quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Lista dos mais danosos líderes africanos. Listas do crescimento económico REAL


Mouammar el-Kadhafi, Líbia, 69 anos. 42 anos no poder, 2. Teodoro Obiang Nguema, Guiné Equatorial, 69 anos. 32 anos no poder, 3. José Eduardo dos Santos, Angola, 69 anos. 32 anos no poder…XÉ!!? Zédu no pódio da vergonha!... Segue o comentário asssinado pelo investigador Damien Glez
«Filho de um alfaiate, Dos Santos muito cedo se tornou militante contra o jugo colonial português e foi designado como sucessor do pai da independência de angolana, Agostinho Neto. A sua presidência mais de trentenária está marcada por uma longa guerra civil que teria feito mais de 30.000 mortos. Ao longo de todos esses anos, ele sempre presidiu o marxista-leninista Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e nunca deu tréguas à União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) de Jonas Savimbi. Este último acabará por ser morto em 2002. A nova Constituição do país, adoptada em 2010, não prevê que se orgasnizem doravante eleições presidenciais, as quais serão substituídas pela designação directa como presidente da República de Angola, do presidente do partido com maior número de votos obtidos nas eleições legislativas. Uma verdadeira avenida aberta para deixar passar, à vontade, José Eduardo dos Santos».
A Zédu seguem-se outros presidentes colados de longa data aos seus respectivos cadeirões, mas já fora do pódio:
4. Robert Mugabe, Zimbabwe, 87 anos. 31 anos no poder, 5. Paul Biya, Camarões, 78 anos. 29 anos no poder, 6. Yoweri Museveni, Uganda, 67 anos. 25 ans no poder, 7. Blaise Compaoré, Burkina Faso, 60 anos. 24 anos no poder, 8. Omar el-Bechir, Sudão, 67 anos. 22 anos no poder, 9. Idriss Déby Itno, Tchade, 59 anos. 21 anos no poder, 10. Issayas Afewerki, Eritreia, 65 anos. 18 anos no poder.
Fonte: Internet (yahoo.fr)

As curiosas listas da CIA World Factbook
Saiu a público muito recentemente e com larga difusão na Internet, uma série de curiosas listas, classificativas de países e personalidades africanas, que, se por um lado nos deixaram surpreendidos, por outro, vieram confirmar o que nos parecia ser um painel dourado de fachadas esburacadas. Assim, entres os dez países que nos últimos anos mais cresceram em África do ponto de vista económico, Angola nem sequer aí figura.
Pelo essencial, as classificações apresentam os 10 países que alcançaram as mais altas taxas de crescimento do seu respectivo Produto Interno Bruto (PIB) REAL, nestes últimos três anos, a partir de dados do CIA World Factbook.
Por outro lado, essas mesmas classificações baseiam-se também em projecções de desenvolvimento (PDF) feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para o ano de 2011, assim como sobre a taxa de corrupção (PDF) estabelecida rigorosamente pela organização Transparency International, ao que acrescem os dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), fornecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), assim como o PIB por habitante da CIA a partir dos cálculos do FMI e do Banco mundial. E do conjunto de todas essas análises, estatísticas e outras observações adstritas, é que foi elaborada esta classificação de desenvolvimento global.

Listas do crescimento económico REAL*
Países com maior crescimento económico de África: 10-Tanzânia, 9-Malawi, 8-Moçambique, 7-Etiópia, 6-Zâmbia, 5-Nigéria, 4-Zimbabwe, 3-Botswana, 2-República do Congo e 1-Gana. Estes são os dez países que maior crescimento económico têm. A Tanzânia em décimo lugar enquanto o primeiro lugar vai para o Gana. Angola nem sequer aí figura, o que contraria do tudo ao todo as baboseiras debitadas a elogiar o nosso “prodigioso” crescimento económico, dixit, «O maior de África e um dos mais dinâmicos do mundo”.
Países com o pior crescimento económico de África: 10-Costa do Marfim, 9-Benim, 8-Lesotho, 7-Eritreia, 6-Comores, 5-Swazilândia, 4-Guiné, 3-Angola, 2-Guiné Equatorial e 1-Madagascar. Ó dolorosa surpresa!! Não estar entre o melhores, bom, podemos aceitar, mas estar assim!!?... Entre os piores, e não é tudo, pois Angola ocupa um tristíssimo lugar no pódio, no terceiro lugar a partir do último, e atrás de nós só encontramos a Guiné Equatorial e o Madagascar, como países com pior crescimento económico (!!!). Angola entre os piores dos piores do mundo no que toca ao crescimento clobal interno!?... Talvez não seja bem assim, mas temos de ser humildes e levar em linha de conta estes cáculos divulgados por agências de grande credibilidade internacional.

A Kilamba na pesca ao voto. Integrismo canhoto de Eufrazina Paiva


No decorrer da semana que termina hoje, dia de publicação do nosso Folha 8, JES deu não um, mas dois tiros nos pés, a celebração do final da primeira fase da empreitada da cidade Kilamba e a colocação da primeira pedra do fabuloso complexo de luxo que vai do Largo da Corimba até ao fundo da Kazanga. Parece que não, mas é verdade, dois estilhaços nos “vitorinos”! E o que é mais grave não são os tiros que ele deu a si próprio, isso é lá problema dele, o pior é que o povo continua a sofrer enquanto na sua mente vão correndo pelos meandros do cerebelo laivos de orgulho e de vaidade pelo espanto causado pela faraónica empreitada da Centralidade do Kilamba e pelo grandioso projecto do complexo de luxo, ao timorense Horta, ao brasileiro Lula e à alemã Merkel. «Agora é que os estrangeiros vão ver como eu sou um grande governante». Bom, Horta, é verdade, esbugalhou os olhos e viu-se a imaginar a obra no seu Timorzinho das Ásias, mas Lula não disse nada e Merkel idem aspas, à parte aqueles piropos menuzinhos, para não ferir a vaidade do nosso chefe, na cabeça do qual a resolução do problema da habitação em Angola deu ali um passo de gigante, quando o que realmente aconteceu foi ele ter feito como esse rei que só tinha pescadores que pescavam em canoas do tipo dos ndongo da Ilha de Luanda e se queixavam de pesca fraca. O rei comprou um gigantesco barco-fábrica, como esses que nos vêm roubar os carapaus das nossas águas numa aterradoramente eficaz pesca de arrasto, deitou fora os ndongo e pôs os pescadores, sempre queixoso por falta de boa pesca, no gigantesco barco-fábrica. O que ele pensou foi ter resolvido os seus problemas, mas os pescadores não se adaptaram a tão brusco câmbio de relação com o mar. E deixaram de existir pescadores, e o barco-fábrica, agora sem pescadores, deixou de ser barco-fábrica e foi transformado em museu. Pelo menos enquanto se espera que sejam formados novos marinheiros, com mentalidade formatada e adequada aos barcos-fábrica!

Integrismo canhoto de Eufrazina Paiva
Esta, devia ter saído na semana passada ainda bem quentinha, mas por descuido não saiu, pelo que, nos baseando no rifão popular, “Mais vale tarde do que nunca”, ousamos servi-la esta semana já a fugir para o morno. Estamo-nos a referir à intervenção da camarada deputada Eufrazina Paiva no final da palestra proferida a 28 de Junho passado no Centro de Formação de Jornalistas (CEFOJOR), pela jovem professora universitária Mihaela Webba, no quadro de uma «CONFERÊNCIA SOBRE TRANSPARÊNCIA, CORRUPÇÃO, BOA GOVERNAÇÃO E CIDADANIA EM ANGOLA» realizada pela Associação Justiça Paz e Democracia (AJPD). A camarada foi aos arames com as críticas tecidas pela conferencista e no final da sua palestrapediu a palavra. Na sua intervenção depois de ter realçado, indignada, que a dissertação da académica tinha sido mais “um ataque ao camarada presidente José Eduardo dos Santos” tanto mais descabido quanto é certo, na sua opinião, que em Angola já há reconciliação, dando como exemplo o facto de os membros da UNITA e do MPLA comerem juntos em cantinas. Aproveitou também a ocasião para desbobinar tudo o que tinha escrito numas cinco folhas inteirinhas de palavreado preparado em casa, como se ela já soubesse o que a professora Webba ia dizer. Foi várias vezes solicitada a terminar para dar tempo aos outros intervenientes, porém Mihaela Webba, entreviu em seu favor, pedindo que a deixassem terminar o raciocínio, o que acabou por ser uma espécie de presente envenenado que permitiu à camarada integrista estender-se ao comprido na sua lenga lenga. Não vamos perder tempo a repetir aqui as suas observações, tão cândidas quanto canhotas e parecidíssimas como os frequentes tiros nos próprios pés de que são exímios executantes muitos dos seus camaradas do MPLA. Mas esta cândida referência da reconciliação entre angolanos nas cantinas chega e sobra. A Eufrazina Paiva, o Folha 8 atribuiu uma medalha de ouro de mérito do acto falhado da semana.

