domingo, 11 de setembro de 2011

Pode estar desvendado o segredo dos preços. Cidade do Kilamba é um projecto de Pierre Falcone e não do governo


O governo da República de Angola, ou melhor, o seu Executivo, legatário universal do defunto governo, cujo passamento físico ocorreu em Janeiro de 2010 no seguimento de uma fatídica machadada dada precisamente pelo seu actual herdeiro universal, vai evoluindo ao fio do tempo no sentido de se parecer cada vez mais com uma equipa de futebol que ataca, ataca, ataca (as eleições estão á porta, é normal), mas não consegue marcar golos. É bolas à trave, ao poste, bolas fora e à figura do guarda-redes (a Oposição. Que agradece mas não reage), quanto a fazer avançar o marcador é que não há maneira. A última moda, do executivo é o chamado projecto Kilamba, inaugurado com pompa e circunstância pelo Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, mas que este, compreensivelmente, não sabia o valor de custo da empreitada, porque afinal ela é fruto, segundo uma fonte do F8, da iniciativa privada de Pierre Calcine, o famoso traficante de armas, transformado, ilegalmente, cidadão e embaixador angolano, pelo Presidente da República, que lhe considera seu amigo.

Dito de outra maneira, neste jogo do regime de JES, que dura há mais de trinta anos graças a sucessivos prolongamentos ilegais transformados em legais por via da varinha mágica da prepotência instituída em Angola pelo actual MPLA, o desempenho do seu Executivo pauta por uma confrangedora ineficácia no que toca aos assuntos mais importantes e sensíveis da sociedade angolana.
Vão-se acumulando os desastres em todos os sectores, desde o ataque à pobres aos anunciados crescimentos económicos que nem a dois dígitos tem chegado nos últimos tempos e que deveria ser não de dez mas de cem por cento ao ano, dado o estado calamitoso, quase completamente destruído, em que se encontrava o nosso tecido económico em 2002, data teórica de instalação da paz no país. E apenas transcrevemos aqui a opinião de um reputado economista da nossa praça.
Repare-se que tudo o que o Executivo fez foi show-off, condomínios aos pontapés por todo o sítio com algum “glamour”, estádios e meia-dúzia de infra-estruturas para a CAN de 2010 e projectos imobiliários faraónicos, dentre os quais se destacam os da centralidade do Kilamba e o faustoso plano da zona ribeirinha do Futungo e Benfica.
No que toca ao bem-estar individual, este atingiu qualquer coisa como 10 a 20% das populações de Cabinda ao Cunene.
Praticamente nada.

Os Segredos do projecto Kilamba
A última ocasião desperdiçada pelo executivo para redourar o seu brasão já enferrujado foi o secretíssimo projecto da centralidade do Kilamba, que deixou toda a gente banzé, perante a grandiosidade do empreendimento. E aí estamos nós, numa outra de inépcia flagrante, grandioso mas para “Inglês ver”, mais nada. Mas comecemos pelo princípio.
A cidade do Kilamba tem sido um mistério desde que saiu da cabeçorra do ou dos que o conceberam. Porquê?
Por nada, isso não são coisas para saber, adiante.
A obra foi inaugurada por JES com pompa, circunstância e opulentos arrotos de vaidade. Tendo este último anunciado que os preços das residências deste complexo urbanístico não ultrapassariam os 60 mil dólares, o banzé do mwangolé cresceu. E de que maneira.
Mas logo se constatou um “senão” na bela obra, um facto curioso: JES, que tinha dito sessenta mil dólares, agora, na inauguração já não sabia o valor a que elas seriam vendidas. Estranho, não?
Ora, se alguém com altas responsabilidades de Estado, gestor e responsável das suas contas, aprova projectos e não sabe, depois da inauguração dos mesmos, a que preços eles podem ser comercializados em favor do povo que lhe dá os votos, a estranheza transforma-se em desconfiança. Aí deve de certeza haver gato!...
E esse gato leva-nos a ter de investigar. E a investigação, como é curioso, leva-nos até ao já incontornável fazedor de altas negociatas, Pierre Falcone, também conhecido agora pelo cognome de “Senhor China”, pois, segundo a nossa fonte, foi pelas suas mãos que, na fase crítica das negociações do crédito “chinês”, Angola pôde obter dos cofres desse país asiático, após convencimento, os biliões que serviram de incremento aos faraónicos projectos de JES.
Este cidadão franco-brasileiro e, agora, também de nacionalidade angolana, obtida ilegalmente, diga-se, porque o processo não respeitou os trâmites legais nem aprovação na Assembleia Nacional, mas a vontade de JES, colocou num de repente este homem muito importante nos corredores do poder e das Finanças.
E, depois de ter ajudado o seu amigo angolano com as armas que ajudaram a derrotar Jonas Savimbi e a UNITA-Militar, eis que o homem proprôs nova ajuda, neste caso económica, lançando mãos a um megalómano projecto, que numa primeira fase, pasme-se, envolveria um financiamento avaliado em mais de 1.500 milhões de dólares (um bilião e quinhentos milhões de dólares), constituindo um dos maiores empréstimos chinês a um investidor privado.
Carecendo apenas da aprovação das autoridades angolanas, Falcone, obteve a garantia bancária de JES, antes mesmo de ter ido para França onde viria a ficar preso, por cerca de dois anos, sem que, no entanto o programa parasse, uma vez já ter terreno, disponibilizado a preço de saldo e um mega projecto urbanístico aprovado, pela Presidência.

Esse projecto era e é precisamente o da zona do Kilamba Kiaxi!
Com todos os preliminares na mão, o homem trouxe não só o dinheiro, como ainda as empresas chinesas para começarem a corporizar, aquela que é a maior empreitada habitacional de todos os tempos, cuja finalidade foi a de testar a parceria público/privada, entre Falcone/JES, visando transformar em realidade o seu sonho de um milhão de casas.
Estas são as informações que chegaram à Redacção do F8, vindas da mesma fonte que permitiu ao nosso bissemanário avançar pormenores que nunca foram desmentidos sobre o caso do “Angolagate”. Trata-se de um fonte segura e credível. Seria bom que a estas revelações aqui noticiadas se seguisse seja uma confirmação oficial, seja uma denegação devidamente justificada e com provas irrefutáveis.
De qualquer modo, a ser verdadeira, esta versão dos factos dá todo o sentido à salgalhada infanto-juvenil das hesitações do Estado no que toca ao preço das casas, e, a partir daí, passaria a ser facilmente compreensível que JES não soubesse o preço das casas, na medida em que em que se trata de um projecto público-privado, quer dizer, como o governo quer ficar com o mesmo, terá agora de negociar com Pierre Falcone.
E é aqui que a porca torce o rabo, pois as negociações para a venda do projecto de Falcone não parece terem sido pacíficas com a nossa fonte, e outras mais, a garantir que o ex-traficante franco-angolano teria pedido pela sua intervenção qualquer coisa a rondar os USD 8.000.000.000,00 (oito biliões de dólares), que estarão na base do aumento do preço de USD 60 para 135 mil dólares, que estão a ser negociados os apartamentos.
Assunto a seguir com muita atenção, razão pela qual certamente voltaremos numa das próximas edições.

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