domingo, 11 de setembro de 2011

O pico da bajulação religiosa. Os falsos profetas angolanos vivem da fé dos dólares


Expoente máximo da espiritualidade Ocidental, o Papa é uma voz insubstituível nessa parte do mundo, mas praticamente sem nenhum peso na Ásia, para além de ser um dos inspiradores, involuntário, de uma transfiguração tipicamente africana, patente em Angola pela proliferação de mais de 800 religiões pseudo-cristãs. Nem pensar em responsabilizar o papa por tanta prodigalidade, mas mister é confessar, na qualidade de analista neutro, que a ele se deve em parte não só o resplandecer do nome de Cristo e da sua doutrina, mas também os nefastos actos de pirataria religiosa que dessa áurea advieram.

Pirataria!?...Religiosa!?... Abrenúncio! Sim, abrenúncio, não no sentido que algumas almas cândidas lhe possam dar, renegando esta asserção, mas sim na repulsa da enorme capacidade do mal se propagar com tanta facilidade na defesa de ideais pretensamente nobres. Porque é exactamente disso que se trata, uma verdadeira invasão de parasitas a reivindicar para si sós as sublimes ideias de Jesus Cristo, mais que provavelmente utópicas mas sublimes.
Esses arautos da Sua palavra vão a terreiro, instalam-se onde podem a repetir o que está escrito nos “Livros Sagrados” e reclamam para seu uso pessoal o tradicional dízimo. Alguns deles enriquecem desse modo sem fazer a mínima ideia do que significa o que eles pregam, vivendo numa promiscuidade notória, praticando muitas vezes uma pujante poligamia, a propósito da qual nenhum dano ou crime há a assinalar, a não ser os que a religião que eles propagam lhe atribuem.
Em Angola, os problemas causados pela luxuriante proliferação de seitas religiosas (note-se aqui que o cristianismo foi, também, isso mesmo, nos seus primórdios) agrava-se em Angola pela concomitante abastança de ideias políticas que pelo seu xadrez político circulam, no fundo iguaizinhas umas às outras, como as amibas, num irreprimível fraccionismo que afecta as cabeças dos pretendentes a postos de responsabilidade, abundantemente rodeados de parasitas de toda a espécie, entre bajuladores, “carregadores de pianos”, delatores e verdadeiros actores de uma comédia sem guião. As ideias divulgadas por esses “guias” incrustam-se de uma maneira muito confusa nos espíritos dos militantes mais influenciáveis com a característica sui géneris de nessa fragmentação haver não mil e uma variantes de uma ideia central, como o que acontece com a pirataria religiosa, mas sim uma só e inalterável ideia: a busca de dinheiro em nome do nobre ideal democrático.
Dizer que desde tempos imemoriais sempre houve charlatães, que falsos profetas sempre existiram na humanidade não é segredo que se possa guardar, pois basta ler a bíblia para nos darmos conta dessa triste realidade. Esses falsos arautos da palavra do Senhor são aqueles que se colocaram e ainda hoje se colocam ao lado dos regimes dominantes contra os povos que eles se esforçam por subjugar.
Em Angola, dada a desastrosa conjugação estabelecida entre parasitas políticos e religiosos, tudo o que de nocivo pode advir para o povo já ultrapassou os limites do admissível, pois a maioria das igrejas-seitas mais importantes está a ser instrumentalizada pelo regime e os pastores colocam-se nos postos de propagandistas do mesmo, apresentando-se aos seus correligionários como membros do Comité de especialidade dos pastores do MPLA.
Uma das mais eficazes estratégias dessas igrejas-seitas (são mais de mil em Angola) baseia-se numa espécie bajulação superlativa e, nesta feliz data do aniversário de JES, uma delas conseguiu a extraordinária façanha de atingir píncaros jamais atingidos, o cúmulo da heresia, por obra e desgraça de um pastor de uma igreja evangélica, que levou o seu discurso evangelizador aos inquietantes domínios do absurdo psiquiátrico ao comparar Agostinho Neto a Moisés e José Eduardo a Josué.