A “Consagrada Família”. Patinagem Presidencial


O Presidente da República, Eng.º José Eduardo dos Santos, orientou, na sequência de uma proposta avançada por um (ou uma) anónimo/a – anónimo/a para o restante povo, para ele não -, a criação de uma espécie de comissão atípica com a designação de Grupo de Revitalização e Execução da Comunicação Institucional da Administração (GRECIA), com missão de prestar contas ao ministro de Estado e Chefe da Casa Civil, Carlos Feijó. Na prática, porém, segundo parece, quem põe e dispõe é um coordenador, Sérgio Neto, actual director executivo da Semba Comunicação, e este, por sua vez, não teve dificuldade nenhuma em subcontratar a empresa que ele próprio gere, a dita Semba, a dos filhotes do PR, como entidade a quem foram delegadas competências para fazer, em geral, a gestão da imagem do governo da República de Angola, numa harmoniosa parceria, vai de si, firmada com a Presidência. Ficou, portanto, tudo em família e assim é que está bem. Nesta empreitada tipo pára-brisas a eventuais nocivas lufadas de ar fresco, com tendências constantes de oxidar a imagem do PR, já foram contratados consultores estrangeiros que auferem um ordenado de 10 mil dólares, sem contar subsídios diversos, enquanto os consultores nacionais recebem por mês o correspondente a 5 mil dólares americanos. Dada a opulência dos emolumentos a diferença nem se vê, apesar de serem de algum modo humilhantes. São belíssimas “fezadas” para os felizes optados de cá, ou seja, Victor Fernandes da revista Expansão, os jornalistas Alexandre Cosse e Benedito Joaquim, trânsfugas da Rádio Ecclesia, Rui de Castro, ligado pelo coração e porta-moedas ao MPLA, sem esquecer o inefável Belarmino VanDúnen, esse espectacular “Yes man” que um dia, no Semana em Actualidades, tentou propagar a ideia de que os cadernos eleitorais eram folhetos descartáveis, quer dizer, ali temos mais um democrata de mão-cheia! Quando dizíamos que a campanha eleitoral tinha começado, eis uma prova suplementar, em forma de rectificação das alegadas calinadas cometidas por Mena Abrantes (ler nesta página, Patinagem presidencial).

Patinagem Presidencial
É verdade, custa dizê-lo, esta jogada da GRECIA, preparada no campo de treinos do Futungo, teve como doloso resultado um brioso e fidedigno vencido com o esvaziamento de competências do Secretário para a Comunicação Institucional da Presidência da República, Mena Abrantes. É que, para salvaguardar a eficácia que o progresso se esforça por instaurar em Angola, no sentido de aumentar a sacrossanta competitividade das economias modernas, a amarga decisão impôs-se como um retroviral perante o facto consumado de as gafes de JES terem infectado de modo irreversível a reputação desse ilustre dramaturgo, encarregado e responsável pelo velório dos ditos, dos não ditos (a maka do autismo executante), do dito por não dito e doutros contraditos de JES.

Só os mortos é que estão “proibidos” de votar em 2012


Uma das questões que coloquei ao Ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa (BS), durante o encontro realizado no dia 22.11 no CEFOJOR teve a ver com a produção dos novos cadernos eleitorais, tarefa com que deverá culminar o actual processo de actualização do registo.

Reginaldo Silva*

Com efeito e de acordo com o que reza a lei, no final de cada operação anual de actualização do registo eleitoral a entidade registadora tem a obrigação de fazer publicar os cadernos igualmente actualizados para efeitos de consulta e reclamação.
Efectivamente esta tarefa, a da publicação dos cadernos eleitorais em tempo oportuno, é aquela que confirma a transparência de todo o processo de actualização do registo, sem a qual não é possível aos cidadãos e aos partidos terem uma ideia exacta do país que vai a votos.
Lamentavelmente resposta dada por BS não foi definitiva, pois segundo adiantou ainda não se sabe quem (se o CIPE-Governo, se a Comissão Nacional Eleitoral-CNE) terá a responsabilidade desta vez de elaborar e fazer publicar os cadernos eleitorais.
Isto, numa altura em que prosseguem no parlamento as consultas entre o MPLA e a Oposição em torno do pacote legislativo eleitoral, após ter havido uma ruptura do processo formal conducente a aprovação da legislação em causa pela Assembleia Nacional.
Há pois, segundo BS, que aguardar pela definição desta questão, tendo a propósito o MAT adiantado que, da sua parte, não vê qualquer inconveniente que seja uma ou outra entidade a ficar responsabilizada pela elaboração e publicação dos cadernos eleitorais.
Temos dito (e aqui reiteramos) que as eleições de 2008 em matéria de transparência ficaram irremediavelmente manchadas devido a ausência deste mecanismo fundamental de controlo de todo o processo, que são os cadernos eleitorais.
Repetir a dose em 2012 não nos parece que seja muito aconselhável, se quisermos que os futuros resultados não sejam contestados como foram os de 2008.
Em resposta a uma outra questão por nós colocada, BS disse que nunca ninguém com responsabilidades ao nível do MAT disse que as pessoas detentoras de um cartão de eleitor válido, que, eventualmente e por qualquer motivo não fizerem a sua actualização do registo, perdem a sua capacidade eleitoral.
O que irá acontecer com estas pessoas é que, o próprio sistema se encarregará de as arrumar no que toca a assembleia onde irão exercer o seu direito, de acordo com a informação disponível em relação ao local onde elas votaram em 2008.
Não há, portanto, eliminação do registo da base de dados de nenhum eleitor que não fizer a sua actualização, com a excepção dos mortos.
Pelo que BS deixou entender os mortos são de facto a grande preocupação de todo este processo de actualização, pois o nosso país ainda não tem o sistema de registos centrais devidamente organizado para dar conta (descarregar) de todos os cidadãos, que, por via do falecimento, perderem a sua capacidade eleitoral activa.
Arrisco-me a dizer que de facto são os mortos (ainda vivos) que estão a tirar o sono de BS e da sua equipa, tendo a propósito o MAT citado casos de alguns países que registaram taxas anormalmente elevadas de abstenção que depois se veio a verificar serem o resultado dos eleitores que já falecidos qu o sistema não tinha sido capaz de os descarregar.
*in Morrodamaianga


Debatido no Porto. Futuro de Cabinda não depende dos fantoches mas da voz dos diferentes


Debatido no Porto. Futuro de Cabinda não depende dos fantoches mas da voz dos diferentes
Realizou-se no dia 18.11, no Clube Literário do Porto, um debate sobre “O futuro de Cabinda”, moderado pelo jornalista Paulo F. Silva e que, para além de mim, contou com a presença de Eugénio Costa Almeida. Mais uma vez, por questões de… agenda, a comunicação social portuguesa não compareceu. E fez muito bem. Quem sabe tudo não precisa, obviamente, de aprender seja o que for. Valeram, entretanto, as notícias chegadas de Luanda e que davam conta de que o debate era comentado em Angola. As más línguas, por deficiência de comunicação, aventaram a hipótese de que fazer a cobertura do debate iria desagradar ao MPLA, sendo essa, portanto, a razão para a ausência da Imprensa.
No quadro deste acto, enquanto jornalista, Orlando Castro teceu considerações importantes que vale ler e reflectir.

