segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Chivukuvuku lança o Repto: “estou pronto para governar Angola”


Luanda – Durante cerca de uma hora, conversamos sobre muita coisa relacionadas com a ciência de governação, dentre outras, os males que enfermam a cultura actual “retrógrada” de governar; a importância da alternância do poder para o crescimento e desenvolvimento do país e dos povos; o papel de um Estado verdadeiramente republicano; a necessidade de revisão da constituição; as relações internacionais; os engajamentos de contratos comerciais lícitos ou ilícitos e o comportamento a ter em conta pelo futuro governo, assim como as potencialidades da CASA-CE e a prontidão de Chivukuvuku a governar Angola, tudo no objectivo de aclarar possíveis zonas escuras achadas pelos cidadãos e observadores no quadro dos princípios estruturantes de governo da CASA-CE.

Félix Miranda*
Folha 8 - Abel Chivukuvuku, três meses depois do surgimento oficial da CASA, naquilo que vamos considerar grande entrevista, gostaria que nos descortinasse alguns pontos do projecto de sociedade proposto, naquilo que denominam “Princípios Estruturantes de Governo da CASA”. Mas antes, a questão: está satisfeito com os resultados alcançados até aqui? A sua equipa está funcionar como esperado, ou ainda pensa que se podia fazer muito mais? Tem os meios que gostaria de ter em mãos para, digamos realizar o princípio de um sonho que poderá ser uma realidade?
Chivukuvuku –
Muito obrigado e com muito prazer me dirijo aos angolanos através do vosso jornal. Primeiro é preciso clarificar que nós construímos a CASA em função do diagnóstico negativo que fazíamos do país. Tínhamos chegado a conclusão de que o país estava politicamente bloqueado e refém do Partido maioritário MPLA, refém do hoje candidato José Eduardo dos Santos que são incapazes e sem vontade política, de fazer as mudanças e as transformações que o país precisa. Chegamos a conclusão de que em termos sociais o país estava numa situação de estrutura social de alto risco o que potenciava que o país a médio prazo iria sofrer grandes convulsões e outros problemas. Tudo isso fez com que tivéssemos decidido apresentar ao país uma nova opção, a terceira via, para que os cidadãos pudessem fazer renascer a esperança de que é possível construirmos em Angola uma verdadeira Democracia, um verdadeiro Estado de Direito e o Crescimento económico servir para corrigir as assimetrias sociais, criar justeza na distribuição da riqueza. Portanto, foram esses os factores que nos levaram a concluir que o país estava num rumo errado e era preciso o surgimento de um novo fenómeno político, daí a CASA.

F8 - Já aí chegaremos. Entretanto, depois de tudo quanto viu e ouviu, sente-se realmente presidenciável? Que atributos realmente pensa ter mais do que os outros concorrentes?
CVK -
Volto a primeira questão. Três meses depois, consideramos que a CASA conseguiu atingir o primeiro objectivo: trazer uma lufada de ar fresco a política nacional. As coisas não podiam ficar como antes e sem modéstia, há que reconhecer, com o fenómeno CASA, a política em Angola já não será igual. A CASA vai continuar a guindar-se para de facto assumir-se como verdadeira alternativa à governação. Durante estes três meses, nós fizemos o Convénio Constitutivo; legalizamos no Tribunal Constitucional a nossa Coligação; conseguimos forçar, não diria, mas conseguimos encontrar um modelo que preservasse a sigla CASA, porque houve tendência do Tribunal Constitucional não aceitar; fizemos a 1ª Reunião Ordinária do nosso Conselho Deliberativo Nacional, com todos os delegados vindos das Províncias, onde definimos os critérios e os princípios para estruturação das candidaturas; introduzimos a nossa candidatura com toda competência técnica e política; trouxemos ao país uma nova aposta na figura do 2º Cabeça de Lista, o Almirante Mendes de Carvalho que trouxe um contributo inestimável para o projecto CASA; também conseguimos que o Presidente de facto cumprisse a Lei, passasse o Almirante à reforma; à nossa candidatura foi a primeira a ser validada no Tribunal Constitucional e neste momento entramos praticamente em plena campanha, obviamente como uma nova organização. Temos algumas debilidades que procuramos superar, primeiro factor tempo: somos uma organização somente com quatro meses, e estamos a fazer face a organizações políticas com 50, 40 e tal anos de idade. Por isso, precisamos fazer do tempo não um travão, mas um aliado, para num curto espaço de tempo fazer com que o cidadão no mais profundo onde estiver tenha conhecimento da CASA e saiba o que é a CASA. Em termos de finanças, temos trabalhado com recursos próprios, vindos dos próprios membros da CASA, mas também de cidadãos anónimos. É verdade, ultimamente a contribuição dos cidadãos tem sido de facto uma coisa admirável, todos os dias temos cidadãos que se predispõem a dar ajuda, a financiar as nossas sedes etc., etc. Esses fazem com que a CASA seja um fenómeno do cidadão, é verdade, somos uma Convergência com figuras políticas a virem de diversos horizontes, estamos a construir uma cultura política com personalidades que vêm de culturas políticas diversas, é verdade que tudo isso traz alguns factores de desajustamento, no andamento, etc. etc., mas temos feito um esforço para que consigamos rapidamente encontrar a eficiência funcional, e construir uma cultura política positiva que faça da CASA verdadeiramente aquilo que vai transformar este país.

