado no art.º 74.º da CRA (Constituição da República de Angola), não deixarei de o avocar, nesta vigência partidocrata e ditatorial, pelo amor a Angola, que quero ver transformada em Pátria e numa portentosa Nação de todos, sem qualquer tipo de discriminação.

Se me querem calar e amedrontar, por criticar a má gestão, a corrupção institucional, o enriquecimento ilícito, as arbitrariedades de alguns dirigentes, que se diziam proletários, mas são milionários dos cofres públicos, podem tirar o cavalinho da chuva. Não me calarei até à morte.

Adiante.

Actualmente a situação é muito crítica, está à beira duma explosão social, em função das políticas erradas e discriminatórias do executivo. O desemprego é galopante, os reformados estão abandonados e, mais grave, os antigos homens das guerras, ontem inimigos viscerais, de tão mal desmobilizados e sem subsídios condignos, uniram-se no sofrimento e resistência, caminhando com revolta incubada nos corações. Este caminhar em sentido contrário à paz é tão perigoso, como o descavilhar duma granada.

Os heróis militares de ontem, defensores de ideologias difusas dos vários contendores, são hoje um farrapo triste, atirados à sua sorte, como exército de pedintes nas calçadas das cidades e nos semáforos, agastados com a ingratidão governamental e a ostentação dos seus dirigentes.

Homens assim, engrossam facilmente a multidão da contestação e apenas aguardam o melhor momento para o virar de costas ao regime, principalmente, por em casa, assistirem impávidos e serenos os filhos trilharem os carreiros da delinquência e as filhas os da prostituição, por não terem como os sustentar.

A política de Nguxito, no domínio da Educação é avassaladora para os pobres e, mesmo o Público só lhe resta a designação, porque na falta de dinheiro dos pais para a competente gasosa, os “pobres criados pelo regime, desde 1975”, correm o risco de ver os filhos passarem ao largo do ensino.

Quanto à saúde, o quadro é pior, o pobre morre se não tiver no exterior de uma unidade hospitalar pública ou um parente para ir comprar um simples comprimido ou agulha para apanhar uma injecção receitada pelo médico, por ruptura quase permanente de stock.
Um grande número de jovens, com capacidade de estudar e ou trabalhar, para não engrossarem a delinquência, tornaram-se, fruto das más políticas económicas vendedores ambulantes, mas são confrontados diariamente com os agentes da Polícia e da Fiscalização, que lhes rouba a mercadoria, prendem e matam. Igualmente o fazem com as mulheres zungueiras, que preferem vender para alimentar os filhos e os maridos desempregados a terem de se prostituir, mas ainda assim ao invés de receberem solidariedade, são roubadas, pelos fiscais e se resistem, são prontamente assassinadas como se fossem galinhas.

No domínio da Justiça, os opositores e críticos não beneficiam da sua imparcialidade, mas da parcialidade partidocrata.

Hoje a maioria da população não vive na pobreza mas na miséria extrema, porquanto JES, não tem compaixão em partir as casas e esbulhar os terrenos dos pobres para dar aos ricos.

O presidente da República é responsável pelo desaparecimento de muitas das línguas angolanas, ao impor a todos angolanos uma língua estrangeira, o português, quando bem poderia imitar Nelson Mandela na África do Sul, que a par da língua colonial, colocou em pé de igualdade as línguas sul-africanas. Hoje menos angolanos falam a sua língua materna por imposição do regime.

Igualmente, Angola é dos poucos, melhor, dos raros países que se diz democrata onde se cultiva o culto da personalidade do seu presidente e do partido no poder, nos símbolos do Estado, como dinheiro, bilhete de identidade, passaporte e mesmo nas cores do MPLA, no que deveria ser o maior símbolo nacional: a bandeira, que assim não é orgulho de todos os angolanos, mas dos angolanos do partido no poder.

Como se pode constatar, estas não são situações criadas pelo colonialismo, mas pelo regime de Nguxito dos Santos.