Orlando Castro*

A ausência da media lusa, por si só não ofuscou o acto, pois conta com a presença de dois grandes e velhos amigos, Eugénio Costa Almeida e Paulo Silva. Logo, nada de mais errado, a tentativa de boicote.
Nem o MPLA era capaz de fazer tal coisa, nem a Imprensa portuguesa aceitaria tal imposição. Ou será que aceitaria?
Numa altura em que Portugal procura não ir ao fundo, se calhar não fará muito sentido vir aqui falar do futuro de Cabinda. Mesmo assim, desde logo porque – no meu entender – o Povo de Cabinda merece, cá estamos para opinarmos sobre a questão.
Como será visível, enquanto eu entendo que Cabinda é hoje uma colónia de Angola, o meu amigo Eugénio entende que é uma província. Este é, aliás, um dos poucos temas em que temos opiniões opostas. O outro, já agora, é que ele entende que o Benfica é o melhor e eu sei que é o Porto. Aqui na mesa estou, aliás, em minoria já que o Paulo também é benfiquista. Enfim, ninguém é perfeito.
Estas divergências nunca constituíram um problema no nosso relacionamento. Eu sei que a minha liberdade termina onde começa a dele, e ele sabe que a dele termina onde começa a minha. Portanto…
Um dos pontos em que estamos de acordo tem, aliás, a ver com Portugal. Ambos pensamos e compreendemos que no passado recente Portugal tinha de se virar para a Europa. Quanto ao presente, não sei se quando Portugal conseguir emergir da crise não estará mais perto do Norte de África.
Mas quanto ao futuro, creio que ele estará na Lusofonia. Pelo que vou vendo, é uma mera utopia. Mas essa utopia é natural em quem bebeu água do Bengo.
Além disso, quando vejo que só se fala de Europa, fico convencido que o melhor é esperar sentado para ver se alguém se preocupa em explicar aos jovens portugueses, pelo menos a esses, o que é a real Lusofonia.
Isto porque, hoje, é para eles mais importante o que se passa em Kiev do que o que se passa em Luanda, é mais importante o que se passa em Bruxelas do que o que se passa na Cidade da Praia, é mais importante o que se passa em Tripoli do que o que se passa em Díli.
Passada esta divagação, vamos então falar um pouco de Cabinda.
Hoje há cabindas que foram presos, que estão presos, que serão presos, que foram mortos e que serão mortos. Tudo porque acreditam que a força da razão vale mais do que a razão da força.
Os cerca de 500 anos de história colonial de Angola (1482-1975) ficam bem longe, apesar das teses oficiais vigentes na actualidade, dos 90 anos de ocupação do Protectorado Português de Cabinda (1885-1975). Embora com uma vertente comum – Portugal, a trajectória de vida de Cabinda e de Angola não têm praticamente pontos comuns.
Assim, são nações distintas e no caso de Cabinda ainda está por fazer a descolonização.
O único suporte ao qual se agarra com unhas e dentes o regime angolano para justificar a sua apetência expansionista sobre Cabinda, é o Acordo de Alvor.
O Acordo de Alvor que permitiu a independência de Angola e a anexação por esta de Cabinda, representa, segundo disse o próprio Almeida Santos, um dos signatários, apenas "um pedaço de papel" que "não valeu nada".
Almeida Santos, tal como a restante equipa portuguesa, sabia à partida que o Acordo de Alvor só valeria se o MPLA não ficasse no Poder. Como ficou...
O dirigente socialista, que a 15 de Janeiro de 1975 era ministro da Coordenação Interterritorial e integrava a delegação portuguesa que assinou com os líderes dos três movimentos de libertação de Angola (MPLA, FNLA e UNITA) o Acordo de Alvor, no Algarve, referiu que, assim que viu o documento, soube que "aquilo não resultaria".
“Aquilo não resultaria”, como não resultou, porque Portugal viciou as regras do jogo no sentido de dar o Poder a uma das partes, o MPLA, sem esquecer que era necessário correr à força com os portugueses de Angola e depois, como defendia Vasco Gonçalves e Rosa Coutinho, entre outros, metê-los no Campo Pequeno.
De facto, se o valor do Povo português se medisse pelo nível dos políticos portugueses que assinaram o Acordo de Alvor, não há dúvidas de que Portugal há muito seria uma província espanhola.
"Do Acordo de Alvor sou apenas um escriba, não sou mais do que isso", diz Almeida Santos (que foi também ministro da Comunicação Social, da Justiça, de Estado, candidato a primeiro-ministro e presidente da Assembleia da República), mentindo mais uma vez ao dizer que Portugal não teve outra alternativa, senão assinar por baixo.
Se o Acordo de Alvor não serviu para nada, importa ter a mesma coerência no sentido de também o considerar inválido no que respeita à anexação de Cabinda por Angola.
Na véspera da proclamação das independências de Angola (em 11 de Novembro de 1975, uma em Luanda pelo MPLA e outra no Huambo pela UNITA e FNLA), tanto o primeiro-ministro como o presidente da República reconheceram que não tinham capacidade para controlar a situação, devendo esta constatação também contribuir para a anulação do Acordo de Alvor.
É no primeiro dia de Agosto que os cidadãos do Protectorado Português de Cabinda comemoram a proclamação da independência do Estado Livre de Cabinda.
Foi nesse dia, em 1975, três meses antes da independência da então República Popular de Angola (país que ocupa desde então Cabinda), que os cabindas começaram a sua difícil, mas não impossível, caminhada em prol dos seus direitos.
Desde então enfrentam dois grandes inimigos. Portugal que ao não honrar os seus até então solenes e nobres compromissos, se transformou num inimigo político, e Angola que é um inimigo militar que transformou Cabinda numa colónia onde, um pouco à semelhança do que faz no resto de Angola, vigora o princípio de que até prova em contrário todos são culpados.
Muitos se recordam mas poucos têm a liberdade de consciência para o dizer. É por isso que, um pouco por todo o lado – até mesmo em Portugal – os que se atrevem a defender a causa de Cabinda são também culpados... até prova em contrário.
Recorde-se que, a partir da revolução portuguesa de 1974, Cabinda entrou por direito próprio na agenda internacional, especialmente na da então OUA (Organização de Unidade Africana, hoje União Africana), onde a FLEC contava com o apoio de alguns países africanos (Uganda, Zaire, Gabão, etc.).
Perante o cenário juridicamente correcto, em face dos tratados assinados, de uma descolonização separada dos dois territórios (Angola e Cabinda), o presidente do MPLA, Agostinho Neto, desencadeou em 1974 uma actividade diplomática intensa para persuadir os líderes africanos a retirarem da agenda da cimeira da OUA o debate previsto sobre o problema de Cabinda.
Agostinho Neto apresentava, aliás, todas as garantias de que as autoridades portuguesas que dominavam o país iriam entregar exclusivamente ao MPLA os destinos de Angola, apresentando mesmo documentos nesse sentido subscritos pelos dirigentes do Movimento das Forças Armadas (MFA). E dessa forma conseguiu que o dossier de Cabinda fosse varrido para debaixo do tapete.
O mesmo se passou em relação ao Acordo de Alvor onde, com cumplicidade activa de Rosa Coutinho, Alto Comissário em Angola, bem como de outras figuras de destaque, caso de Almeida Santos e Agostinho Neto, afastou a FLEC de qualquer discussão do caso de Cabinda, dando como adquirido que o protectorado português era parte de Angola.
Foi todo este cenário que levou o Presidente da FLEC, Luís de Gonzaga Ranque Franque, a declarar a independência de Cabinda.
Recorde-se que, apesar dos esforços conjuntos do MPLA, Portugal, União Soviética e Cuba, alguns países reconheceram Cabinda como um país independente. Foram os casos do Togo, Gabão, República Centro Africana, Uganda e a R. D. Congo (ex-Zaire).
Para terminar, recordo o que sempre disseram os cabindas. Isto é, que só é derrotado quem deixa de lutar. Não creio por isso que alguma vez os cabindas deixem de lutar. Desde logo porque só aceitam estar de joelhos perante Deus. Perante os homens, mesmo que armados até aos dentes, estarão sempre de pé.
*http://www.altohama.blogspot.com
http://www.artoliterama.blogspot.com






Activistas e prisioneiros políticos
do Manifesto do Protectorado da Lunda continuam na Cadeia da Kakanda


O governo angolano continua a manter cidadãos Tchokwe como prisioneiros políticos, nas suas cadeias, pelo único crime de delito de opinião, defendendo os ideais, como activistas do Manifesto do Protectorado da Lunda.
Esta organização condena o Presidente Eduardo dos Santos e o seu sistema de Justiça, porquanto os políticos, mesmo depois de terem cumprido a pena a que foram condenados, não são libertos e continuam na cadeia da Kakanda no Dundo, há mais de 3 anos, mesmo depois de já terem terminado o tempo a que foram condenados.
Como isso pode ser explicado? Só mesmo os violadores dops direitos humanos do regime que devem ser levados ao Tribunal Internacional de Haia, para responder por abusos de poder e crimes contra a Humanidade. No caso dos presos políticos Tchokwes não existem mais razões para manté-los na cadeia, até mesmo por ter sido alterada a lei, como se pode constatar:

- Artigo 26º da Lei 7/78 – Revogado em 2010
- Condenação de 1 ano, já foi cumprida
- Qual é a razão de manter as pessoas na cadeia???
- Porque é que o poder judiciário não solta os activistas da Lunda que já cumpriram o tempo a que foram condenados???
- Qual é a dificuldade dos Tribunais em colocar os activistas em liberdade???
- Que forças ocultas estão por trás disso???
Apelamos as Instituições, Organismos e ONGs de direitos Humanos, Amnistia Internacional, HWR sobre a gravidade do que estamos assistir com os membros e activistas do Manifesto do Protectorado da Lunda, não é normal numa sociedade que se chama DEMOCRÁTICA E DE DIREITO, onde se respeita os direitos e manifestações.
Desde o dia 9 de Outubro de 2011, deviam estar em liberdade incondicional, depois de terem cumprido com as penas a que foram condenados.


“Kopelipa” tenta corromper líderes da oposição Para aceitarem pacote eleitoral do MPLA


O ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da República, General Kopelipa, encontrou-se em separado, no dia 22 de Novembro, com os líderes das bancadas parlamentares da oposição.

Moisés Ngola

Por instruções do Presidente José Eduardo dos Santos, o General Kopelipa foi à Assembleia Nacional e chamou Sapalo António (PRS), Ngola Kabango (FNLA) e Gabriel Samy (UNITA) para transmitir-lhes a posição de que os seus partidos têm de regressar à discussão do pacote eleitoral para garantir a legitimidade do processo. Em contrapartida, o General manifestou a disposição em compensar os líderes parlamentares e partidários com benefícios materiais e outros que reforcem os seus poderes políticos internos.
Dados os altos níveis de corrupção demonstrados pelo presidente do PRS, Eduardo Kuangana, figuras do MPLA acreditam que este ganhe coragem para obrigar o seu partido a um compromisso com a política de José Eduardo dos Santos, como o fez na aprovação da nova constituição. Kuangana é presidente do PRS há 21 anos e tem enfrentado grande rebelião interna por parte dos seus correligionários que contestam os seus acordos pessoais com o Palácio Presidencial, a sua falta de visão política e a forma errática como dirige o partido.
No caso da FNLA, parte dos incentivos para Ngola Kabango, cuja liderança partidária foi ilegitimada pelo Tribunal Constitucional, é a disposição da presidência em limitar ou retirar o seu apoio material e político ao seu rival Lucas Ngonda. Incentivos financeiros também servem para contentar Ngola Kabango.
Já a UNITA de Samakuva é mais maleável com a promessa de negociações para o retorno das suas propriedades e o incremento das ofertas aos seus deputados que sempre prestaram serviços de informação ao regime.
Com este quadro, o MPLA pensa estarem criadas as condições para se ultrapassar a rebeldia momentânea da oposição que, assim, criou um facto político de grande embaraço para os desígnios eleitoralistas do presidente José Eduardo dos Santos. Resta saber qual será a resposta definitiva dos líderes da oposição.
Fontes do MPLA lamentam, no entanto, que estas negociações não estejam a ser conduzidas pelo ministro para os Assuntos Parlamentares, Norberto dos Santos, que durante muitos anos foi membro da bancada parlamentar do MPLA e conhece bem os cantos da casa. A presença de Kopelipa na Assembleia Nacional é, para as fontes do MPLA, mais um sinal de interferência da presidência em assuntos estritamente parlamentares e um atestado de incompetência ao presidente da Assembleia Nacional, Paulo Kassoma.

