O PRI é o partido mexicano que governou o México por longos 71 anos. Um
regime de corrupção e bandidismo implantado por esse partido foi considerado
como uma ditadura perfeita pelo escritor peruano Mário Varga Llosa. O êxito!?
Nelo de Carvalho*
É porque o PRI surgiu como um Partido de Esquerda e de massas que
refletia os desejos dos camponeses e operários mexicanos nos anos vinte e
trinta. Mas seus instrumentos para lidar com adversários políticos e
influenciados pela guerra fria e a inspiração anticomunista que motivaram
massacres, perseguições, torturas, escândalos e difamações, transformaram o PRI
num partido criminoso que oscilava entre o Centro e a Direita quando assim
quisesse. Corroborado pela ideologia fascista e anticomunista que vinha do
Norte, o PRI sentiu-se estável e seguro para governar pelo tempo que quisesse;
fez do México, não só uma nação de corruptos e mafiosos, mas transformou o Povo
desta nação em um bando de imigrantes mercenários, dispostos a trocarem o pouco
de dignidade que o Povo mexicano conquistou em todas as suas lutas, até mesmo
contra a invasão que arrebatou mais da metade do seu território, pelo
território do Norte.
A diferença, entre o PRI e o MPLA, é que este chega a ser mais
autoritário sem mesmo cumprir a metade do tempo que aquele já governou. Este
acredita, erradamente, que todos angolanos têm uma suposta dívida pelas suas
vitórias alcançadas ao longo do tempo em que, estupidamente, mais da metade
desse tempo se auto proclamou representante legítimo da nação angolana. Sem
avaliar que muitos dos seus atos, também, poderiam se identificar com o
oportunismo; o oportunismo criminoso que sempre guiou os dirigentes desse país.
Para bem ou para mal, a nação angolana foi construída diante dessa ambição em
que oportunistas e criminosos, com a fachada de salvadores da pátria e o
populismo delinquente legitimou o Partido no poder.
O MPLA é assim, é a vitória não só do povo angolano ou o instrumento que
ajudou alcançar todas as nossas vitórias, incluindo as pessoais. Mas debaixo de
tudo isso –da saga coletiva e individual- é a vitória de um bando de
oportunistas e delinquentes, que hoje temem e rejeitam ser contestados. O MPLA
é, também, a vitória dos corruptos, dos generais semianalfabetos, transformados
em empresários que querem fazer de Angola o país do negro que só sabe mostrar
sua capacidade consumista. Sem se importarem que a riqueza de uma nação tem
como fonte a genialidade criativa dos seus cidadãos de criarem os próprios bens
que deverão consumir.
Os vigaristas estão aí, possivelmente ganhem as próximas eleições, e vão
esfregar mais na cara de todos, os angolanos, de que eles, melhor do que
ninguém, podem e merecem governar porque estão em situações melhor, incluindo
no combate à corrupção. A mentira é tão odiosa e descabida, que também hoje
vence diante de qualquer ação que se opõe contra a mesma. O PRI no México em 71
anos venceu batalhas desta forma com o autoritarismo e as mentiras. Aquelas e
estas se apoderam do MPLA em menos tempo, como já dissemos, fizeram desse
partido uma instituição insignificante diante dos verdadeiros valores,
princípios e ideologias que viu nascer o maior partido da história do nosso
continente, mas que hoje vale menos que os dólares dos corruptos que governam a
nação angolana.
Ganhe ou não ganhe as próximas eleições (mesmo porque para a nação isso
já não é importante), numa Angola sem alternativas, o MPLA não deixará
saudades, mas seus símbolos continuarão a representar o que há de melhor nesse
país: um povo incansável – até no combate à corrupção-; seus cidadãos ou povo
que nada têm a ver com a turma de larápios que dizem representar o mesmo; estes
( a turma), um bando de gente desprovida hoje de qualquer conteúdo, que o tempo
foi revelando e desmascarando.
Seus símbolos representarão as conquistas dos milhões de anônimos, que
mesmo sabendo ou não o que defendiam, ajudam e têm ajudado a construir uma
nação; e de tempo em tempo ( os mesmos símbolos) constrangerão, sim, a corja de
bandidos que se apoderaram de um poder que nunca lhes pertenceu: o Poder do
Povo!
O bom mesmo em tudo isso é que a história de um país como no México e em
Angola, também, não é só a história de Partidos corruptos. É a história também
de sua gente que tem capacidade de se ver no espelho ou até de não se deixar
enganar por um retrovisor mal posicionado. Posição esta sempre redefinida pela
máquina enganadora e inescrupulosa de um sistema que sabe transformar seus
adversários políticos em inimigos perigosos da nação.
Perigosos!? Esse não é o caso de quem se insurgiu contra a corrupção!
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