Ademais quando o regime fala de reconciliação, não passa de uma política de INTEGRAÇÃO E CLEMÊNCIA, que subjuga e humilha os adversários políticos ou críticos internos, colocando-os numa condição de quase pedintes que têm de se subjugar aos caprichos do mais forte… É uma táctica pior do que a política de ASSIMILAÇÃO, adoptada por Salazar, no período colonial, que impunha que aqueles que quisessem singrar na administração tivessem de deixar de falar a sua língua materna, não a ensinar aos filhos e apenas comerem pirão (funje) uma vez por semana. Hoje não é difícil ver quantos complexados seguem a máxima de Salazar, como o principal prato angolano apenas aos sábados.

Por todas estas situações, passei a considerar perniciosas as políticas discriminatórias de Nguxito dos Santos, aliando-me aos intelectuais e jornalistas, ainda em minoria, mas conscientes, que se batem contra o MURO DA BAJULAÇÃO dos “yes man”, reivindicando uma verdadeira liberdade de imprensa e liberdade de expressão, maior justiça, melhor distribuição da riqueza angolana, fim da corrupção e uma verdadeira democracia.

Hoje, infelizmente, temos noção de a realidade andar em sentido contrário ao legislado. Remamos contra a maré, logo sujeitos às garras assassinas de quem, como disse Maquiavel, não quer largar o poder, quando “os fins justificam os meios”.

Mas todos estes algozes, no pedestal da sua ignorância bajuladora, apenas cumprem ordens superiores, como auxiliares, logo, indicam estar a responsabilidade final dos crimes cometidos, no destinatário dos números 1 e 2 do art.º 108.º da Constituição JESIANA.

O problema de Angola, das suas guerras, do desencanto da política de reconciliação e da actual democracia, tenho repetido bastas vezes, por conta e risco, não está no programa do MPLA, mas na adulteração dos seus princípios reitores, por parte de quem esteve e está no seu leme.

Agostinho Neto, médico e intelectual, convidado a ser o segundo presidente deste Movimento, foi o maior precursor das divergências no seio da massa guerrilheira e dirigente. Desconseguiu até à morte, gizar uma política de unidade interna, devido ao seu complexo de superioridade.

Atrelado a um exército de bajuladores, apoiou o seu consulado na arrogância e prepotência, originando os momentos mais macabros de eliminação interna dos seus camaradas e adversários políticos, provocando com isso o surgimento da Revolta Activa, da Rebelião da Jibóia, da Revolta do Leste, do 27 de Maio de 1977.

Neto nunca conseguiu, nem no imaginário a unidade no seio do MPLA, pela única razão de ser um homem apegado ao poder e distante dos postulados da democracia.

Quando, em 1979, se lhe substituiu, José Eduardo dos Santos, muitos auguravam uma postura distinta do novo líder. Enganaram-se. Enganamo-nos.

O diferencial da mudança, assentou apenas na juventude, porque em tudo o resto a procissão seguiu e segue o mesmo trilho.

O actual líder do MPLA não tem sido capaz de reconciliar com todos quanto internamente, pensam diferentemente e tenham uma outra visão sobre a política a seguir. Quando se manifestam são lançados ao deserto, como Alexandre Rodrigues Kito, Lopo do Nascimento, Marcolino Moco, João Lourenço, Roberto de Almeida, Fernando Miala e tantos outros, que apenas podem emergir, se aceitarem adoptar o culto de personalidade ao chefe, numa clara adopção do que disse Maquiavel: “Assim, um príncipe sábio pensará em como manter todos os seus cidadãos, e em todas as circunstâncias, dependentes do Estado e dele; e aí eles serão sempre confiáveis”.

Salvo seja eu ainda acredito, pelos exemplos que o mundo nos está a dar, a inversão de muitos dos bajuladores, tendo em atenção uma outra máxima maquiavélica; “em política, os aliados de hoje são os inimigos de amanhã”.

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