Kamalata Numa denuncia. Eleições em África causam discórdia entre forças políticas


O Secretario Geral da UNITA, Abílio Kamalata Numa, defende uma mudança de atitude dos africanos que visa transformar as eleições de discórdia para festa popular.
O dirigente dos maninhos, fez no dia 24.11, um apelo ao governo americano e aos países europeus experimentados em matéria de democracia, no sentido de prestarem ajuda a África e em particular aos angolanos, sobretudo nesta fase em que o povo se prepara as urnas de 2012.
O político diz estar satisfeito com o trabalho de algumas embaixadas acreditadas em Angola, sobretudo o embaixador americano que tem procurado com sacrifício informar-se sobre a situação real angolana, fazendo incursões no interior do país.
O secretário-geral da UNITA aproveitou ainda a ocasião para pedir desculpas públicas aos angolanos pelo adiamento da manifestação massiva que se previa realizar no pretérito dia 12 do mês em curso.





segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A cobardia de um partido amordaçado por um líder com popularidade em baixa


O presidente José Eduardo dos Santos, destapou o véu e confirmou, no 18 de Novembro, não estar a sua veia e coluna vertebral, distante da de muitos ditadores espalhados por este mundo fora, que só deixam o poder, por razões ditadas pela santa mãe natureza. A situação política interna de Angola não está boa. O Presidente sabe-o. E tanto o sabe, que nos últimos tempos, tem estado, segundo fontes próximas ao Palácio Presidencial, não só a reforçar a sua segurança pessoal, como a dos filhos e familiares. Hoje, JES já não é o dirigente que consegue o unanimismo, nem mesmo com a sua imagem cândida consegue esconder os podres de um regime, cuja estrela maior assenta na corrupção, má gestão dos dinheiros públicos e na discriminação.

O líder do MPLA e da República à 32 anos no poder, sem nunca ter sido eleito, por voto popular directo, em eleições presidenciais, disse diante do seu novo amigo português, o primeiro ministro Passos Coelho, que vai se “eternizar” no poder. Que de lá, ninguém lhe tira, mais a mais que já tem planos para implementar até 2025. Santa e dolorosa visão democrática.
Estupefacto, Passos Coelho bem tentou solicitar a fórmula de uma tal engenharia em democracia, quando a essência deste modelo de tão imprevisível é de ser o povo, através do voto, quem determina, a mudança, a renovação e ou continuidade de um líder e de um partido, na condução do país e não a vontade individual a determinar os destinos do voto do colectivo.
Dos Santos, falou em nome e vontade própria, como se tivesse um mandato hereditário, para a condução “ad eternum” dos autóctones desta terra, que anseiam pela implantação de uma verdadeira democracia, transparência na gestão das receitas do petróleo e fim da corrupção institucional e não da perpetuação de um sistema presidencial que bifurca no seu palácio, até as mais básicas funções institucionais do país.
A decisão também chocou muitos militantes do “Kremlim”, principalmente, os partidariamente camaradas, com um dedo de testa que consideraram o anúncio público de continuidade, antes de uma decisão dos órgãos internos, demonstrativa de liderança autoritária e espezinhadora dos ideais dos órgãos do partido.
A excepção honrosa de aplausos a continuidade de JES, apenas veio da corte de bajuladores, nacionais e estrangeiros, quais sanguessugas do templo, que acreditam ser normal, em democracia, a concentração excessiva de poder, a nebulosidade de gestão da coisa pública, que beneficia que uns poucos fiquem com os milhões de dólares, dos milhões de autóctones votados a miséria, desemprego e indigência.
Mas, ainda assim, Dos Santos afirmou estar disponível para chefiar o seu partido, MPLA, nas eleições gerais de meados do próximo ano,"Estarei sempre disponível para cumprir qualquer missão", disse ele, inesperadamente e sem vontade nenhuma de fazer rir. Fazendo.
Isto quer dizer que, se o seu partido vencer, por 110%, como todos esperam, contando com votos até dos mortos e recém-nascidos, ele será automaticamente nomeado presidente.
Está escrito na Constituição atípica aprovada em 2010, que o isenta de concorrer, de apresentar um programa económico, de fazer um balanço dos 32 anos da sua governação, pode privatizar, para si, não só o poder como o país.
Mais uma vez a revelação de uma decisão importante, que todos os angolanos gostariam que fosse dada o mais rápida e simplesmente possível, foi proferida num momento alto de um encontro internacional, durante a recepção a uma personagem estrangeira, o primeiro-ministro português, Passos Coelho, como que a dizer, “estão a ver, esta é a melhor maneira de anunciar ao mundo a minha disponibilidade, a minha veia democrata”.
A fachada, mais uma vez a fachada destapou-se, como motor principal da sua acção política. Por outro lado, este anúncio, estamos em crer, surpreendeu praticamente todos os povos de Angola em peso, salvo certamente raras excepções, o que o levou a meter água na fervura, por lhe ter saído assim, tão abruptamente, a sua confissão.
Depois, ao ver o semblante crispado de alguns presentes, JES recuou e deu a entender que o seu partido é que iria decidir, "esse assunto está a ser tratado internamente ao nível das instâncias partidárias e penso que a situação estará esclarecida até Janeiro", afirmou. Alguém acredita nisso. Não. Pois a decisão foi tomada, unilateralmente, no 18 de Novembro, e ninguém, absolutamente ninguém, face ao excesso de poder que detém Dos Santos terá a coragem de o contrariar, pelo contrário, todos dirão: “ele é o nosso candidato natural”, para logo depois ter direito a passeatas etílicas lideradas por Bento Kangamba. Basta ver o explicado a posterior: "enquanto velho militante do MPLA, estarei sempre disponível para cumprir qualquer missão".
Quer dizer, a decisão não é sua. Ele, humildemente, apenas se põe à disposição do partido, este decidirá e se houver uma maioria a manifestar o desejo que ele se apresente, gentil e obsequioso ele apresentar-se-á.
Democracia de fachada, só fachada!
Além disso, estas afirmações, com as suas ambíguas facetas, representam em todo o caso um recuo do presidente, que aqui há alguns meses assegurava não ter a intenção de se recandidatar. E, aí também, só fachada, uma maneira sua, vezes sem conta repetida, de fintar o passado para melhor abrir caminhos para o futuro, mesmo sabendo que corre o risco - por vezes acontece - que essa sua tendência lhe custe alguns dissabores mais tarde.
Recorde-se que, aquando da aprovação da Constituição, Eduardo dos Santos forçou a cúpula do MPLA a aceitar o reforço dos poderes presidenciais, o que, referem alguns comentadores, poderá agora ter o seu preço, e esse preço poderá ser a substituição do homem que ele mesmo escolheu para lhe suceder, Manuel Vicente, presidente da Sonangol, por alguém mais jovem e próximo das Forças Armadas.

A luta pela manutenção perpétua do poder
Em 1944, Hitler ganhou todas as batalhas, mas no ano seguinte, 1945 perdeu-as todas. Por sua vez, JES tem ganho todas as suas lutas políticas e, para não destoar, anunciou agora, diante de um estrangeiro, o que muitas vezes foi vaticinado por F8: está disponível para continuar eternamente a sua luta pelo poder, o qual é visto, por sua graça, como seu legado hereditário.
Dos Santos tem medo, este é o termo, de concorrer em pé de igualdade com outros candidatos. Medo de enfrentar os seus contraditores num debate público. Medo de falar do país real, dessa Angola profunda, desfigurada por crateras de dor, sofrimento, doenças, analfabetismo, misérias.
Dos Santos nem sequer tem um projecto pais e uma política de reconciliação verdadeira, do tipo da que foi conduzida pelo lendário vivo, Nelson Mandela.
Por outro lado, nesta sua declaração de estar disponível para continuar no poder, note-se que não se enxergou o entusiasmo habitual no seio das suas hostes, as reacções foram mornas. Com efeito, o MPLA foi apanhado de surpresa com o anúncio de disponibilidade, pois até aí, uma grande maioria, ainda que em silêncio, esperava por uma retirada, por ser ele visto, neste momento, como factor de instabilidade.
Enfim, que JES se apresente não gera nenhuma surpresa, esta seria sim muito grande se ele não se apresentasse. Mas surpresa maior ainda seria, agora, que se apresentasse um outro, ou mais, candidatos à presidência saídos do seio do próprio MPLA. Um sonho que, a realizar-se, seria o primeiro verdadeiro passo do MPLA para sair do marasmo do “guerrilheirismo arcaico” em que alguns dos seus caducos dirigentes o querem manter.

domingo, 27 de novembro de 2011

Meninos de Malanje sem estudar


EDUCAÇÃO COLOCA CENTENAS DE PROFESSORES NO OLHO DA RUA
Os mais de 400 professores admitidos nos concursos públicos dos anos de 2008 e 2010 no sector da educação em Malanje continuam a aguardar pelas respectivas inserções nos aplicativos salariais.
A exigência está expressa em dois cadernos reivindicativos produzidos em 2009 e 2010 encaminhadas à entidade patronal, direcções provinciais da Educação, Ciência e Tecnologia, Administração Pública, Emprego e Segurança social, Delegação Provincial das Finanças e ao Governo de Malanje pelo Sindicato Nacional de Professores da região (Sinprof).
O secretário-geral do SINPROF, Graça Manuel afirmou que 102 docentes do provimento de vagas de 2010 recebem os respectivos ordenados, quanto aos demais a solução depende do Ministério das Finanças.
“Os aspectos dos professores do concurso de 2008 e 2010, os do concurso de 2008 temos ainda cerca de 362 professores que para serem inseridos na folha salarial, do mesmo modo que no concurso 2010 eram cerca de 212 professores por inserir, mas felizmente foram inseridos 102 professores faltando 110 professores”.
A integração dos professores está a decorrer gradualmente. Graça Manuel disse que existe boa vontade do executivo de Boaventura da Silva Cardoso na superação dos referidos erros. O impasse continua e a palavra de ordem daquele grupo de jovens e adultos que devem cobrir o deficit existente no sector da educação em todos os municípios de Malanje é o desemprego.
O representante do Sindicato Nacional de Professores que admitiu haver pouco interesse do Ministério das Finanças promete convocar a paralisação das aulas caso o processo não seja resolvido durante o período acordado pela entidade patronal.
“Primeiro a introdução dos seus nomes nas folhas de salário, segundo para voltarmos à carga na discussão sobre os retroactivos, porque é um governo e o governo tem dinheiro para isso. Hoje ainda constatamos o não pagamento dos directores nomeados, de qualquer modo, também outra carga salarial que está sendo acumulada daí é que o governo tem capacidade, de facto, para pagar isso caso não aconteça o Sinprof tem o último meio para usar, portanto, é a greve”.
Duas manifestações foram realizadas nesta cidade, a primeira defronte à Direcção Provincial de Educação e outra da sede do Governo Provincial.
Apenas dez directores de escolas recebem os salários consoantes as nomeações. Vários docentes mesmo sem beneficiarem de qualquer subsídio do governo leccionam em escolas de diferentes municípios de Malanje desde que receberam as respectivas guias de colocação.
Imagem: Meninos Angolanos - Fotos enviadas pela Márcia
angola2011.blogspot.com

