quinta-feira, 26 de julho de 2012

Angola precisa vencer o MPLA e a corrupção



Não há nada mais estúpido na vida que culpar sempre os outros pelos nossos fracassos e pelas nossas incompetências; nada mais idiota, ridículo e macabro que ver no clamor dos outros o fim, transformado em desgraça, que não evitamos como consequência das nossas inaptidões.

Nelo de Carvalho*

Acusar a oposição de invadir um quartel das Forças Armadas Nacional, ou influenciar numa rebelião de revoltosos que há mais de dois anos não recebem seus salários, é desespero de um governo que sempre teve como agraciamento a burrice do próprio povo que governa ou então do humilde cidadão. É a burrice de quem se diz que tem em sua volta milhões de simpatizantes para corroborar tudo o que tem feito, quando na verdade o tudo tem despencado em direção ao inferno e à decadência.

É por isso, e outras coisas mais, incluindo a quantidade de substantivos abstratos referenciado no parágrafo anterior, que urge a necessidade de se dar um basta a tudo isso que vemos por aí: difamações, culpas, arrogâncias e mentiras. Em que os acusados estão sempre na mesma direção. A pergunta é a seguinte: se reservistas ou desmobilizados do exército estão há mais de dois anos sem receber seus vencimentos e/ou salários, de quem poderá ser a culpa de tais falhas? Por que é que o MPLA vive de presunção absoluta? Acreditando que tudo que acontece com o mesmo merece absolvição incondicional. Quem é – e onde está escrito- que pelo fato de serem os guerrilheiros do MPLA os libertadores do país, isso dá a eles uma espécie de direitos absoluto sobre tudo que há por de baixo dos céus de Angola?

Essa presunção -indiscriminada e abusiva- chega a ser uma falta de caráter de quem não sabe fazer política e habituou-se a todos os mimos na Arena Nacional. É além de tudo prova de que as coisas não andam bem. E, por isso, a culpa é de quem governa, é de quem diz -de maneira cínica, desrespeitosa e não convincente- que tudo faz para melhorar a situação da população. A culpa não pode ser de quem reclama, crítica ou, ainda, de quem por direito de legitimidade tem direito a vigiar. Vigiar e controlar os atos do executivo é função da oposição e de quem estiver disposto para dedicar-se a tal empreitada.

Um governo que historicamente ao se revelar incompetente tinha e tem como melhor estratégia de governação “ jogar tudo debaixo do tapete”, em que os resultados daquela estratégia sempre tiveram como objetivo único inocentar o chefe de tudo; e culpar ou vitimar até mesmo pessoas inocentes em nome de se salvar uma transparência; a transparência de quem sempre foi inepto e inqualificável para ser líder ou dirigente político; que, na verdade, chegou onde chegou por força do destino e de toda sorte do que por desempenho intelectual e destaque pela sua capacidade de criação política. Esse governo não tem direito de apontar inimigos, de desqualificar quem quer que seja, tergiversar fatos; porque as vítimas da desgovernanção e da má administração somos nós os governados.

José Eduardo dos Santos, além de uma farsa, retrata o fracasso de um povo, a derrota de uma nação diante do que se propôs e nunca alcançou: saúde, educação, emprego, direito a viver em suas terras sem serem considerados cidadãos de segunda categoria. E enquanto insistirem no sujeito, inútil, não haverá possível vitória. Uma coisa é o MPLA vencer diante de suas incompetências, a outra, é o povo Angolano sair vitorioso diante do que se propôs neste últimos trinta e cinco anos. Sabe-se que o MPLA tem vencido até diante daquela (a incompetência). E o povo? O povo angolano é o único derrotado diante das inépcias dos dirigentes do MPLA ou da direção magnanime e clarividente que esse partido gaba-se de ter.

Todos os momentos são momentos possíveis e adequados para se mudarem os destino desse país e se produzirem transformações necessárias. Até o dia 31 de agosto que aí vem pode ser um deles. É por isso que agora a quadrilha está preocupada. E vive acusando seus opositores e “disparando por todas as direções”. Vivem chamando de traidor quem no passado os apoio e agora não se convencem mais com suas falcatruas.

Ora vejamos, elementos das Forças Armadas ficam até dois anos sem receberem os seus vencimentos e salários, e ainda fazem acreditar a população que tudo isso é um complot de quem está na oposição. Que o mor chefe, o capitão da nau corrupta e cheio de bandidos, nada tem haver com isso. Só faltou mesmo, entre todos os culpados, culparem a minha avó ou mamãe, que todos os dias de manhã precisava e , talvez, ainda “precise” de se levantar cedo para ir à praça fazer os seus negócios e quitandas. Só vai faltar, incluindo nessas, culpar as kínguilas (as mulheres das vítimas) vítimas indiscutíveis desse sistema corrupto, que dá preferência as namoradas misseis, amantes concubinas na condição de prostitutas protagonizadoras da poligamia.