QUEM FOI MOISÉS E JOSUÉ
De acordo com a tradição judaico-cristã, Josué é o nome do líder de Israel sucessor do profeta Moisés. Filho de Num, da tribo de Efraim, Josué foi ajudante de Moisés durante o êxodo dos israelitas do Egipto e os 40 anos pelo deserto do Sinai. Depois da morte de Moisés, Josué liderou o povo de Israel na conquista das cidades-estados da terra de Canaã. E foi responsável por conduzir os israelitas à Terra Prometida.
Assim sendo, JES é comparado a uma figura legendária cujas façanhas guerreiras são tantas que nem se contam, dentre as quais se podem destacar a tomada da cidade de Jericó e demais feitos relatados na Bíblia que também contaram com a intervenção divina seguidos muitas vezes de prodígios, como no relato dos versos 12 a 15 do capítulo 10 do livro de Josué, em que o sol e a lua chegaram a parar.
Parabéns senhor presidente!
Mas não é tudo.
Outro líder da igreja tocoísta afirmou em toda a simplicidade que JES era um grande messias, nem mais nem menos, o Messias moderno, pois resolveu a crise na sua igreja. Segundo parece JES disse, «Deixem a nossa igreja em paz, eu sei de tudo e vou resolver». E após uma audiência no palácio a crise na igreja tocoísta acabou e reina agora a paz e a bonança no seu seio, disse na sua profética homilia bajulador o pastor Nunes.
Ámen.
Eis aqui relatados factos de indubitável beleza onírica, cujo principal mérito é de servirem como base de apoio a eventuais subsídios. Com pastores assim as igrejas irão infalivelmente longe, muito longe… de Deus. Deixaram de ser a Sua casa e os seus líderes converteram-se em mercenários, não da fé, mas do dinheiro e estão-se completamente marimbando para o sofrimento do povo.