O novo homem forte da Kianda


Bento Bento tem a política na veia falta-lhe conciliar o tacto da gestão de uma cidade turbulenta

Água benta nas pias quase secas dos partidos da oposição foi a nomeação de Bento Bento, perdão, agora passou a ser Bento Joaquim Sebastião Francisco Bento, para o alto cargo de governador da Província de Luanda, que, mal se acomodou no seu novo cadeirão, deu a conhecer o seu novo modo de encarar a ex-desgovernança de Luanda, que ele quer à viva força transformar em boa governação.
Para começar, Bento Bento, pediu aos novos administradores municipais uma maior transparência e disciplina no desempenho das suas funções. Fez esta exigência durante o acto de empossamento dos novos administradores municipais e do presidente da comissão administrativa municipal de Luanda, numa cerimónia realizada no salão nobre do Governo Provincial.
O novo inquilino da Mutamba apontou o município de Viana como sendo o mais problemático nesta vertente de boa governação, “por isso gostaria que esta situação acabasse”. Inicia agora, disse ele, mais ou menos com estas palavras, começou um novo modelo de gestão dos municípios, por isso deve haver mais eficiência, transparência, rigor, empenho e profissionalismo durante todas as actividades.
“Os novos responsáveis das administrações devem assumir uma atitude forte com compromisso para a obtenção de resultados positivos, tendo em vista a elevação da qualidade de vida dos luandenses”, lembrou não se esquecendo de avisar todos os administradores, sem excepção, da necessidade premente de porem termo aos falsos orçamentos, porque com o novo elenco haverá “transparência obrigatória para todos e fiscalização permanente das contas (…) não seremos coerentes com as insuficiências ou situações injustificadas”.
Quanto aos administradores destinados a serem reconduzidos, o novo responsável, queremos acreditar nisso, disse, que todos eles devem ter em mente que “as suas responsabilidades são ainda maiores”, pois o governo da província e o seu titular “não irão pactuar com apropriação anárquica de terrenos».
Como de costume, tudo cor-de-rosa, tudo bonito, só boas intenções.

As esperanças
Do lado da oposição política e sociedade civil, as reacções foram de duas ordens, uma, de chacota, outra, de temor controlado.
A oposição sempre o acusou de exceder-se na sua eloquência e encarou a sua nomeação ao cargo de governador de Luanda como estando intimamente ligada a cálculos políticos eleitorais. O seu lado oposicionista às manifestações “anti-regime” também foi posto em evidência, no mau sentido, no que se refere à apreciação do que se poderá augurar do seu futuro desempenho.
Mas, neste ponto da apreciação da pertinência ou não pertinência da sua nomeação chegamos ao entroncamento decisivo, na medida em que futuramente o que vamos ver é para que lado vai cair ou se elevar a sua estratégia política e administrativa.
Se BB mantiver a sua agressividade no desempenho das suas novas funções, muitos estarão mal, terão direito a mais um “FLOP” monumental, talvez seguido de percas importantes dos penachos partidários, amarelo, preto e vermelho, do MPLA; caso contrário, se ele enveredar pelo diálogo, numa surpreendente e muito positiva mudança de comportamento, então poderemos esperar dele uma acção que poderá talvez ser considerada, na história de Luanda, como a melhor de todas e ele próprio ser considerado o melhor de todos os governadores que passaram pela capital.
O que poderá valer-lhe uma terrível decepção, um inopinado afastamento estratégico por parte de JES, como aconteceu a todos os que, antes dele, se salientaram mais do que lhes tinha sido pedido, ao serviço do regime JES/MPLA.
Tudo isto já foi amplamente divulgado pela imprensa e o que há a reter é, em primeiro lugar, as suas qualidades, já que os seus defeitos são amplamente conhecidos por ter sido ele próprio a no-las revelar.
Devemos sobretudo salientar a sua presença em quatro congressos consecutivos do MPLA.
Perseverança.
Em Março, do corrente ano, foi com ele com quem JES contou e orientou a realização de acções de massas para atenuar as ameaças de manifestações que apelavam ao derrube do Presidente da República.
Fidelidade ao chefe.
Saliente-se que a lealdade que BB tem pelo PR é também por gratidão ao papel que o presidente exerceu em fase difícil da sua vida. Há alguns anos atrás, caiu adoentado e na altura circularam vários rumores dentre os quais uma versão de que teria sido envenenado. JES quando tomou conhecimento do seu estado de saúde ordenou que uma aeronave o despachasse para o Brasil, em tratamento médico.
A sua generosidade no esforço e na acção de todos os dias combina-se de forma um quanto caótica, mas combina-se com o seu pendor exigente, em termos de trabalho, razão pela qual, quando foi nomeado governador de Luanda, franjas do partido, apoiaram a decisão de José Eduardo dos Santos, por reconhecerem nele a faceta de líder.
Dinamizador de massas.
BB é um conhecedor emérito de todos os problemas da província de Luanda, por ter sido, enquanto responsável do Comité Provincial da capital do país, depositário de várias reclamações dos munícipes. Dizer que actuou como fiscalizador dos governadores que por Luanda passaram nos últimos 6 anos basta para ter uma ideia de como todas as pregas da alma luandina são do seu foro íntimo!
De relembrar que ele tomavas nota de todos os protesto do munícipes e comprometia-se a encaminhar as questões ao governo provincial ou as administrações municipais. Quando estes falhassem, os populares iam às rádios atacar o MPLA/Luanda.
Ficava doente e a repetição de situações desse género levaram-no a ter de assumir uma incompatibilidade com pelo menos dois dos seus antecessores, Job Kapapinha e Francisca Espírito Santo. Entendia que era a sua imagem e a do seu partido que ficavam afectadas em função da prestação sofrível dos governadores/administradores aqui mencionados.
Responsável.
Por tudo isto e outros atributos, os militantes do MPLA começaram a vê-lo como figura habilitada para dar um termo às debilidades que Luanda apresenta.
Veremos se será um governador de todos ou somente dos militantes do MPLA…

Quem é Bento Bento
Bento Joaquim Sebastião Francisco Bento (BB) que é agora o décimo oitavo governador de Luanda, nasceu em Camabatela, província do Kwanza-Norte, e não nos foi possível apurar as razões por que alguns lhe chamam de guineense, como foi divulgado por vários órgãos de comunicação social e outras redes sociais.
Começa já aí a maldade.
Bento Bento mudou-se muito cedo para Luanda e logo após a revolução do “25 de Abril”, fez parte do grupo de jovens que naquela altura aderiu ao MPLA.
Aos 16 anos de idade integrou as hostes da JMPLA, onde cresceu politicamente e chegou a ser segundo secretário provincial de Luanda. Antes de ai chegar, dirigiu o departamento de organização da juventude e chefiou a secção de reenquadramento de jovens nos bairros de Luanda. É hoje identificado como o dinamizador da estruturação da rede da JMPLA na zona da Samba, Corimba e Futungo.

ISABEL ACUSADA DE LIDERAR DESEMPREGO E POBREZA NA LUNDA


Minas de diamantes de sonhos e morte. Calvário dos fazedores de riquezas e a extrema pobreza dos Lundas
Nestes últimos anos o número de projectos de extracção de diamantes em Angola conheceu um substancial desenvolvimento, travado, é verdade pelos nefastos efeitos da crise económica mundial que despoletou em 2007/2008. Apesar disso, nos tempos que correm já podemos antever, de novo, um crescimento da produção, mantendo-se o grande peso do sector informal e das elites governamentais, no seu controlo. De relembrar que, entre 2002 e 2006, a produção de diamantes quase duplicou em Angola - de cinco milhões de quilates para 9,5 milhões - enquanto o rendimento bruto de venda de diamantes cresceu para 1,2 mil milhões de dólares no ano passado. Em meados de 2007, 12 projectos de mineração de diamantes estavam em actividade no país, e 15 prontos para iniciarem produção nos próximos anos, estando ainda na grelha, nessa altura, outros 30 projectos de prospecção em larga escala.

Wandaly Mitwe & Ankara Sandala*

Este intróito dá-nos uma ideia daquilo que constitui na realidade um esforço para aumentar os níveis de exploração diamantífera, o que, mais tarde ou mais cedo, se efectivará, mas, o que sobretudo tencionamos revelar é que esse melhoramento da situação no terreno não significa uma melhoria da vida das populações das zonas mineiras, principalmente, na Lunda Norte e Sul, onde a pobreza é extrema e o desenvolvimento nulo.
Dissimetrias entre os que têm muito e os que nada têm
Entretanto, nestas oscilações de níveis de desenvolvimento e lucros das sociedades diamantíferas, a organização não-governamental Parceria África-Canadá (PAC) fez um estudo da situação em Angola e revelou ao mundo que uma sociedade de generais angolanos encaixou perto de 120 milhões de dólares, nos últimos dez anos, com uma participação "silenciosa" no negócio dos diamantes.
Assim vista, pelo lado de cima, a exploração diamantífera, mau grado as dificuldades devidas à crise, parece não ter outras razões de queixa que as que se relacionam com uma diminuição de lucros. Porém, vista a mesma actividade pelo lado de baixo, o menos que se possa dizer é que o sector diamantífero vai de mal a pior, e não nos estamos a referir a um caso isolado, mas à situação de todo o sector em geral.

