domingo, 27 de novembro de 2011

O novo homem forte da Kianda


Bento Bento tem a política na veia falta-lhe conciliar o tacto da gestão de uma cidade turbulenta

Água benta nas pias quase secas dos partidos da oposição foi a nomeação de Bento Bento, perdão, agora passou a ser Bento Joaquim Sebastião Francisco Bento, para o alto cargo de governador da Província de Luanda, que, mal se acomodou no seu novo cadeirão, deu a conhecer o seu novo modo de encarar a ex-desgovernança de Luanda, que ele quer à viva força transformar em boa governação.
Para começar, Bento Bento, pediu aos novos administradores municipais uma maior transparência e disciplina no desempenho das suas funções. Fez esta exigência durante o acto de empossamento dos novos administradores municipais e do presidente da comissão administrativa municipal de Luanda, numa cerimónia realizada no salão nobre do Governo Provincial.
O novo inquilino da Mutamba apontou o município de Viana como sendo o mais problemático nesta vertente de boa governação, “por isso gostaria que esta situação acabasse”. Inicia agora, disse ele, mais ou menos com estas palavras, começou um novo modelo de gestão dos municípios, por isso deve haver mais eficiência, transparência, rigor, empenho e profissionalismo durante todas as actividades.
“Os novos responsáveis das administrações devem assumir uma atitude forte com compromisso para a obtenção de resultados positivos, tendo em vista a elevação da qualidade de vida dos luandenses”, lembrou não se esquecendo de avisar todos os administradores, sem excepção, da necessidade premente de porem termo aos falsos orçamentos, porque com o novo elenco haverá “transparência obrigatória para todos e fiscalização permanente das contas (…) não seremos coerentes com as insuficiências ou situações injustificadas”.
Quanto aos administradores destinados a serem reconduzidos, o novo responsável, queremos acreditar nisso, disse, que todos eles devem ter em mente que “as suas responsabilidades são ainda maiores”, pois o governo da província e o seu titular “não irão pactuar com apropriação anárquica de terrenos».
Como de costume, tudo cor-de-rosa, tudo bonito, só boas intenções.

As esperanças
Do lado da oposição política e sociedade civil, as reacções foram de duas ordens, uma, de chacota, outra, de temor controlado.
A oposição sempre o acusou de exceder-se na sua eloquência e encarou a sua nomeação ao cargo de governador de Luanda como estando intimamente ligada a cálculos políticos eleitorais. O seu lado oposicionista às manifestações “anti-regime” também foi posto em evidência, no mau sentido, no que se refere à apreciação do que se poderá augurar do seu futuro desempenho.
Mas, neste ponto da apreciação da pertinência ou não pertinência da sua nomeação chegamos ao entroncamento decisivo, na medida em que futuramente o que vamos ver é para que lado vai cair ou se elevar a sua estratégia política e administrativa.
Se BB mantiver a sua agressividade no desempenho das suas novas funções, muitos estarão mal, terão direito a mais um “FLOP” monumental, talvez seguido de percas importantes dos penachos partidários, amarelo, preto e vermelho, do MPLA; caso contrário, se ele enveredar pelo diálogo, numa surpreendente e muito positiva mudança de comportamento, então poderemos esperar dele uma acção que poderá talvez ser considerada, na história de Luanda, como a melhor de todas e ele próprio ser considerado o melhor de todos os governadores que passaram pela capital.
O que poderá valer-lhe uma terrível decepção, um inopinado afastamento estratégico por parte de JES, como aconteceu a todos os que, antes dele, se salientaram mais do que lhes tinha sido pedido, ao serviço do regime JES/MPLA.
Tudo isto já foi amplamente divulgado pela imprensa e o que há a reter é, em primeiro lugar, as suas qualidades, já que os seus defeitos são amplamente conhecidos por ter sido ele próprio a no-las revelar.
Devemos sobretudo salientar a sua presença em quatro congressos consecutivos do MPLA.
Perseverança.
Em Março, do corrente ano, foi com ele com quem JES contou e orientou a realização de acções de massas para atenuar as ameaças de manifestações que apelavam ao derrube do Presidente da República.
Fidelidade ao chefe.
Saliente-se que a lealdade que BB tem pelo PR é também por gratidão ao papel que o presidente exerceu em fase difícil da sua vida. Há alguns anos atrás, caiu adoentado e na altura circularam vários rumores dentre os quais uma versão de que teria sido envenenado. JES quando tomou conhecimento do seu estado de saúde ordenou que uma aeronave o despachasse para o Brasil, em tratamento médico.
A sua generosidade no esforço e na acção de todos os dias combina-se de forma um quanto caótica, mas combina-se com o seu pendor exigente, em termos de trabalho, razão pela qual, quando foi nomeado governador de Luanda, franjas do partido, apoiaram a decisão de José Eduardo dos Santos, por reconhecerem nele a faceta de líder.
Dinamizador de massas.
BB é um conhecedor emérito de todos os problemas da província de Luanda, por ter sido, enquanto responsável do Comité Provincial da capital do país, depositário de várias reclamações dos munícipes. Dizer que actuou como fiscalizador dos governadores que por Luanda passaram nos últimos 6 anos basta para ter uma ideia de como todas as pregas da alma luandina são do seu foro íntimo!
De relembrar que ele tomavas nota de todos os protesto do munícipes e comprometia-se a encaminhar as questões ao governo provincial ou as administrações municipais. Quando estes falhassem, os populares iam às rádios atacar o MPLA/Luanda.
Ficava doente e a repetição de situações desse género levaram-no a ter de assumir uma incompatibilidade com pelo menos dois dos seus antecessores, Job Kapapinha e Francisca Espírito Santo. Entendia que era a sua imagem e a do seu partido que ficavam afectadas em função da prestação sofrível dos governadores/administradores aqui mencionados.
Responsável.
Por tudo isto e outros atributos, os militantes do MPLA começaram a vê-lo como figura habilitada para dar um termo às debilidades que Luanda apresenta.
Veremos se será um governador de todos ou somente dos militantes do MPLA…

Quem é Bento Bento
Bento Joaquim Sebastião Francisco Bento (BB) que é agora o décimo oitavo governador de Luanda, nasceu em Camabatela, província do Kwanza-Norte, e não nos foi possível apurar as razões por que alguns lhe chamam de guineense, como foi divulgado por vários órgãos de comunicação social e outras redes sociais.
Começa já aí a maldade.
Bento Bento mudou-se muito cedo para Luanda e logo após a revolução do “25 de Abril”, fez parte do grupo de jovens que naquela altura aderiu ao MPLA.
Aos 16 anos de idade integrou as hostes da JMPLA, onde cresceu politicamente e chegou a ser segundo secretário provincial de Luanda. Antes de ai chegar, dirigiu o departamento de organização da juventude e chefiou a secção de reenquadramento de jovens nos bairros de Luanda. É hoje identificado como o dinamizador da estruturação da rede da JMPLA na zona da Samba, Corimba e Futungo.

Um comentário:

  1. Sr. Bento Bento. Para começar, mande devolver ao povo do Bengo, os terrenos que foram usurpados pelos malfeitors, começando pelo Sr Isalino Mendes, ex-Governador do Bengo. O povo do Bengo ficar-lhe-ia muito grato.

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