sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Comunidade internacional começa a apertar o cerco?



Nandó “non grato” nos EUA e Sobrinho/BESA em Lisboa mostram descredibilidade do regime

No dia 19 de Outubro do ano em curso, o vice-presidente da República de Angola, Fernando da Piedade Dias “Nandó” foi impedido de desembarcar no aeroporto de Nova Iorque quando era aguardado para participar, na 66.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, onde iria representar o Chefe de Estado José Eduardo dos Santos.
Essa interdição deve-se ao facto de esse ilustre cidadão angolano não ser, aos olhos das autoridades americanas, assim tão ilustre como o seu título augura, em virtude dos serviços secretos daquele país, jurarem haver provas de Nandó, directamente ou através de familiares directos, estar conectado a negócios duvidosos controlados pelos irmãos Ali Tajideen e Husayn Tajideen, empresários libaneses, detentores do monopólio da distribuição alimentar em Angola, através de três grandes grupos: Arosfran, Golfrate e Afribelg, identificadas também pelo Departamento do Tesouro dos EUA de todo este império ser o suporte de fortes conexões financiadoras da actividade do grupo terrorista libanês do Hezbollah.
Fácil é imaginar o que teria passado pela mente de George Rebelo Chicoty, o ministro das Relações Exteriores, que neste dia aguardava em Nova Iorque pela sua chegada.
A monumental bofetada ao nosso país dada à queima roupa por via dessa recusa, com certeza que o abalou muito, mas não o impediu de assumir todas as suas responsabilidades e acabou por ser ele a discursar na Assembleia das Nações Unidas em substituição de “Nandó”.
Este, por sua vez, saiu dali para Londres, onde, em consequência destes problemas acabaria por ter necessidade de fazer consultas de revisão, em funçãop de um recente acidente vascular facial, que o deixou por alguns dias na capital britânica.
Por ali ficou em tratamento e só regressou a Angola por ocasião da apresentação do Estado da Nação, o mais que falhado discurso presidencial do 18 de Novembro passado.
Porém, o Presidente José Eduardo dos Santos não contava com a sua presença e não o citou como individualidade da alta hierarquia do Estado angolano na parte inicial do seu discurso. Mencionou apenas o Presidente da Assembleia Nacional, do Tribunal Constitucional, e os deputados.
Mas o vice-presidente “Nandó”, visivelmente afectado é verdade, esteva de facto presente na sala, e a dada altura, aconteceu mesmo o que foi mais indício do seu mal-estar, ao movimentar-se de um local para outro quase que caía por suposta fraqueza ou indisposição, tendo sido apoiado por um jornalista que passou ao seu lado.
Enfim, o moral abaixo de zero (da tolerância), astral baixíssimo.

A vergonha
Fazer política é uma tarefa por demais ingrata, tanto mais que na maioria dos casos o homem político chega à praça politiqueira de pára-quedas e encontra-se embarcado numa aventura de que não mediu limites. Estes são ultrapassados muitas vezes por uma maioria de “governadeiros” que confundem governar com se governar.
Essa é uma das características mais visíveis do panorama político angolano, no qual é raro encontrar dirigentes políticos que não estejam envolvidos em negociatas cuja principal característica é de estarem sempre protegidas e escaparem regularmente ao peso da lei angolana. Esses camaradas fazem o que lhes apetece fazer e nada lhes acontece no país, por se resguardarem por trás de uma impunidade instituída pelo próprio regime JES/MPLA. O problema é que, quando eles vão ao estrangeiro não há lei especial para eles nem escapatórias à lei e acontece então o que aconteceu ao vice-presidente Nandó .
Posto isto, convenhamos que este entremez é, antes de mais nada, uma tremenda bofetada sem mão ao regime JES/MPLA, mas também a Angola e aos angolanos, os quais, no meio da confusão não querem deixar entregues às feras os seus concidadãos, sejam eles altos dirigentes corruptos e trapaceiros.
Nesses casos, muitas vezes, fala mais alto o cerrar fileiras duma imaginária equipa nacional do que a legitimidade das eventuais sansões que lhes são aplicadas por instâncias internacionais, atitude essa que alguns consideram como sendo um dos aspectos mais polémicos da angolanidade.
E de certo modo é correcto pensar desse modo, pois, não tenhamos medo das consequências, o que realmente conta é fazer esforços para pôr cobro a esta endemia da corrupção que afecta todas camadas sociais do nosso país, desde os roboteiros ao chefe supremo.
Portanto, o que mais conta é amedrontar estas prepotentes personagens que se movimentam no terreiro nacional como de o país fosse coutada pessoal e depois ficam muito admirados por serem escorraçados da cena internacional.
No entanto, este episódio para já deixa de fora Fernando da Piedade Dias dos Santos de uma eventual corrida ao cadeirão do MPLA e da Presidência da República, constituindo por via disso uma vitória da equipa de Eduardo dos Santos.