Quem são os falsos profetas
Como sempre, é de nós de quem se fala na Bíblia, e é a nós que se fala. Essa palavra de Jesus não julga o mundo, mas a Igreja; o mundo não será julgado sobre as palavras inúteis (todas as suas palavras, no sentido antes descrito, são palavras inúteis!), mas será julgado, em todo caso, por não ter acreditado em Jesus (cf. Jo 16, 9). Os «homens que deverão prestar contas de toda palavra inútil» são os homens da Igreja; somos nós, os pregadores da palavra de Deus. Estas são pertinentes observações do Frei Raniero Cantalamessa, pregador do Vaticano.
Os «falsos profetas» não são somente os que de vez em quando espalham heresias; são também os que «falsificam» a palavra de Deus. É Paulo quem usa este termo, tirando-o da linguagem quotidiana; literalmente significa diluir a Palavra, como fazem os hospedeiros fraudulentos, quanto colocam água no vinho (cf. 2 Co 2,17;4,2).
Os falsos profetas são aqueles que não apresentam a palavra de Deus em sua pureza, mas que a diluem e a esgotam em milhares de palavras humanas que saem do seu coração.
O falso profeta também sou eu, Ada vez que não me fio da «fraqueza», pobreza e nudez da Palavra e quero revesti-la, e estimo o revestimento mais que a Palavra, e é maior o tempo que gasto com o revestimento que o que emprego com a Palavra permanecendo diante dela em oração, adorando-a e começando a vivê-la em mim.
Jesus, em Cana da Galiléia, transformou a água em vinho, isto é, a letra morta no Espírito que vivifica (é assim como os Padres interpretam espiritualmente o facto); os falsos profetas são aqueles que fazem todo o contrário, ou seja, que convertem o vinho puro da palavra de Deus em água que não embriaga ninguém, em letra morta, em charlatanaria vã. Eles se envergonham do Evangelho (cf. Rom 1, 16) e das palavras de Jesus, porque são muito «duras» para o mundo ou muito pobres para os grandes, e então tentam «temperá-las» com as que Jeremias chamava de «fantasias do seu coração».
São Paulo escrevia ao seu discípulo Timóteo: «Procura apresentar-te a Deus como homem provado, trabalhador que não tem de se envergonhar, que dispensa com retidão a palavra da verdade. Evita o palavreado vão e ímpio, já que os que o praticam progredirão na impiedade» (2 Tm 2,15-16). As palavras profanas são as que não têm pertinência com o projecto de Deus, que não tem a ver com a missão da Igreja. Muitas palavras humanas, muitas palavras inúteis, muitos discursos, muitos documentos. Na era da comunicação em massa, a Igreja corre o risco de afundar-se também na «palha» das palavras inúteis, ditas somente por dizer, escritas somente porque é preciso preencher jornais e revistas.
Desta forma, oferecemos ao mundo um óptimo pretexto para permanecer tranquilo na sua descrença e no seu pecado. Quando escuta a autêntica palavra de Deus, não seria tão fácil, para o incrédulo, dar um jeito em tudo dizendo (como se faz frequentemente, depois de ter ouvido nossas pregações): «Palavras, palavras, palavras!». São Paulo chama as palavras de Deus de «armas do nosso combate» e diz que só a elas «Deus dá a capacidade de destruir fortalezas, desfazer raciocínios presunçosos e todo poder altivo que se levanta contra o conhecimento de Deus, e torna cativo todo pensamento para levá-lo a obedecer a Cristo» (2 Co 10,3-5).
A humanidade está enferma de barulho, dizia o filósofo Kierkegaard; é necessário «convocar um jejum», mas um jejum de palavras; alguém tem de gritar, como fez um dia Moisés: «Faz silêncio e escuta, ó Israel» (Dt 27, 9). O Santo Padre nos recordou a necessidade desse jejum de palavras no seu encontro quaresmal com os párocos de Roma e acho que, como de costume, seu convite se dirigia à Igreja, antes ainda que ao mundo.
O que se passa hoje em Angola, cujo pico máximo da pouca-vergonha ocorre em datas do aniversário do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, há muito foi alertado pela Bíblia, pois não nos podemos esquecer que entre os acontecimentos significativos que Jesus disse assinalariam a “terminação do sistema de coisas” acham-se os seguintes: “Surgirão muitos falsos profetas, e desencaminharão a muitos; e, por causa do aumento do que é contra a lei, o amor da maioria se esfriará.” (Mateus 24:11, 12).
Jesus associou o aumento do que é contra a lei e o esfriamento do amor com a influência de falsos profetas — instrutores religiosos que falsamente afirmam falar em nome de Deus. Já se apresentou evidência de que o clero tem apoiado as guerras das nações, rebaixado as normas morais da Bíblia, taxando-as de antiquadas, e classificado de inverídicas certas partes da Bíblia. Com que resultado? Um ‘esfriamento’ do amor a Deus e a suas leis. Este tem sido um dos grandes factores no colapso da boa moral, bem como no desrespeito à autoridade e na falta de interesse no próximo. —Timóteo 3:1-5.
23.
Por causa destas condições, disse um internauta, milhões têm abandonado as organizações religiosas. Alguns se voltam para a Bíblia e conformam-se a ela. Outros se retiram desapontados e descontentes. Muitos estão se tornando inimigos da religião. Certo colunista disse: “Não se pode deixar de ficar surpreso de ver quantos dos problemas do mundo estão arraigados na religião. E poucas rivalidades políticas seculares chegam a gerar o fervor sanguinário da guerra religiosa.” Por isso, perguntou: “Por que não acabar com a religião?”
Em Angola não se tem dúvidas que por causa destes pastores e bispos de certas religiões muitos fiéis estão desiludidos e têm abandonado a casa do Senhor, desiludidos com estes pastores, que trocam a palavra de Deus, pela força dos dólares da corrupção e do sangue dos milhões de pobres que vegetam com fome, pelas esquinas e carreiros desta imensa terra que se chama Angola.
Imagem:EXPRESSO

Um comentário:

  1. Como sempre brilhante seu texto,quanta verdade.
    Angolas e o Brasil tem muito em comum, e esta caracteristica infelizmente e uma delas.
    Parabens

    ResponderExcluir