ISABEL ACUSADA DE LIDERAR DESEMPREGO E POBREZA NA LUNDA
A maioria, melhor, a totalidade dos projectos mineiros, na Lunda Norte, são sociedades mistas, entre estrangeiros e angolanos, estes, para não destoar, altos dirigentes do MPLA e ou generais identificados partidocratamente. Pese este facto e de o Leste ter sido um dos baluartes na luta de libertação do partido no poder, as suas populações desde a independência que têm assistido ao minguar da sua qualiodade de vida e o avolumar da pobreza extrema.
A Lunda está convertida numa terra de buracos e crateras, causadas pela exploração desenfreada e garimpo de diamantes, que privilegia o valor dos seus “karas”-qualidade e valor da pedra-, do que dos autóctones da região.
O homem Lunda deixou de entrar nas estatísticas governamentais, tanto que hoje se conhece níveis de pobreza e mortalidade antes impensáveis.
E isso pode ser atestado, face ao clamor, chegados ao F8, ao percorrer o caminho espinhoso, de uma província rica, mas abandonada e onde apenas conta no mapa de delapidação dos seus mineiros e ainda assassinatos e exploração dos seus filhos, por parte dos coronéis e generais.
Neste momento, por exemplo, temos vários projectos dos senhores das minas, que atiraram as suas populações ao desemprego forçado e desumano como; FuUma (N`zagi), Luxinje, (N`zagi), Luarica, Camutué, Yetwene, Thegi, Camuanzanza e Cacuàla, todos eles situados no munícipio do Lucapa, que não pagam salários aos trabalhadores angolanos há mais de um ano.
O projecto Camutué, segundo a denúncia, “(…) deve aos antigos trabalhadores, 9 meses de salários, subsídios de férias e indemnizações, mas este problema não é só do Eng.º Noé José Baltazar, director-geral, porque a dona da empresa é a Srª. Isabel dos Santos, filha do presidente da República, que até ao momento não se dispõe a disponibilizar dinheiro para o pagamento da maioria dos trabalhadores angolanos. Apenas pagaram alguns bajuladores do comité de especialidade do MPLA, pensando que seria suficiente para acalmar os ânimos e cidadãos estrangeiros”.

REGIME COLOCA MILHARES DE MINEIROS NO DESEMPREGO
São mais de 3000 trabalhadores no desemprego “a sofrer, ante o silêncio cúmplice do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, que nunca veio a nossa terra, senão mandar buscar dinheiro, para enriquecer os seus filhos e a sua família, o governador provincial, um caudilho do regime, que também, está a tirar e o presidente da Endiama, apenas preocupado em enriquecer e transferir dinheiro para a terra da sua mulher estrangeira, por isso nada fazem, ante a nossa miséria e morte de fome”, lê-se numa carta denúncia chegada ao F8.
E as coisas vão mal nas terras das Lundas, onde o mal-estar dos trabalhadores afectados pelo não cumprimento das obrigações patronais parece que se vai estendendo por toda aquela zona diamantífera, de forma cada vez mais abrangente, como confirmado pelo documento que nos foi entregue: “o projecto Luarica, não paga salário ao pessoal há 17 meses. O Thegi não paga há mais de 1 ano.
O projecto Cacuála, não paga há mais de 2 anos.
“O projecto Luxinge, inaugurado em 2010, com pompa e circunstância, pelo ministro Joaquim David em companhia do governador da Lunda Norte e do PCA da Endiama, caricatamente, quatro meses depois começou com aquilo que nós já estamos habituados; falta de salários e já la passam 12 meses”.
O projecto Ximbongo(N`zagi), este também já começou com atraso de 4 meses de salários», por aí fora.
Mas o pior, no sentido de ofensa aos trabalhadores autóctones que labutam nas minas é que, além de todos estes atrasos serem um atentado à sua dignidade, que contraria o postulado constitucional “quedamo-nos sem perceber por que razão eles só acontecem com os angolanos, porque com os expatriados isto não acontece”...
É claro que situações deste gabarito suscitam reacções pouco abonatórias de consensos e a verdade é que, mesmo recorrendo aos tribunais, nada se resolve, todas estas empresas foram processadas pelos trabalhadores, mas até agora nada, nenhuma delas foi condenada a pagar qualquer indemnização aos lesados pelas suas exacções, por serem de membrtos do regime a quem a justiça partidarizada protege e oculta os seus hediondos crimes, o que nos leva a questionar a tão badalada campanha de combate à pobreza, inserida nos discursos do presidente Eduardo dos Santos, que dirtige Angola muito distante da sua realidade”.
Daí que muitos se interroguem: Qual combate, qual carapuça! Toda essa gente está votada a um abandono total, por parte dos patrões, por parte das autoridades locais, por parte da Justiça e por parte do próprio Executivo, que, pura e simplesmente, os ignora totalmente.
O trabalhador nas Lundas em Angola, e é assim que termina o documento - queixa a que temos vindo a aludir, diz: “O MINEIRO NA TERRA DOS DIAMANTES NÃO PASSA DE UM MENDIGO”.
*Na Lunda Norte
Imagem: ... de diamantes, enquanto a população vive àmiséria… literalmente.
tiespecialistas.com.br

sábado, 26 de novembro de 2011

Exclusivo. Acordo assinado com Ordem de Advogados de Portugal. Advogados em pé de guerra contra bastonário



A assinatura de um protocolo de cooperação entre a Ordem de Advogados de Angola e Portugal, rubricado por Inglês Pinto, por parte de Angola e Marinho Pinto de Portugal, causou um sério mau estar na classe de advogados de Angola e pode mesmo manchar todo o consulado de Inglês Pinto, que tem sido já marcado pela onda de descontentamento face aos comunicados públicos contra os seus filiados. Uma das baixas será a de Sérgio Raimundo, que disse em exclusivo ao F8, que vai abandonar o Conselho Nacional: “Fui traído, logo não posso ficar num meio assim de traições!”
A Ordem de Advogados de Angola é a única organização de classe, em Angola e no mundo, que sem antes ouvir os seus associados por alegadas denúncias, vem a terreiro emitindo comunicados, colocando em cheque a imagem, a honra e bom nome dos advogados. Esta situação por si só conota a direcção de Inglês Pinto como apêndice dos comités de especialidade do MPLA e não só. Outra crítica é a do bastonário difamar os seus filiados ao distribuir listas contendo os nomes dos advogados com mensalidades em atraso, nos tribunais, nas cadeias e na Procuradorias, quando deveriam aprimorar os mecanismos para os membros pagarem atempadamente as suas quotas.
“Com esta posição, infelizmente, já não tenho dúvidas; Inglês Pinto será lembrado como o pior bastonário que a nossa Ordem jamais teve. Ele nos envergonha a todos. Acreditar que sem mandato, assinou este protocolo, abrindo a porta aos advogados portugueses, que face a crise no seu país, querem agora todos vir para Angola, visando tirar-nos o emprego, é um insulto e uma punhalada nas nossas costas, pois nenhuma congénere estrangeira fará isso connosco”, disse um membro do Conselho Provincial de Luanda, que por razões óbvias solicitou o anonimato.
Mais cauteloso esteve o presidente da Ordem de Luanda Hermenegildo Cachibombo, que num email enviado ao bastonário Inglês Pinto, disse o seguinte: “tentei contacto telefónico, mas sem sucesso. Tenho recebido telefonemas de vários associados que perguntam com que legitimidade foi assinado o protocolo. Como não tenho qualquer informação sobre o assunto, que é urgente e sério, solicito as necessárias informações do Bastonário, para que se possa então esclarecer os associados”, concluiu.
O advogado David Mendes, não quer acreditar que Inglês Pinto tivesse ido tão longe sem um mandato dos associados, “aliás isso não pode ser uma decisão apenas do Conselho Nacional, mas sim de todos os associados, para que se acautele tudo. Como podem os portugueses ver as portas escancaradas em Angola, quando o inverso não acontece. Vamos ser claros, quantos angolanos têm possibilidade de ir advogar em Portugal? A ser implantado este acordo, teremos agora uma colonização na advocacia e muitos advogados angolanos no desemprego”.
O advogado e director do F8, William Tonet, instado a comentar esse protocolo, disse não querer comentar antes da realização da Assembleia Geral extraordinária, a realizar-se no próximo mês.
No entanto o advogado Sérgio Raimundo, membro do Conselho Nacional da Ordem, disse que vai colocar o seu lugar a disposição por não poder pactuar com esse tipo de decisões. “Este assunto é muito grave e a ser levado avante vai colocar por terra todas as conquistas de muitos advogados angolanos. Sem este protocolo, em muitos escritórios já temos colegas encapotados, com ele, seremos engolidos”, afirmou, acrescentando, que “em função disso decidi, de forma irreversível e consciente, abandonar esta direcção colocando o meu lugar de membro do Conselho Nacional, a disposição por me sentir traído ao não tomar conhecimento pela imprensa e redes de internet, de uma decisão tão importante”.
Para economia de espaço, vamos publicar o protocolo e a reacção posterior de Inglês Pinto tentar apagar o borrão.