F8 - Insisto em termos financeiros e logísticos. Há garantias de que até 31 de Agosto, a CASA estará suficientemente capaz de rivalizar com outras organizações?
CVK -
Como eu disse, nós temos vivido com recursos próprios e dos cidadãos, por isso são escassos, mas felizmente temos um modelo e capacidade de gestão que tem feito com que estes recursos sejam aplicados de forma judiciosa e seleccionado criteriosamente as prioridades. Por outro lado, há a lamentar de facto o recuo na prestação de verbas para campanha do lado do Estado. Em 2008, quando houve mais concorrentes, deram mais recursos para os partidos. Desta vez há menos concorrentes e há menos recursos, é intencional, pensamos por causa do factor CASA. Portanto, há uma espécie de psicose. Como é que a CASA está a desenvolver tanta actividade, como é que a CASA consegue protagonizar tantos factos? Por isso o MPLA procurou reduzir os recursos na intenção de reduzir a capacidade de desenvolvimento das acções da CASA. Não será factor, nós vamos levar a cabo a nossa campanha eleitoral o melhor possível, obviamente teremos algumas lacunas por causa do problema recursos e tempo, mas faremos um esforço e chegaremos em força, tal como iniciamos.

F8 - Desde quando pensou efectivamente passar a acção e porquê que não protagonizou esta revolução no seio da própria UNITA?
CVK –
Sempre estive disponível para servir Angola e servir Angola, serve-se por via dos partidos políticos. Eu estive na UNITA, servi na medida das minhas capacidades e em função daquilo que os meus colegas também entenderam que era o ângulo que eu devia ter. Como sabe, procurei uma vez ser líder da UNITA, não foi possível. Mantive-me como tal até que entendi poderia continuar a servir Angola numa outra plataforma não necessariamente na UNITA, só foi isso.

F8 - Como havia perguntado, sente-se presidenciável? Depois das visitas pelo interior a apalpar a realidade de vida dos angolanos, como tem sido recebido?
CVK -
A convicção que nos anima é por um lado a de servir, de podermos dar uma contribuição qualitativa para as transformações e a mudança que o país precisa. O que temos sentido é que de facto a receptividade é enorme. A vontade do cidadão é de garantir que desta vez haverá mudança com toda a certeza e por isso cabe tudo a nós corresponder a essas expectativas.

F8 – Fugindo um pouco, uma vez Chivukuvuku Presidente da República, qual será o seu juramento?
CVK -
Primeiro, nós estamos aqui para servir. Construímos a CASA para trazer um novo modelo de governação para o país, não é verdade? Portanto, para nós da CASA, os governantes têm de ser meros gestores temporários dos recursos de todos os cidadãos, porque não há longevidade em política, não pode haver “vitalicidade” em política. Os governantes têm de ser temporários em função dos mandatos, e que esses mandatos também têm de ser limitados, porque, a riqueza de Angola é de todos os cidadãos para benefício dos cidadãos, não pode ser como está agora em que os governantes sentem-se gestores vitalícios dos recursos que pensam que são deles para benefício único dos governantes e não para benefício dos cidadãos. O que nós queremos trazer em governação, é uma nova cultura, uma nova visão e sobretudo termos um sonho do projecto de Angola. Queremos construir valores que vão servir de alicerces da Angola que queremos, porque hoje, infelizmente somos a concluir, como angolanos, nunca chegamos em grandes consensos sobre que Angola queremos! Os valores e os princípios que deveriam servir de alicerce para a construção dessa Angola e em função destes valores, assentar os programas condizentes. É isso que a CASA vai protagonizar primeiro, que tipo de Angola queremos? Como realizar o cidadão e em função disso definir os valores.
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