As Eleições vão ser Livres.
As eleições em Angola vão ser um jogo cheio de livres, sempre contra a equipa
da oposição. Livres, livres e mais livres.
A equipa de arbitragem foi
constituída pelos JA (José Arruaceiro), RNA (Retardado Nepotista Açambarcador)
e TPA (Tibúrcio Pantomineiro Analfabeto).
Mal a equipa da oposição
entrou em campo foi logo assinalado livre, porque não caminhou de acordo com o
passo recomendado pela CNE (Comissão Nacional de Espectáculos). Saudou o
publico, a equipa de arbitragem assinalou livre, porque não fizeram uma grande
vénia, em primeiro lugar, ao PR (Patrocinador Recreativo). Posicionaram-se no
campo e foi logo marcado livre, porque o fizeram antes do tempo, desrespeitando
as orientações do MPLA (Movimento Para Legislar as Arrumações). Tentaram fazer
o aquecimento com a bola e foi logo assinalado livre, porque quiseram tocar na
bola sem pedir autorização, por escrito, ao Movimento Para Legislar Arrumações.
Iniciou-se o jogo. Os
jogadores da oposição entraram na grande área do adversário, que é o campo
todo, e foi livre, porque invadiram propriedade alheia, pertença da equipa do
JES (Jogadores Ensinados a Surripiar), sem autorização. Tentaram tocar na bola
e foi imediatamente assinalado livre, por tentativa de prática de jogo
perigoso. Desmarcaram-se e foi livre, porque estavam fora de jogo. Protestaram,
foi marcado livre e mostrado o cartão vermelho, amarelo e preto, porque
desrespeitaram a equipa de arbitragem. Correram e foi assinalado livre, por
desobedecerem às regras de trânsito, deslocando-se a altas velocidades.
Pararam, foi assinalado livre, porque estavam a impedir a circulação do
trânsito, promovendo engarrafamentos que poderiam conduzir a protestos e outras
manifestações. Tentaram fintar, foi logo assinalado livre, por quererem fazer
jogo sujo. Marcaram golo e a equipa de arbitragem mandou assinalar esse
resultado a favor da equipa do JES, porque o jogo foi organizado pela equipa do
JES, o campo é da equipa do JES, ambas as balizas são propriedade da equipa do
JES e os árbitros foram pagos pela equipa do JES.
No dia seguinte, os órgãos
de informação deram grande destaque à grande vitória da equipa do JES. O JA
(Jornal dos Arruaceiros) elogiou a enorme independência da equipa de arbitragem
e a grande superioridade demonstrada pela equipa do JES. A RNA (Rádio do
Nepotismo Autorizado) ocupou todos os noticiários e programas desportivos e
recreativos a elogiar a imparcialidade da equipa de arbitragem e a relevar a
enorme preparação física e táctica da equipa do JES, que impôs uma derrota
humilhante à equipa da oposição. A TPA (Televisão Protectora dos
Açambarcadores) ocupou as 24 horas do seu tempo de antena com muitos
noticiários e várias reportagens sobre a grande vitória da equipa do JES e
sobre a competência da equipa de arbitragem, que fez cumprir as leis da CNE,
marcando livres, livres e mais livres, sempre e só, contra a equipa da
oposição, que revelou falta de preparação e desconhecimento das regras de jogo
no campeonato eleitoral de Angola.
Os órgãos de informação
oficiais foram unânimes na conclusão final acerca do jogo das eleições.
Todos afirmaram que foram Livres, muitos Livres, cheio de Livres. O resultado
final não reflectiu o número de golos marcados. Os organizadores informaram a
população, em geral, e a CNE, em particular, de que o resultado foi ampliado, a
favor da equipa do JES, para pagar a utilização do campo do JES por parte da
equipa da oposição, para compensar as despesas efectuadas com a equipa de
arbitragem, escolhida pelo JES, que fez respeitar as leis da CNE, com uma
direcção de equipa escolhida e empossada pela equipa do JES, e para remunerar
os organizadores do jogo, pertencentes à equipa do JES.
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