Cerco apertado em torno do enriquecimento ilícito

Depois desta rejeição de visto de entrada a Fernando da Piedade Dias dos Santos Nandó, nos Estados Unidos, uma afronta ao seu prestígio, ou coisa semelhante, foi aberto um processo-crime em Portugal contra o presidente do banco BESA-Angola, Álvaro Sobrinho, indiciado como arguido por alegada lavagem de capitais e transferência ilícita de 30 milhões de dólares.
Somadas as duas galhetas, o menos que se possa dizer é que a coincidência destas sansões aplicadas a figuras públicas ligadas muito estreitamente ao JES/MPLA, não é um bom indicador da compleição do regime angolano nem do seu período de graça.
O BESA é uma antena do MPLA em Angola, como um dos bancos financiadores da maioria dos seus membros e promotor das engenharias de toda sorte que possam beneficiar os membros do partido no poder.
Para já vejamos como certa imprensa acompanhou esta situação do homem BESA, que foi obrigado a pagar uma caução de 500 mil euros, cerca de 700 mil dólares, para não ficar a espera de julgamento nas cadeias de Lisboa.

“Álvaro Sobrinho foge para Angola”
O presidente do BESA/Angola mal se viu na rua, depois de ter conseguido, com apoio do seu advogado português, pagar a caução, apanhou um avião e, ala que se faz tarde, rumo à terra não prometida, mas das promessas, Angola.
Chegou, não viu nem venceu, mas esforçou-se por convencer. Convencer que está inocente como um bebé, enfim, que se sente completamente inocente, o que é diferente, pois o que é difícil é acreditar, isto para não dizer que acreditam nisso as criancinhas da primária e daí para cima são dúvidas em cima de dúvidas a entrar nas cachimónias dos putos do liceu.
A ver vamos!
Não há mais dúvidas, o cerco aperta-se, a crise ajuda, é preciso ir buscar dinheiro aos que ainda não se fartaram de roubar. A famigerada campanha promovida entredentes por JES, deTolerância Zero, que muitos consideram ter sido mais uma palhaçada nacional de que até o presidente do Tribunal de Contas se ri em surdina, teve de esperar para ser implementada que esses senhores saíssem do país para ver o que isso é, a tolerância zero.
Não sabiam, mas ficaram a saber. A cacetada prometida por JES veio do estrangeiro, da parte de organismos que reconheceram com muita firmeza o bem-fundado das predições do Presidente de Angola.
Mais uma vitória política retumbante para o nosso presidente vitalício, José Eduardo dos Santos, uma consagração internacional que lhe é assim outorgada por duas prestigiosas instituições mundialmente respeitadas, dos Estados Unidos e de Portugal.
Bem haja.
Vejam como o mundo é: a tolerância zero, genial ideia de JES, afinal está a funcionar de fora para dentro, monitorando os passos da elite do regime, anunciando o risco de o próprio Dos Santos viajar para França, Bélgica e Suíça, onde existem processos sobre alegados actos ilícitos por ele praticados. O mundo é, cada vez mais, uma aldeia global, pequena, muito pequena, principalmente, para certos senhores surdos ao clamor dos seus povos.
*Voltaremos em próximas edições com mais dados sobre o BESA

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