PROTOCOLO ENTRE A ORDEM DOS ADVOGADOS PORTUGUESES E A ORDEM DOS ADVOGADOS DE ANGOLA

ENTRE:
ORDEM DOS ADVOGADOS PORTUGUESES, adiante designada, abreviadamente também por OAP, pessoa colectiva pública n.º 500 965 099, com sede no Largo de São Domingos, n.º 14, 1º, 1169 – 060, em Lisboa, neste acto representada pelo Senhor Dr. António Marinho e Pinto, na qualidade de Bastonário da Ordem dos Advogados, como Primeira Outorgante,

E
ORDEM DOS ADVOGADOS DE ANGOLA, adiante designada abreviadamente também por OAA, com sede na Av. Ho Chi Min, Edifício Direcção Nacional de Estatística, Luanda, Angola, neste acto representada pelo Senhor Dr. Manuel Vicente Inglês Pinto, na qualidade de Bastonário da Ordem dos Advogados, como Segunda Outorgante

Considerando que:
i) Nos termos do Estatuto da Ordem dos Advogados, aprovado pela Lei n.º 15/2005, de 26 de Janeiro, são, entre outras, atribuições da Ordem dos Advogados Portugueses, defender o Estado de Direito e os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos e colaborar na administração da justiça, zelar pela função social, dignidade e prestígio da profissão de advogado, promovendo a formação inicial e permanente dos advogados e o respeito pelos valores e princípios deontológicos, promover o acesso ao conhecimento e aplicação do direito e contribuir para o desenvolvimento da cultura jurídica e aperfeiçoamento da elaboração do direito;
ii) Constitui também atribuição da Ordem dos Advogados Portugueses, contribuir para o estreitamento das ligações com entidades congéneres estrangeira;
iii) Revela-se fundamental estabelecer o intercâmbio e cooperação entre a OAP e a OAA, designadamente em matéria de formação na medida em que esta reveste um papel fundamental no âmbito do exercício da advocacia;
iv) As iniciativas previstas no presente protocolo destinam-se a reforçar o apoio e promover a formação
de Advogados, bem como incentivar o intercâmbio entre os Advogados dos dois países;
v) A OAP e a OAA, motivadas pelo espírito de cooperação e amizade, pretendem trabalhar em
conjunto, desenvolvendo acções de cooperação dentro de um espírito de consulta mútua e respeito pelos Advogados e ordens profissionais respectivas;
vi) O exercício da profissão e a prática de actos próprios da advocacia impõe a inscrição prévia como Advogado, na Ordem dos Advogados dos respectivos países;
vii) Convictos de que a implementação do presente Protocolo constituirá um passo no reforço do
relacionamento e cooperação entre a OAP e a OAA.

É celebrado e mutuamente aceite o presente PROTOCOLO, nos termos das Cláusulas seguintes de que os considerandos precedentes fazem parte integrante:

Capitulo I
Disposições Gerais
Cláusula Primeira
(Objecto)
O presente Protocolo tem como objecto definir os termos e as condições da cooperação entre a Ordem dos Advogados de Portugueses e a Ordem dos Advogados da Angola, visando, em particular:
a) Proporcionar formação teórico-prática aos Advogados de Angola, com vista ao adequado exercício da advocacia, de modo a que esta seja desempenhada de forma competente e responsável, designadamente nas suas vertentes deontológica, técnica e científica;
b) Incentivar o intercâmbio entre a Advocacia de Angola e de Portugal;
c) Definir a prestação de serviços, sem carácter de permanência, em Portugal e em Angola, por Advogados
regularmente inscritos, respectivamente na OAA e na OAP.

Cláusula Segunda
(Participação)
1 - Nos termos e para os efeitos do disposto nas alíneas a) e b) da Cláusula Primeira do presente Protocolo, compete a cada uma das ordens a definição dos critérios e regras de participação dos respectivos intervenientes.
2 - No que respeita à matéria prevista na alínea c) da Cláusula Primeira, a prestação de serviços, sem carácter de permanência, em Portugal e em Angola, por advogados regularmente inscritos nas respectivas ordens, é livre e processa-se nos termos do disposto no presente Protocolo e na legislação e regulamentação aplicáveis nos respectivos países

Capítulo II
Formação
Cláusula Terceira
(Formação)
No âmbito da execução do presente Protocolo, a Ordem dos Advogados Portugueses, compromete-se a organizar e prestar formação profissional aos Advogados inscritos na Ordem dos Advogados de Angola.

Cláusula Quarta
(Âmbito da Formação)
A formação abrangerá um núcleo central de matérias definido pelas partes outorgantes, tendo como finalidade o desenvolvimento e aprofundamento das exigências práticas da profissão.

Cláusula Quinta
(Local)
1 - A formação terá lugar em Portugal, em escritórios de advogados ou em sociedades de advogados, previamente indicadas pela OAP e com o acordo expresso dos interessados.
2 - A formação poderá, igualmente, realizar-se em Angola, em local a designar pela OAA, através de acções de formação profissional específicas, orientadas por advogados portugueses que para tal se deslocarão a esse país, em condições a acordar pontualmente entre as partes outorgantes.

Cláusula Sexta
(Encargos financeiros)
1 – No âmbito da execução do presente Protocolo e nos termos e para os efeitos do disposto na Cláusula 3.ª, todos os encargos financeiros decorrentes da deslocação, alojamento e estadia e demais encargos de cada um dos Advogados de Angola que se deslocarem a Portugal, serão suportados integralmente por cada participante.
2 – No âmbito da execução do presente Protocolo e nos termos e para os efeitos do disposto na Cláusula 3ª, as despesas e demais encargos inerentes à formação são da responsabilidade do advogado português ou sociedade de advogados portuguesa que a vier a ministrar.
3 - Sem prejuízo do disposto nos números 1 e 2 da presente cláusula, a OAA e a OAP, através dos seus representantes, comprometem-se a desenvolver diligências junto dos governos dos respectivos países com vista à obtenção de apoios financeiros para fazer face às despesas com as acções referidas nas cláusula anteriores.

Cláusula Sétima
(Formação on-line)
As partes outorgantes comprometem-se a desenvolver as diligências necessárias à criação e disponibilização de mecanismos para formaçãoon-line.

Cláusula Oitava
(Intercâmbio)
No âmbito das relações bilaterais as partes outorgantes comprometem-se a realizar, regularmente, iniciativas conjuntas, tais como conferências, seminários ou colóquios, destinadas a promover a cultura jurídica entre os advogados, os valores do direito e da justiça, a importância e a dignidade da advocacia, bem como a defesa do estado de direito e dos direitos humanos.

Cláusula Nona
(Responsabilidade)
1 - Eventuais responsabilidades decorrentes de acções ou omissões imputáveis aos advogados formandos e/ou
formadores, serão exclusivamente dirimidas entre os próprios, não obstante a intervenção da OAP e da OAA, nos termos da lei e regulamentos próprios.
2 - Sem prejuízo do referido no número anterior, cada um dos intervenientes obriga-se a informar prontamente a Ordem dos Advogados de Angola ou a Ordem dos Advogados Portugueses, consoante o caso, por escrito e fundamentadamente, sobre quaisquer factos de que tenha conhecimento e que possam implicar responsabilidade deontológica dos intervenientes.

Capitulo III
Exercício da advocacia
Secção I
Prática de actos próprios de advogado sem carácter de permanência
Cláusula Décima
(Princípios Gerais)
1 - A prática de actos próprios de advogado, sem carácter de permanência, em Portugal e em Angola, por advogados regularmente inscritos nas respectivas ordens profissionais, é livre, ressalvados os termos do presente Protocolo e a legislação e regulamentação aplicável dos respectivos países.
2 - Os advogados portugueses e angolanos que pretenderem prestar serviços em Angola e em Portugal devem dar prévio conhecimento à ordem de advogados do país onde pretendem efectivar tal prestação ocasional de serviços.
3- A comunicação prevista no número anterior é efectuada por escrito e dirigida ao Bastonário da Ordem dos Advogados, acompanhada de cópia de documento de documento válido, comprovativo da sua inscrição em vigor na Ordem dos Advogados do país de proveniência e indicar o tipo e natureza dos serviços a efectuar, a identidade do Advogado do país de acolhimento que assegure a representação conjunta, bem como indicar o domicílio profissional escolhido para o efeito.

Cláusula Décima Primeira
(Deontologia profissional)
Nos termos e para os efeitos do disposto na Cláusula Décima, os Advogados estão sujeitos às condições de exercício e regras deontológicas aplicáveis aos advogados inscritos na Ordem dos Advogados do país de acolhimento, designadamente as respeitantes ao segredo profissional, incompatibilidades, relações entre colegas, conflito de interesses e publicidade profissional.

Secção II
Da Inscrição
Cláusula Décima Segunda
Regime
As Partes Outorgantes reconhecem reciprocamente as inscrições como advogados nas respectivas Ordens dos Advogados e procederão, nos termos e condições previstas no Estatuto e Regulamento de Inscrição de Advogados e Advogados Estagiários em vigor cada um dos dois países.

Capitulo III
Divulgação de Publicações
Cláusula Décima Terceira
(Divulgação de publicações editadas pela OAP)
Como forma de incentivar o intercâmbio entre as advocacias de Angola e de Portugal, a OAP compromete-se a enviar, gratuitamente, pelo correio, a todos os Advogados com inscrição em vigor na OAA, as publicações periódicas editadas pela OAP, designadamente, a Revista e o Boletim da Ordem dos Advogados.

Cláusula Décima Quarta
(Expedição das publicações editadas pela OAP)
1 – Nos termos e para os efeitos do disposto na cláusula anterior, a OAA, deverá fornecer à OAP a lista actualizada dos seus Associados, com indicação expressa do respectivo nome e domicílio profissional.

2- O envio dos elementos profissionais e a respectiva actualização deverá ser enviada anualmente, para o Conselho Geral da OAP, até ao último dia do mês de Novembro.

Cláusula Décima Quinta
(Denúncia de violação dos direitos humanos)
As Partes Outorgantes comprometem-se a desenvolver conjuntamente todas as iniciativas necessárias à defesa do estado de direito democrático e à protecção dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, bem como combater e denunciar as violações dos direitos humanos, sejam quais forem as vítimas e os violadores.

