segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Os libertadores da independência perdida. Gil Gonçalves


As naus já perdiam o navegar e os libertadores seguiam pelos matos a desmatar, a desbravar a liberdade.
Com a ajuda das forças progressistas do mundo, fizeram-se muitas promessas: que o nosso povo seria o mais feliz deste mundo e agora jaz no outro.
A independência chegou e de rompante os nossos corações conquistou.
E as promessas multiplicavam-se: que o nosso povo vive na miséria. Que vamos acabar com os musseques.
Não, não era uma libertação, era uma revolução. E para a apoiar, segurar fazia-se imprescindível a implantação de outra GESTAPO para prender tudo e todos que não estivessem de acordo com as leis revolucionárias. E uma só religião, o ateísmo. Povo há quinhentos anos temente a Deus, assim tão de repetente dizem-lhe que Ele não existe, não dá mesmo. É uma atrapalhação e daí a tremenda confusão nas cabeças a abarrotarem de superstição e de imolação socialista.
Às Testemunhas de Jeová que se recusavam a combater, a sua religião proíbe-o, utilizava-se o método da NKVD soviética: um tiro na cabeça. E a revolução prosseguia o seu caminho imparável no caminho incerto das conquistas revolucionárias… ao lado dos outros povos amantes da paz, da liberdade e da justiça.
E revolucionou-se o comércio com a instituição das bichas, que comparado com o que hoje se passa, era uma bênção divina. Quem ousasse acrescentar algo que não se coadunasse com a pureza marxista-leninista, apelidava-se de contra-revolucionário, defensor da ideologia pequeno-burguesa, burguês… e lá ia mais um pobre diabo para a prisão do campo revolucionário da reeducação. No fundo era uma concorrência desleal ao Tarrafal. A prisão de S.Paulo que deveria ser uma peça de museu reabre-se em força no festejo de novas vitimas para os novos algozes que sentem um prazer mórbido em torturar e aniquilar o semelhante. Trabalho não lhes faltava, era outra concorrência terrivelmente desleal aos campos de concentração nazis.
Sempre com a verborreia de que era necessário fazer a guerra para acabar com a guerra, destruíram a nação na acção libertadora de tantos libertadores. Antes iniciou-se a destruição sistemática de tudo o que era colonial. Todas as estruturas portuguesas condignas, destruíram-se selvaticamente apenas porque foram os colonos que as construíram. Era importante acabar com todas as reminiscências ocidentais e conduzir o povo angolano rumo ao abismo dos SEM FUTURO.
E os libertadores da Pátria libertaram só para eles, para as suas famílias e os seus amigos, o petróleo e os diamantes. Para isso instituíram a corrupção e o uso e abuso do erário público. Porque era fundamental para combater o inimigo deter todos os bens nas mãos dos famosos libertadores E são sempre os mesmos revolucionários que nos governam, sempre com o mesmo dicionário. Mas verdadeiramente Angola está no saque da vitória final e da vitória certa.
«No futuro, o neocolonialismo obedecerá a esquemas de Estados, subordinados a programas das multinacionais. A colonização portuguesa foi feita ao sabor do espírito aventureiro de um povo que se sentia maltratado na sua própria terra. O Estado só apareceu para estragar." In "Os colonos" de António Trabulo
E os discursos paternalistas de estadistas sucedem-se. Afinal não aprenderam nada sobre Angola. Na verdade não é possível sintonizar tal aleivosia: «Temos de pensar que antes da paz, os angolanos passaram momentos de muita tristeza, mas olhando para o futuro vislumbra-se esperança e certeza na realização plena do seu povo. O Governo está muito certo ao olhar para a reconstrução do interior do país, apostar na educação e na saúde, em resumo, na valorização da vida e no respeito ao ser. Este estatuto tem-lhe conferido autoridade e influência em África e no Mundo. Portugal estará ao lado de Angola nesta sua afirmação na arena internacional. In Aníbal Cavaco Silva
upanixade@gmail.com




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