Num pais onde todo mundo é responsável pelos seus atos, e até pelos atos imundos de um governo boçal que só sabe procurar culpados além dos seus atos, faz-se tudo para se proteger e inocentar o chefe de uma seita. O pais inteiro, numa posição de inercia e de incapacidade de enxergar aonde está e vem o mal de todas as coisas, prefere sair, como sempre, caçar as “bruxas” como vítimas. Angola é um país de zumbis, uma nação neutralizada pelos vampiros chupa sangue, que têm, agora, e sempre, a capacidade de renascerem dos males que esses mesmos vampiros têm produzido a nação.

Não adianta mais acreditar num processo eleitoral justo e humano, em que as pessoas não são enganadas, um processo em que as pessoas só precisam votar – de preferência de forma direcionada, bitolada e todas elas enganadas, é uma espécie de estupro mental, em que a vítima não tem condições nunca de se defender- e quando tenta ainda por cima é constrangida. Assim é o MPLA com todo povo –de Cabinda ao Cunene-; assim é o MPLA com os seus “inimigos”; assim é o MPLA com o cidadão comum e o pacato cidadão.

Diante de tudo isso – pelo menos para esse formador de opinião-, precisamos entender que as próximas eleições não serão mais as eleições em que o cidadão precisará se definir ideológica ou mesmo politicamente. O MPLA foi vencido por todas as ideologias, sucumbiu diante delas. A prova é a adesão desse partido aos estilos e vícios burgueses de governança que em nada retratam as necessidades dos angolanos em geral. A prova é a existência de um Estado idealizado pelos corruptos e os criminosos que militam nesse partido – com a fachada de defenderem interesses nacionais- virados a defenderem interesses grupais.

As próximas eleições não podem ser vistas como as eleições do medo e da chantagem; não podem ser as eleições do cidadão revolucionário e do cidadão reacionário; ou, ainda -como sempre nos habituaram-, como quem é do MPLA e quem não é. É preciso deixar todo simbolismo de lado e clamar pela angolanidade.

Angolanidade aqui significa sermos pragmáticos diante dos problemas que atravessam o país. Esta angolanidade consiste na não diabolização do próximo que está vivo e diante de nós lutando pela mesma coisa. E quando digo os vivos, estou querendo ser explícito, dizendo: que Savimbi já morreu, Agostinho Neto já morreu e idem o velho Holdem Roberto. Mas nós, milhões de Angolanos, estamos vivemos e não queremos e nem merecemos viver só de simbolismo. Queremos mais do que isso: educação para os nossos filhos, saúde para as nossas mulheres e crianças e fazer com que os nossos olhos enxerguem as mesmas criaturas com alegria em vez de tristeza.

A luta pela mesma coisa não será possível se não tivermos em Angola poderes equilibrados e representativos para todas as forças políticas. A paz e a boa convivência entre os Angolanos passa por esse equilíbrio. Em que o MPLA não precisa mais ser visto como o dono do poder, ser onipresente e onipotente nos poderes que formam e pertencem a República de Angola. Por isso, chegou a hora não só de vencer a corrupção, mas de vencer também o próprio MPLA e todas as suas falcatruas e a direção que esse partido diz ter como exemplo.

O MPLA pode e tem direito de sobreviver, mas para isso precisa reconhecer que está atolado num lamaçal chamado José Eduardo dos Santos. Esse e todos os confrades da seita é e são os que deveram ser as vítimas das próximas eleições. O Povo angolano não tem porque se sentir culpado em penalizar o MPLA. Hoje penalizar esse partido é penalizar os corruptos e salvar os Estado da inercia viciosa em que foi levado pelo Presidente da República. É, sim, salvar a nação das ambições pessoais, das vaidades, do orgulho individual de certos indivíduos.

Quem merece a vitória final é o Povo e não o MPLA. Se o MPLA não se dá o trabalho de rejeitar os corruptos do seu seio, então, o povo tem obrigação moral e política de rejeitar o MPLA.




Um comentário:

  1. Adorei como tudo isso foi escrito, eu acredito que nós os Angolanos perdemos a esperança de lutar por falta de maturidade da maioria, carecemos de muitos problemas que ja deveria ser ultrapassados, eu nao me importo quem seja o presidente de angola, desde que abre a democracia e de mais direito de expressao, igualdade social, uma boa gerencia do erario publico, e ninguem deveria ficar mais de 2 mandatos no poder, mais acredito que uma Angola melhor a de vir, o medo paira sobre nós porque o sistema bloquea todos de opiniao diferente, se esquece que todos somos Angolanos e toda opinia ou critica sao validas e devem ser analisadas.

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