Capitulo V
Disposições Finais
Cláusula Décima Sexta
(Vigência)
O presente Protocolo entra em vigor na data da sua assinatura por ambas as Partes Outorgantes e terá a duração de 1 (um) ano, considerando-se tacitamente prorrogado por iguais períodos de tempo, se não for denunciado por qualquer das Partes Outorgantes, mediante comunicação escrita registada expedida para a morada referida no presente Protocolo, com a antecedência mínima de 60 (sessenta) dias relativamente ao termo do período em curso, sem prejuízo, no entanto, do cumprimento integral das obrigações entretanto assumidas pelas Partes Outorgantes.

Cláusula Décima Sétima
(Alterações e comunicações)

1 – Qualquer alteração ou cláusula adicional ao presente Protocolo só será válida se constar de documento assinado por ambas as partes.
2 - As comunicações a que haja lugar entre as partes outorgantes ao abrigo deste protocolo serão efectuadas por escrito, por correio, fax ou correio electrónico para os seguintes endereços:
OAP OAA
Correio registado Largo de S. Domingos, 14 – 1º
1169 – 060 Lisboa
Av. Ho Chi Min
Edifício Direcção Nacional de
Estatística
Luanda - Angola
E-mail cons.geral@cg.oa.ptordemadvogadosangola@netangola.com
Telefone 00 351 21 882 35 50 00 244 222 32 63 30
Fax 00 351 21 886 24 03 00244 222 32 27 77

3 - Nenhuma das Partes Outorgantes celebrou o presente Protocolo com base em representações, projecções, expectativas, compromissos ou garantias dados pela outra Parte, para além dos que aqui se reportam e assumem.

4- O presente Protocolo poderá ser revisto de comum acordo, por proposta de qualquer uma das Partes Outorgantes.
O presente protocolo é celebrado em duplicado, ficando um exemplar, devidamente assinado na posse de cada uma das Partes Outorgantes

Assinado em Lisboa, em 15 de Novembro de 2011.
Pela Ordem dos Advogados Portugueses
António Marinho e Pinto
Bastonário

Pela Ordem dos Advogados de Angola
Manuel Vicente Inglês Pinto
Bastonário

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Comunidade internacional começa a apertar o cerco?



Nandó “non grato” nos EUA e Sobrinho/BESA em Lisboa mostram descredibilidade do regime

No dia 19 de Outubro do ano em curso, o vice-presidente da República de Angola, Fernando da Piedade Dias “Nandó” foi impedido de desembarcar no aeroporto de Nova Iorque quando era aguardado para participar, na 66.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, onde iria representar o Chefe de Estado José Eduardo dos Santos.
Essa interdição deve-se ao facto de esse ilustre cidadão angolano não ser, aos olhos das autoridades americanas, assim tão ilustre como o seu título augura, em virtude dos serviços secretos daquele país, jurarem haver provas de Nandó, directamente ou através de familiares directos, estar conectado a negócios duvidosos controlados pelos irmãos Ali Tajideen e Husayn Tajideen, empresários libaneses, detentores do monopólio da distribuição alimentar em Angola, através de três grandes grupos: Arosfran, Golfrate e Afribelg, identificadas também pelo Departamento do Tesouro dos EUA de todo este império ser o suporte de fortes conexões financiadoras da actividade do grupo terrorista libanês do Hezbollah.
Fácil é imaginar o que teria passado pela mente de George Rebelo Chicoty, o ministro das Relações Exteriores, que neste dia aguardava em Nova Iorque pela sua chegada.
A monumental bofetada ao nosso país dada à queima roupa por via dessa recusa, com certeza que o abalou muito, mas não o impediu de assumir todas as suas responsabilidades e acabou por ser ele a discursar na Assembleia das Nações Unidas em substituição de “Nandó”.
Este, por sua vez, saiu dali para Londres, onde, em consequência destes problemas acabaria por ter necessidade de fazer consultas de revisão, em funçãop de um recente acidente vascular facial, que o deixou por alguns dias na capital britânica.
Por ali ficou em tratamento e só regressou a Angola por ocasião da apresentação do Estado da Nação, o mais que falhado discurso presidencial do 18 de Novembro passado.
Porém, o Presidente José Eduardo dos Santos não contava com a sua presença e não o citou como individualidade da alta hierarquia do Estado angolano na parte inicial do seu discurso. Mencionou apenas o Presidente da Assembleia Nacional, do Tribunal Constitucional, e os deputados.
Mas o vice-presidente “Nandó”, visivelmente afectado é verdade, esteva de facto presente na sala, e a dada altura, aconteceu mesmo o que foi mais indício do seu mal-estar, ao movimentar-se de um local para outro quase que caía por suposta fraqueza ou indisposição, tendo sido apoiado por um jornalista que passou ao seu lado.
Enfim, o moral abaixo de zero (da tolerância), astral baixíssimo.

A vergonha
Fazer política é uma tarefa por demais ingrata, tanto mais que na maioria dos casos o homem político chega à praça politiqueira de pára-quedas e encontra-se embarcado numa aventura de que não mediu limites. Estes são ultrapassados muitas vezes por uma maioria de “governadeiros” que confundem governar com se governar.
Essa é uma das características mais visíveis do panorama político angolano, no qual é raro encontrar dirigentes políticos que não estejam envolvidos em negociatas cuja principal característica é de estarem sempre protegidas e escaparem regularmente ao peso da lei angolana. Esses camaradas fazem o que lhes apetece fazer e nada lhes acontece no país, por se resguardarem por trás de uma impunidade instituída pelo próprio regime JES/MPLA. O problema é que, quando eles vão ao estrangeiro não há lei especial para eles nem escapatórias à lei e acontece então o que aconteceu ao vice-presidente Nandó .
Posto isto, convenhamos que este entremez é, antes de mais nada, uma tremenda bofetada sem mão ao regime JES/MPLA, mas também a Angola e aos angolanos, os quais, no meio da confusão não querem deixar entregues às feras os seus concidadãos, sejam eles altos dirigentes corruptos e trapaceiros.
Nesses casos, muitas vezes, fala mais alto o cerrar fileiras duma imaginária equipa nacional do que a legitimidade das eventuais sansões que lhes são aplicadas por instâncias internacionais, atitude essa que alguns consideram como sendo um dos aspectos mais polémicos da angolanidade.
E de certo modo é correcto pensar desse modo, pois, não tenhamos medo das consequências, o que realmente conta é fazer esforços para pôr cobro a esta endemia da corrupção que afecta todas camadas sociais do nosso país, desde os roboteiros ao chefe supremo.
Portanto, o que mais conta é amedrontar estas prepotentes personagens que se movimentam no terreiro nacional como de o país fosse coutada pessoal e depois ficam muito admirados por serem escorraçados da cena internacional.
No entanto, este episódio para já deixa de fora Fernando da Piedade Dias dos Santos de uma eventual corrida ao cadeirão do MPLA e da Presidência da República, constituindo por via disso uma vitória da equipa de Eduardo dos Santos.

Cerco apertado em torno do enriquecimento ilícito

Depois desta rejeição de visto de entrada a Fernando da Piedade Dias dos Santos Nandó, nos Estados Unidos, uma afronta ao seu prestígio, ou coisa semelhante, foi aberto um processo-crime em Portugal contra o presidente do banco BESA-Angola, Álvaro Sobrinho, indiciado como arguido por alegada lavagem de capitais e transferência ilícita de 30 milhões de dólares.
Somadas as duas galhetas, o menos que se possa dizer é que a coincidência destas sansões aplicadas a figuras públicas ligadas muito estreitamente ao JES/MPLA, não é um bom indicador da compleição do regime angolano nem do seu período de graça.
O BESA é uma antena do MPLA em Angola, como um dos bancos financiadores da maioria dos seus membros e promotor das engenharias de toda sorte que possam beneficiar os membros do partido no poder.
Para já vejamos como certa imprensa acompanhou esta situação do homem BESA, que foi obrigado a pagar uma caução de 500 mil euros, cerca de 700 mil dólares, para não ficar a espera de julgamento nas cadeias de Lisboa.

“Álvaro Sobrinho foge para Angola”
O presidente do BESA/Angola mal se viu na rua, depois de ter conseguido, com apoio do seu advogado português, pagar a caução, apanhou um avião e, ala que se faz tarde, rumo à terra não prometida, mas das promessas, Angola.
Chegou, não viu nem venceu, mas esforçou-se por convencer. Convencer que está inocente como um bebé, enfim, que se sente completamente inocente, o que é diferente, pois o que é difícil é acreditar, isto para não dizer que acreditam nisso as criancinhas da primária e daí para cima são dúvidas em cima de dúvidas a entrar nas cachimónias dos putos do liceu.
A ver vamos!
Não há mais dúvidas, o cerco aperta-se, a crise ajuda, é preciso ir buscar dinheiro aos que ainda não se fartaram de roubar. A famigerada campanha promovida entredentes por JES, deTolerância Zero, que muitos consideram ter sido mais uma palhaçada nacional de que até o presidente do Tribunal de Contas se ri em surdina, teve de esperar para ser implementada que esses senhores saíssem do país para ver o que isso é, a tolerância zero.
Não sabiam, mas ficaram a saber. A cacetada prometida por JES veio do estrangeiro, da parte de organismos que reconheceram com muita firmeza o bem-fundado das predições do Presidente de Angola.
Mais uma vitória política retumbante para o nosso presidente vitalício, José Eduardo dos Santos, uma consagração internacional que lhe é assim outorgada por duas prestigiosas instituições mundialmente respeitadas, dos Estados Unidos e de Portugal.
Bem haja.
Vejam como o mundo é: a tolerância zero, genial ideia de JES, afinal está a funcionar de fora para dentro, monitorando os passos da elite do regime, anunciando o risco de o próprio Dos Santos viajar para França, Bélgica e Suíça, onde existem processos sobre alegados actos ilícitos por ele praticados. O mundo é, cada vez mais, uma aldeia global, pequena, muito pequena, principalmente, para certos senhores surdos ao clamor dos seus povos.
*Voltaremos em próximas edições com mais dados sobre o BESA