quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A Kilamba na pesca ao voto. Integrismo canhoto de Eufrazina Paiva


No decorrer da semana que termina hoje, dia de publicação do nosso Folha 8, JES deu não um, mas dois tiros nos pés, a celebração do final da primeira fase da empreitada da cidade Kilamba e a colocação da primeira pedra do fabuloso complexo de luxo que vai do Largo da Corimba até ao fundo da Kazanga. Parece que não, mas é verdade, dois estilhaços nos “vitorinos”! E o que é mais grave não são os tiros que ele deu a si próprio, isso é lá problema dele, o pior é que o povo continua a sofrer enquanto na sua mente vão correndo pelos meandros do cerebelo laivos de orgulho e de vaidade pelo espanto causado pela faraónica empreitada da Centralidade do Kilamba e pelo grandioso projecto do complexo de luxo, ao timorense Horta, ao brasileiro Lula e à alemã Merkel. «Agora é que os estrangeiros vão ver como eu sou um grande governante». Bom, Horta, é verdade, esbugalhou os olhos e viu-se a imaginar a obra no seu Timorzinho das Ásias, mas Lula não disse nada e Merkel idem aspas, à parte aqueles piropos menuzinhos, para não ferir a vaidade do nosso chefe, na cabeça do qual a resolução do problema da habitação em Angola deu ali um passo de gigante, quando o que realmente aconteceu foi ele ter feito como esse rei que só tinha pescadores que pescavam em canoas do tipo dos ndongo da Ilha de Luanda e se queixavam de pesca fraca. O rei comprou um gigantesco barco-fábrica, como esses que nos vêm roubar os carapaus das nossas águas numa aterradoramente eficaz pesca de arrasto, deitou fora os ndongo e pôs os pescadores, sempre queixoso por falta de boa pesca, no gigantesco barco-fábrica. O que ele pensou foi ter resolvido os seus problemas, mas os pescadores não se adaptaram a tão brusco câmbio de relação com o mar. E deixaram de existir pescadores, e o barco-fábrica, agora sem pescadores, deixou de ser barco-fábrica e foi transformado em museu. Pelo menos enquanto se espera que sejam formados novos marinheiros, com mentalidade formatada e adequada aos barcos-fábrica!

Integrismo canhoto de Eufrazina Paiva
Esta, devia ter saído na semana passada ainda bem quentinha, mas por descuido não saiu, pelo que, nos baseando no rifão popular, “Mais vale tarde do que nunca”, ousamos servi-la esta semana já a fugir para o morno. Estamo-nos a referir à intervenção da camarada deputada Eufrazina Paiva no final da palestra proferida a 28 de Junho passado no Centro de Formação de Jornalistas (CEFOJOR), pela jovem professora universitária Mihaela Webba, no quadro de uma «CONFERÊNCIA SOBRE TRANSPARÊNCIA, CORRUPÇÃO, BOA GOVERNAÇÃO E CIDADANIA EM ANGOLA» realizada pela Associação Justiça Paz e Democracia (AJPD). A camarada foi aos arames com as críticas tecidas pela conferencista e no final da sua palestrapediu a palavra. Na sua intervenção depois de ter realçado, indignada, que a dissertação da académica tinha sido mais “um ataque ao camarada presidente José Eduardo dos Santos” tanto mais descabido quanto é certo, na sua opinião, que em Angola já há reconciliação, dando como exemplo o facto de os membros da UNITA e do MPLA comerem juntos em cantinas. Aproveitou também a ocasião para desbobinar tudo o que tinha escrito numas cinco folhas inteirinhas de palavreado preparado em casa, como se ela já soubesse o que a professora Webba ia dizer. Foi várias vezes solicitada a terminar para dar tempo aos outros intervenientes, porém Mihaela Webba, entreviu em seu favor, pedindo que a deixassem terminar o raciocínio, o que acabou por ser uma espécie de presente envenenado que permitiu à camarada integrista estender-se ao comprido na sua lenga lenga. Não vamos perder tempo a repetir aqui as suas observações, tão cândidas quanto canhotas e parecidíssimas como os frequentes tiros nos próprios pés de que são exímios executantes muitos dos seus camaradas do MPLA. Mas esta cândida referência da reconciliação entre angolanos nas cantinas chega e sobra. A Eufrazina Paiva, o Folha 8 atribuiu uma medalha de ouro de mérito do acto falhado da semana.

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